segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Parábola do Bom Samaritano




A Parábola do Bom Samaritano
Lucas 10.30-35



Antes de tecermos algum comentário sobre esta belíssima parábola do Bom Samaritano, convêm explicarmos o que significa uma parábola. Parábola é uma narrativa, imaginaria ou verdadeira que se apresenta com o fim de ensinar uma verdade.
Difere do provérbio neste ponto: não é a sua apresentação tão concentrada como a daquele, contém mais pormenores, exigindo menor esforço mental para se compreender.
E difere também da alegoria, porque esta personifica atributos e as próprias qualidades, ao passo que a parábola nos faz ver as pessoas na sua maneira de proceder, e, de viver.
Também difere da fábula, visto como aquela se limita ao que é humano e possível. O emprego contínuo que Jesus fez das parábolas está em perfeita concordância com o método de ensino ministrado ao povo no templo e na sinagoga. Os escribas e os doutores da Lei faziam grande uso das parábolas e da linguagem figurada, para ilustração das suas homilias. A parábola tantas vezes aproveitada por Jesus, no Seu ministério (Mc 4.34), servia para esclarecer os Seus ensinamentos, referindo-se à vida comum e aos interesses humanos, para patentear a natureza do Seu reino, e para experimentar a disposição dos Seus ouvintes (Mt 21.45; Lc 20.19). As parábolas do Salvador diferem muito umas das outras. Algumas são breves e mais difíceis de compreender. Algumas ensinam uma simples lição moral, outras uma profunda verdade espiritual, como esta que será motivo de nosso estudo.
O homem que descia de Jerusalém representa qualquer um de nós que, freqüentamos uma igreja confortavelmente acomodada em nossa religiosidade, afazeres e obras levando-nos a uma vida sonolenta e tediosa. Esta situação cômoda, muitas vezes abre oportunidades para desejos fora das linhas espirituais. Aquele homem por certo tinha todas as mordomias que uma igreja contemporânea, mas em sua caminhada de sonolência espiritual, ouvindo falar das delicias, luzes, cores e perfumes do mundo, resolveu deixar tudo, como fez o “filho pródigo”, saindo de Jerusalém* – que na época, como Atenas era o centro intelectual – foi tentar fazer um passeio fora da segurança e proteção de Jerusalém que representava a centro religioso, onde se encontrava o templo, lugar de adoração, louvor e gratidão ao Deus de Abrão, Isaque e Jacó, indo para Jericó – “Lugar de Fragrâncias”, dos perfumes dos sonhos e ilusões, chamada também de “Cidade das Palmeiras”. No tempo de Jesus era a segunda maior cidade da Judéia. Ali Jesus curou o cego Bartimeu. Lá em Jericó se encontrava o Palácio de inverno, um hipódromo e uma fortaleza todos construídos por Herodes o Grande! Era, portanto uma bela cidade cheia de atrativos.
Até Jericó havia dois caminhos, um era mais longo, mas era seguro, o outro era mais curto, mas perigoso denominado “caminho sangrento”, devido ao grande número de crimes horrendos! Tinha 27 km de extensão, uma descida íngreme de 1040 metros, desolada e muito perigosa infestada de assaltantes que não tinham respeito pela vida humana. Foi por este caminho que nosso personagem resolver visitar Jericó, que não contava com os salteadores que de modo cruel:
- O despojaram (significa, Roubar ou saquear como ato de guerra. O substantivo despojos refere-se aos objetos pilhados dessa forma).
- espancaram (significa bater com força em todos os partes do corpo).
- Se retiraram (significa foram embora como se aquilo fosse coisa natural ou de pequeno significado para eles).
- Deixando “meio morto”, para eles nada mais importava, já tinham alcançado seu objetivo.

