segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Parábola do Bom Samaritano




A Parábola do Bom Samaritano
Lucas 10.30-35



Antes de tecermos algum comentário sobre esta belíssima parábola do Bom Samaritano, convêm explicarmos o que significa uma parábola. Parábola é uma narrativa, imaginaria ou verdadeira que se apresenta com o fim de ensinar uma verdade.
Difere do provérbio neste ponto: não é a sua apresentação tão concentrada como a daquele, contém mais pormenores, exigindo menor esforço mental para se compreender.
E difere também da alegoria, porque esta personifica atributos e as próprias qualidades, ao passo que a parábola nos faz ver as pessoas na sua maneira de proceder, e, de viver.
Também difere da fábula, visto como aquela se limita ao que é humano e possível. O emprego contínuo que Jesus fez das parábolas está em perfeita concordância com o método de ensino ministrado ao povo no templo e na sinagoga. Os escribas e os doutores da Lei faziam grande uso das parábolas e da linguagem figurada, para ilustração das suas homilias. A parábola tantas vezes aproveitada por Jesus, no Seu ministério (Mc 4.34), servia para esclarecer os Seus ensinamentos, referindo-se à vida comum e aos interesses humanos, para patentear a natureza do Seu reino, e para experimentar a disposição dos Seus ouvintes (Mt 21.45; Lc 20.19). As parábolas do Salvador diferem muito umas das outras. Algumas são breves e mais difíceis de compreender. Algumas ensinam uma simples lição moral, outras uma profunda verdade espiritual, como esta que será motivo de nosso estudo.
O homem que descia de Jerusalém representa qualquer um de nós que, freqüentamos uma igreja confortavelmente acomodada em nossa religiosidade, afazeres e obras levando-nos a uma vida sonolenta e tediosa. Esta situação cômoda, muitas vezes abre oportunidades para desejos fora das linhas espirituais. Aquele homem por certo tinha todas as mordomias que uma igreja contemporânea, mas em sua caminhada de sonolência espiritual, ouvindo falar das delicias, luzes, cores e perfumes do mundo, resolveu deixar tudo, como fez o “filho pródigo”, saindo de Jerusalém* – que na época, como Atenas era o centro intelectual – foi tentar fazer um passeio fora da segurança e proteção de Jerusalém que representava a centro religioso, onde se encontrava o templo, lugar de adoração, louvor e gratidão ao Deus de Abrão, Isaque e Jacó, indo para Jericó – “Lugar de Fragrâncias”, dos perfumes dos sonhos e ilusões, chamada também de “Cidade das Palmeiras”. No tempo de Jesus era a segunda maior cidade da Judéia. Ali Jesus curou o cego Bartimeu. Lá em Jericó se encontrava o Palácio de inverno, um hipódromo e uma fortaleza todos construídos por Herodes o Grande! Era, portanto uma bela cidade cheia de atrativos.
Até Jericó havia dois caminhos, um era mais longo, mas era seguro, o outro era mais curto, mas perigoso denominado “caminho sangrento”, devido ao grande número de crimes horrendos! Tinha 27 km de extensão, uma descida íngreme de 1040 metros, desolada e muito perigosa infestada de assaltantes que não tinham respeito pela vida humana. Foi por este caminho que nosso personagem resolver visitar Jericó, que não contava com os salteadores que de modo cruel:
- O despojaram (significa, Roubar ou saquear como ato de guerra. O substantivo despojos refere-se aos objetos pilhados dessa forma).
- espancaram (significa bater com força em todos os partes do corpo).
- Se retiraram (significa foram embora como se aquilo fosse coisa natural ou de pequeno significado para eles).
- Deixando “meio morto”, para eles nada mais importava, já tinham alcançado seu objetivo.

Por aquela mesma estrada aparecem duas figuras de grande importância para a época, o Sacerdote e o Levita. Ambos representavam os homens comissionados por Deus para estender as mãos aos necessitados com altruísmo que seria sua marca registrada, mas foram egoístas e fugiram da responsabilidade, talvez por medo de serem também assaltados!
Ai aparece o personagem mais importante desta parábola o Samaritano, que ia de viagem, tinha um destino e um compromisso por certo não podia parar, não podia perder tempo porque “ia de viagem”, mas, vendo aquela cena, um homem caído, ensangüentado, sujo, ferido por todo o corpo, à primeira vista morto, não haveria mais nada a fazer, e, o Samaritano descendo de seu jumento:

- Chegou ao pé dele
- Vendo-o
- Moveu-se de íntima compaixão
- Aproximando-se
- Atou-lhe as feridas
- Deitando-lhe, azeite e vinho,
- Pos sobre sua cavalgadura
- Levou-o para a estalagem
- E cuidou dele
- Antes de partir
- Tirou dois dinheiros
- Deu-os ao hospedeiro
- Disse-lhe: cuida dele
- E tudo o que gastares te pagarei quando voltar!

Em resumo aquele homem que não estava comissionado a fazer tal serviço – como o sacerdote e o levita – mas, deixando seus afazeres tomou as providencias necessárias porque sabia que aquele homem ainda vivia e precisava de socorro, então:
1- Curou as feridas;
2- Usou o que de melhor Ele tinha – azeite e vinho – símbolos do Espírito Santo e do Sangue Purificador de Jesus;
3- Deu a ele o melhor meio de transporte – a sua própria condução
4- Levou-o para um abrigo seguro – a estalagem – figura da igreja!
5- Cuidou dele enquanto na UTI espiritual
6- Não o abandonou, mas deixou pago o suficiente para se recuperar – 2 dinheiros ou denários eram suficiente para 32 dias de hospedagem naquele hotel cinco estrêlas
7- Passou então a responsabilidade para àquele que acabara de dar “dois dinheiros” - ou talentos – para que continuasse a cuidar com zelo daquela alma preciosa
8- E prometeu tudo o mais que você gastar investir nesta vida preciosa eu te pagarei quando voltar!


Fica a questão para meditarmos:
1- Temos permanecido em nosso lugar – Jerusalém – (a igreja) ou temos sido instáveis ao ponto de desejar ir até Jericó – o mundo com suas ilusões?
2- Resolvemos ir até Jericó e fomos interceptados por Satanás que nos despojou de nossos melhores dons e talentos?
3- Estamos meio mortos?
4- Fomos rejeitados pela liderança?


Ou:
1- Temos recebido a atenção do Bom Samaritano e dado o devido valor a isso?
2- Ele curou nossas feridas e temos sido gratos por isso?
3- Temos dado graças pelo melhor lugar que Ele idealizou para nos proteger e nos manter restaurado?
4- Temos crido em suas promessas que Ele voltará?

Que o Senhor tenha misericórdia de nós quer sejamos líderes espirituais ou ovelhas do seu redil.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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ANTIGO TESTAMENTO






HISTÓRIA LITERÁRIA DO ANTIGO TESTAMENTO

A revelação de Deus à humanidade transmitiu-se, durante muitos séculos, através da tradição oral. A Escritura só começa a ganhar corpo a partir de David. Já antes de David existiam documentos orais ou escritos, como o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33), o Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21), o poema de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Moisés (Ex 15,1-18).

É também a partir do reinado de David-Salomão que se escreve uma das quatro “fontes” que se integrou no Pentateuco (a Javista), se inicia o Saltério por meio de David e a literatura sapiencial recebe o seu primeiro impulso.

Com a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel, ou Reino do Norte, e Judá, ou Reino do Sul. A história destes dois reinos encontra-se nos livros dos Reis. Em Israel aparecem os profetas Elias e Eliseu, defensores do culto a Javé; no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.), Amós e Oseias e a tradição “Eloísta” do Pentateuco. Em Judá, pouco depois de Amós e Oseias, surgem Isaías e Miqueias (ao profeta Isaías pertence só a primeira parte do Livro de Isaías: cap.1-39).

Em 722 a.C., o Reino do Norte cai sob o poder da Assíria e muitos habitantes fogem para Judá, levando consigo escritos e tradições sagradas; deste modo, unem-se duas das tradições do Pentateuco: a Javista e a Eloísta (Jeovista).

No tempo do rei Josias (640-609 a.C.), restaura-se o templo e procede-se a uma reforma religiosa: o Reino do Norte tinha desaparecido e o do Sul estava a ser castigado, porque tinham sido infiéis a Javé. É neste período e com esta perspectiva que aparecem os livros dos Juízes, Samuel e Reis.

Em 587 a.C., Nabucodonosor avança sobre Jerusalém, toma a cidade e leva para Babilónia, como reféns, muitos dos seus habitantes. É um momento importante na História do povo de Deus. Os sacerdotes, longe do templo, voltam às tradições antigas, dando-lhes um cunho litúrgico e cultual. São ainda eles que, depois do Deuteronómio, dão ao Pentateuco a sua forma definitiva.

Os judeus que tinham ficado na Palestina vêm chorar sobre as ruínas do templo e assim nascem as Lamentações, que a Vulgata, indevidamente, atribuiu a Jeremias. Ao mesmo tempo, um profeta anónimo, discípulo de Isaías (Segundo Isaías), conforta os desterrados na Babilónia (Is 40-55). Depois do regresso da Babilónia, são compostos os capítulos 56-66 de Isaías (Terceiro Isaías) e, no séc. V a.C., completa-se a obra com os capítulos 24-27 e 34-35 (Apocalipse de Isaías).

Em 538 a.C., de novo em Jerusalém, o Deuteronómio separa-se dos livros históricos e une-se ao Pentateuco; aparece Rute e os profetas Ageu e Zacarias. É também neste século que floresce a literatura sapiencial, editando-se o livro dos Provérbios e, pouco depois, o Livro de Job. Com a reconstrução do templo, nascem novos salmos e adaptam-se os antigos à nova liturgia.

No séc. IV a.C., já deveria estar completo o Saltério; nasce o Cântico dos Cânticos; escreve-se Jonas, que canta a providência e a salvação universal de Deus, e Tobias, que exalta a providência de cada dia. A historiografia deste século está representada por 4 livros: 1 e 2 das Crónicas (ou Paralipómenos), Esdras e Neemias, que são obra de um só autor, chamado Cronista.