Por aquela mesma estrada aparecem duas figuras de grande importância para a época, o Sacerdote e o Levita. Ambos representavam os homens comissionados por Deus para estender as mãos aos necessitados com altruísmo que seria sua marca registrada, mas foram egoístas e fugiram da responsabilidade, talvez por medo de serem também assaltados!
Ai aparece o personagem mais importante desta parábola o Samaritano, que ia de viagem, tinha um destino e um compromisso por certo não podia parar, não podia perder tempo porque “ia de viagem”, mas, vendo aquela cena, um homem caído, ensangüentado, sujo, ferido por todo o corpo, à primeira vista morto, não haveria mais nada a fazer, e, o Samaritano descendo de seu jumento:

- Chegou ao pé dele
- Vendo-o
- Moveu-se de íntima compaixão
- Aproximando-se
- Atou-lhe as feridas
- Deitando-lhe, azeite e vinho,
- Pos sobre sua cavalgadura
- Levou-o para a estalagem
- E cuidou dele
- Antes de partir
- Tirou dois dinheiros
- Deu-os ao hospedeiro
- Disse-lhe: cuida dele
- E tudo o que gastares te pagarei quando voltar!

Em resumo aquele homem que não estava comissionado a fazer tal serviço – como o sacerdote e o levita – mas, deixando seus afazeres tomou as providencias necessárias porque sabia que aquele homem ainda vivia e precisava de socorro, então:
1- Curou as feridas;
2- Usou o que de melhor Ele tinha – azeite e vinho – símbolos do Espírito Santo e do Sangue Purificador de Jesus;
3- Deu a ele o melhor meio de transporte – a sua própria condução
4- Levou-o para um abrigo seguro – a estalagem – figura da igreja!
5- Cuidou dele enquanto na UTI espiritual
6- Não o abandonou, mas deixou pago o suficiente para se recuperar – 2 dinheiros ou denários eram suficiente para 32 dias de hospedagem naquele hotel cinco estrêlas
7- Passou então a responsabilidade para àquele que acabara de dar “dois dinheiros” - ou talentos – para que continuasse a cuidar com zelo daquela alma preciosa
8- E prometeu tudo o mais que você gastar investir nesta vida preciosa eu te pagarei quando voltar!


Fica a questão para meditarmos:
1- Temos permanecido em nosso lugar – Jerusalém – (a igreja) ou temos sido instáveis ao ponto de desejar ir até Jericó – o mundo com suas ilusões?
2- Resolvemos ir até Jericó e fomos interceptados por Satanás que nos despojou de nossos melhores dons e talentos?
3- Estamos meio mortos?
4- Fomos rejeitados pela liderança?


Ou:
1- Temos recebido a atenção do Bom Samaritano e dado o devido valor a isso?
2- Ele curou nossas feridas e temos sido gratos por isso?
3- Temos dado graças pelo melhor lugar que Ele idealizou para nos proteger e nos manter restaurado?
4- Temos crido em suas promessas que Ele voltará?

Que o Senhor tenha misericórdia de nós quer sejamos líderes espirituais ou ovelhas do seu redil.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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ANTIGO TESTAMENTO






HISTÓRIA LITERÁRIA DO ANTIGO TESTAMENTO

A revelação de Deus à humanidade transmitiu-se, durante muitos séculos, através da tradição oral. A Escritura só começa a ganhar corpo a partir de David. Já antes de David existiam documentos orais ou escritos, como o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33), o Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21), o poema de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Moisés (Ex 15,1-18).

É também a partir do reinado de David-Salomão que se escreve uma das quatro “fontes” que se integrou no Pentateuco (a Javista), se inicia o Saltério por meio de David e a literatura sapiencial recebe o seu primeiro impulso.

Com a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel, ou Reino do Norte, e Judá, ou Reino do Sul. A história destes dois reinos encontra-se nos livros dos Reis. Em Israel aparecem os profetas Elias e Eliseu, defensores do culto a Javé; no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.), Amós e Oseias e a tradição “Eloísta” do Pentateuco. Em Judá, pouco depois de Amós e Oseias, surgem Isaías e Miqueias (ao profeta Isaías pertence só a primeira parte do Livro de Isaías: cap.1-39).

Em 722 a.C., o Reino do Norte cai sob o poder da Assíria e muitos habitantes fogem para Judá, levando consigo escritos e tradições sagradas; deste modo, unem-se duas das tradições do Pentateuco: a Javista e a Eloísta (Jeovista).

No tempo do rei Josias (640-609 a.C.), restaura-se o templo e procede-se a uma reforma religiosa: o Reino do Norte tinha desaparecido e o do Sul estava a ser castigado, porque tinham sido infiéis a Javé. É neste período e com esta perspectiva que aparecem os livros dos Juízes, Samuel e Reis.

Em 587 a.C., Nabucodonosor avança sobre Jerusalém, toma a cidade e leva para Babilónia, como reféns, muitos dos seus habitantes. É um momento importante na História do povo de Deus. Os sacerdotes, longe do templo, voltam às tradições antigas, dando-lhes um cunho litúrgico e cultual. São ainda eles que, depois do Deuteronómio, dão ao Pentateuco a sua forma definitiva.

Os judeus que tinham ficado na Palestina vêm chorar sobre as ruínas do templo e assim nascem as Lamentações, que a Vulgata, indevidamente, atribuiu a Jeremias. Ao mesmo tempo, um profeta anónimo, discípulo de Isaías (Segundo Isaías), conforta os desterrados na Babilónia (Is 40-55). Depois do regresso da Babilónia, são compostos os capítulos 56-66 de Isaías (Terceiro Isaías) e, no séc. V a.C., completa-se a obra com os capítulos 24-27 e 34-35 (Apocalipse de Isaías).

Em 538 a.C., de novo em Jerusalém, o Deuteronómio separa-se dos livros históricos e une-se ao Pentateuco; aparece Rute e os profetas Ageu e Zacarias. É também neste século que floresce a literatura sapiencial, editando-se o livro dos Provérbios e, pouco depois, o Livro de Job. Com a reconstrução do templo, nascem novos salmos e adaptam-se os antigos à nova liturgia.

No séc. IV a.C., já deveria estar completo o Saltério; nasce o Cântico dos Cânticos; escreve-se Jonas, que canta a providência e a salvação universal de Deus, e Tobias, que exalta a providência de cada dia. A historiografia deste século está representada por 4 livros: 1 e 2 das Crónicas (ou Paralipómenos), Esdras e Neemias, que são obra de um só autor, chamado Cronista.

No ano 333 a.C., com a conquista da Palestina por Alexandre Magno, começa, na literatura bíblica, o período helenista. Como reacção, nasce um novo género literário tipicamente hebreu: o midrache bíblico. Pertencem a este período o Eclesiastes (ou Qohélet) e Ben Sira (ou Eclesiástico).

Em 175 a.C., Antíoco IV obriga todos os seus súbditos a adoptar a vida e a religião dos gregos. Esta medida provoca a revolta dos Macabeus. É neste ambiente que Daniel publica um livro apocalíptico, para animar os seus compatriotas na luta. Anos depois (100 a.C.), aparece o livro de Ester, 1.° e 2.° dos Macabeus e o livro de Judite.

Enquanto os judeus da Palestina resistiam à helenização, alguns judeus de Alexandria procuraram assimilar o pensamento grego, sem sacrificar os seus valores próprios. Esta atitude exprime-se no livro da Sabedoria.




CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento é a parte mais longa da Bíblia. Constitui a lista oficial ou cânon de livros aceites como inspirados e referentes ao tempo da religião hebraica anterior ao cristianismo. Mas esta lista ou Cânon da Sagrada Escritura conheceu algumas divergências, já desde os tempos antigos. Tais divergências nascem das próprias vicissitudes da formação da Bíblia entre os antigos hebreus.

A Bíblia que tem a lista mais longa de livros, chamada dos Setenta, é, na verdade, a mais antiga e provém do judaísmo de Alexandria. Apresenta uma tradução dos textos bíblicos para o grego, feita nos três séculos imediatamente anteriores ao cristianismo.

Curiosamente, a lista mais recente é aquela que nos propõe apenas o texto original hebraico; a lista final dos livros desta Bíblia Hebraica foi fixada por uma assembleia de rabinos em Jâmnia, só pelos finais do séc. I a.C., e os critérios aí seguidos levaram a diminuir a lista de livros até então reconhecidos como pertencendo à Bíblia. Ficaram assim de fora, no todo ou em parte, alguns livros incluídos há séculos na Bíblia do judaísmo de Alexandria.

Por várias circunstâncias, nomeadamente pelo facto de estar na língua grega de uso internacional no Mediterrâneo oriental, depressa o cristianismo fez sua a Bíblia Grega da Tradução dos Setenta (LXX) e sempre aceitou sem grandes dificuldades o cânon do Antigo Testamento por ela apresentado. Entre os cristãos, a posição a tomar diante destes dois cânones só foi discutida mais significativamente depois da Reforma Protestante. Hoje em dia, as confissões protestantes em geral só aceitam os livros que pertencem ao cânon hebraico, o chamado “cânon curto”.

Os livros que se encontram a mais na lista grega judaica e cristã antiga são chamados deuterocanónicos (“apócrifos”, entre os protestantes) ou pertencentes ao “segundo cânon”, chamado “cânon longo”. Convencionou-se dar o nome de “primeiro cânon” à lista de livros que são coincidentes tanto na Bíblia Hebraica como na Bíblia Grega livros chamados protocanónicos.




NOMES DE DEUS

Nesta Bíblia adoptamos diferentes termos para os diferentes nomes de Deus no AT hebraico.




NOMES DE DEUS
Javé (Yhwh): Senhor (só no texto)
Adonay: Senhor
El: Deus
Elohim: Deus
Eliôn: altíssimo
El Eliôn: Deus altíssimo
… Sebaot: … do universo
Shadday: supremo
El Shadday: Deus Supremo
Adonay Yhwh: Senhor Deus



CONTEÚDOS E SECÇÕES

A actual lista de livros do Antigo Testamento foi, ao longo da sua história e tradição, organizada segundo princípios diferentes, daí resultando classificações que não são coincidentes.

As duas principais classificações representam, ainda hoje, as duas tradições da Bíblia Hebraica e da Bíblia Grega, no judaísmo antigo. A primeira divide o Antigo Testamento em Torá (Lei), Nebiîm (Profetas) e Ketubîm (Escritos); a segunda divide-o em Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos.

Apesar de as modernas traduções tenderem a utilizar sobretudo o texto hebraico da Bíblia, para estas divisões e para o ordenamento dos livros dentro do Antigo Testamento, é muito mais frequente seguirem o esquema da segunda, ou dos Setenta. É a que seguimos nesta edição, fazendo anteceder cada uma destas secções de uma Introdução própria.




Pentateuco

Livro do Génesis
Livro do Êxodo
Livro do Levítico
Livro dos Números
Livro do Deuteronómio
Livros Históricos

Josué
Juízes
Rute
1º de Samuel
2º de Samuel
1º dos Reis
2º dos Reis
1º das Crónicas
2º das Crónicas
Esdras
Neemias
Tobite
Judite
Ester
1º dos Macabeus
2º dos Macabeus
Livros Sapienciais

Job
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cântico dos Cânticos
Sabedoria
Ben Sira
Livros Proféticos

Isaías
Jeremias
Lamentações
Baruc
Ezequiel
Daniel
Oseias
Joel
Amós
Abdias
Jonas
Miqueias
Naum
Habacuc
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias

ANTIGO TESTAMENTO-Pentatelco,históricos,sapienciais e proféticos

Pentateuco

Da Bíblia Sagrada

Este nome grego significa “cinco rolos”, ou livros, e inclui Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio. A autoria do Pentateuco, tradicionalmente considerado como Lei de Moisés, foi atribuída a este grande líder do povo hebreu tanto pelo judaísmo como pelo cristianismo antigos. Hoje, sabe-se que nenhum destes livros se pode atribuir a um único autor e menos ainda a Moisés, pois todos tiveram uma história literária complexa, como veremos.

Para além desta referência a Moisés, os livros do Pentateuco têm uma certa sequência temática, pois descrevem as origens do povo de Israel até à sua definitiva instalação em Canaã. Nomeadamente: a origem da humanidade e do próprio povo hebreu na época patriarcal, a saída do Egipto e a longa travessia do deserto; é nesta última fase que aparecem enquadradas as leis fundamentais para a vida religiosa e social dos israelitas. Longas secções narrativas alternam com grandes conjuntos de leis.

O modo de escrever daquele tempo, misturando História, Direito e Liturgia, não coincide com o nosso modo de fazer História; ao mostrarem a intervenção de Deus nessa História, os autores do Pentateuco pretendem também apresentá-la como modelo da presença de Deus na História de cada povo.


FORMAÇÃO DO PENTATEUCO

segundo alguns estudiosos, o texto actual deste conjunto resultaria de uma história literária anterior, a que chamam “fontes” ou “documentos” conhecidos com o nome de Javista (J), Eloísta (E), Sacerdotal (P) e Deuteronomista (D).

De qualquer modo, o Pentateuco não foi escrito de uma só vez nem é obra de um único escritor. Foi escrito a partir de tradições orais e escritas que se foram juntando progressivamente e formando unidades maiores ao longo da história. A junção de todo o material só se deu na época pós-exílica, altura em que se pode falar da redacção final do Pentateuco. Certamente que o período à volta do Exílio influenciou a leitura de todo esse património histórico e religioso; mas, as tradições e outros materiais podem ser bastante antigos e manter, na sua forma final, os traços dessa antiguidade.

Provavelmente, o processo de formação dos cinco primeiros livros da Bíblia desenvolveu-se, nas suas linhas gerais, em vários períodos.

No início estaria um núcleo narrativo histórico bastante restrito, da época de Salomão. Este núcleo é depois retomado e ampliado por volta dos finais do séc. VIII a.C., recolhendo tradições e fragmentos do reino do Norte e relendo tradições antigas numa nova perspectiva.

No séc. VIII aparece o Deuteronómio primitivo, descoberto no tempo de Josias (622 a.C.) e incluindo essencialmente leis e um pequeno prólogo. É depois ampliado para dar o texto actual de Dt 1-28.

As questões levantadas pelo Exílio fazem aparecer a grande obra histórica «deuteronomista» que se vai elaborando ao longo de várias fases, integrando, de algum modo, todos os materiais já recolhidos anteriormente. Esta grandiosa reconstrução provoca uma série de retoques «deuteronomistas», ao longo de todo o texto do Pentateuco, que já estaria redigido.

No exílio da Babilónia aparece o «escrito sacerdotal primitivo», obra dos sacerdotes exilados.

Depois do regresso do Exílio, no séc. V, este escrito é combinado com os precedentes, retocado e aumentado nalguns aspectos e vai ocupar um lugar dominante no conjunto da narração. A esta redacção final se deve o termo de toda a trama narrativa na morte de Moisés e, logicamente, a delimitação do Pentateuco, separando o Deuteronómio do resto da história deuteronomista. Este trabalho deve ter sido concluído por volta do ano 400 a.C..


O PENTATEUCO E A HISTÓRIA DE ISRAEL

O Pentateuco recebeu inegáveis influências de todos estes documentos ou tradições e de muitos outros factores ligados à História e à religião de Israel. Mas, o que os autores do Pentateuco pretendem manifestar nesta História Sagrada não é tanto o povo com as suas virtualidades e peripécias históricas, mas o domínio absoluto de Deus sobre todas as coisas e sobre todas as instituições humanas, incluindo a realeza, que no Médio Oriente era considerada de origem divina. O poder vem de Deus e da sua Palavra, transmitida pelos seus intermediários.

Esta “Lei” não é um simples conjunto de leis humanas; é um “ensinamento” para viver segundo a vontade de Deus, um chamamento à perfeição e à santidade: «Porque Eu sou o Senhor que vos fez sair do Egipto, para ser o vosso Deus. Sede santos, porque Eu sou santo.» (Lv 11,45)

O Pentateuco é a Carta magna do judaísmo pós-exílico. Após esta difícil mas frutífera experiência, o Estado judaico, antes apoiado nas estruturas da monarquia davídica, passa a reger-se unicamente pela “Lei” de Deus e deixa-se orientar pelos que detêm o monopólio do culto, os sacerdotes. Uma comunidade monárquica transforma-se numa comunidade cultual em honra