No ano 333 a.C., com a conquista da Palestina por Alexandre Magno, começa, na literatura bíblica, o período helenista. Como reacção, nasce um novo género literário tipicamente hebreu: o midrache bíblico. Pertencem a este período o Eclesiastes (ou Qohélet) e Ben Sira (ou Eclesiástico).

Em 175 a.C., Antíoco IV obriga todos os seus súbditos a adoptar a vida e a religião dos gregos. Esta medida provoca a revolta dos Macabeus. É neste ambiente que Daniel publica um livro apocalíptico, para animar os seus compatriotas na luta. Anos depois (100 a.C.), aparece o livro de Ester, 1.° e 2.° dos Macabeus e o livro de Judite.

Enquanto os judeus da Palestina resistiam à helenização, alguns judeus de Alexandria procuraram assimilar o pensamento grego, sem sacrificar os seus valores próprios. Esta atitude exprime-se no livro da Sabedoria.




CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento é a parte mais longa da Bíblia. Constitui a lista oficial ou cânon de livros aceites como inspirados e referentes ao tempo da religião hebraica anterior ao cristianismo. Mas esta lista ou Cânon da Sagrada Escritura conheceu algumas divergências, já desde os tempos antigos. Tais divergências nascem das próprias vicissitudes da formação da Bíblia entre os antigos hebreus.

A Bíblia que tem a lista mais longa de livros, chamada dos Setenta, é, na verdade, a mais antiga e provém do judaísmo de Alexandria. Apresenta uma tradução dos textos bíblicos para o grego, feita nos três séculos imediatamente anteriores ao cristianismo.

Curiosamente, a lista mais recente é aquela que nos propõe apenas o texto original hebraico; a lista final dos livros desta Bíblia Hebraica foi fixada por uma assembleia de rabinos em Jâmnia, só pelos finais do séc. I a.C., e os critérios aí seguidos levaram a diminuir a lista de livros até então reconhecidos como pertencendo à Bíblia. Ficaram assim de fora, no todo ou em parte, alguns livros incluídos há séculos na Bíblia do judaísmo de Alexandria.

Por várias circunstâncias, nomeadamente pelo facto de estar na língua grega de uso internacional no Mediterrâneo oriental, depressa o cristianismo fez sua a Bíblia Grega da Tradução dos Setenta (LXX) e sempre aceitou sem grandes dificuldades o cânon do Antigo Testamento por ela apresentado. Entre os cristãos, a posição a tomar diante destes dois cânones só foi discutida mais significativamente depois da Reforma Protestante. Hoje em dia, as confissões protestantes em geral só aceitam os livros que pertencem ao cânon hebraico, o chamado “cânon curto”.

Os livros que se encontram a mais na lista grega judaica e cristã antiga são chamados deuterocanónicos (“apócrifos”, entre os protestantes) ou pertencentes ao “segundo cânon”, chamado “cânon longo”. Convencionou-se dar o nome de “primeiro cânon” à lista de livros que são coincidentes tanto na Bíblia Hebraica como na Bíblia Grega livros chamados protocanónicos.




NOMES DE DEUS

Nesta Bíblia adoptamos diferentes termos para os diferentes nomes de Deus no AT hebraico.




NOMES DE DEUS
Javé (Yhwh): Senhor (só no texto)
Adonay: Senhor
El: Deus
Elohim: Deus
Eliôn: altíssimo
El Eliôn: Deus altíssimo
… Sebaot: … do universo
Shadday: supremo
El Shadday: Deus Supremo
Adonay Yhwh: Senhor Deus



CONTEÚDOS E SECÇÕES

A actual lista de livros do Antigo Testamento foi, ao longo da sua história e tradição, organizada segundo princípios diferentes, daí resultando classificações que não são coincidentes.

As duas principais classificações representam, ainda hoje, as duas tradições da Bíblia Hebraica e da Bíblia Grega, no judaísmo antigo. A primeira divide o Antigo Testamento em Torá (Lei), Nebiîm (Profetas) e Ketubîm (Escritos); a segunda divide-o em Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos.

Apesar de as modernas traduções tenderem a utilizar sobretudo o texto hebraico da Bíblia, para estas divisões e para o ordenamento dos livros dentro do Antigo Testamento, é muito mais frequente seguirem o esquema da segunda, ou dos Setenta. É a que seguimos nesta edição, fazendo anteceder cada uma destas secções de uma Introdução própria.




Pentateuco

Livro do Génesis
Livro do Êxodo
Livro do Levítico
Livro dos Números
Livro do Deuteronómio
Livros Históricos

Josué
Juízes
Rute
1º de Samuel
2º de Samuel
1º dos Reis
2º dos Reis
1º das Crónicas
2º das Crónicas
Esdras
Neemias
Tobite
Judite
Ester
1º dos Macabeus
2º dos Macabeus
Livros Sapienciais

Job
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cântico dos Cânticos
Sabedoria
Ben Sira
Livros Proféticos

Isaías
Jeremias
Lamentações
Baruc
Ezequiel
Daniel
Oseias
Joel
Amós
Abdias
Jonas
Miqueias
Naum
Habacuc
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias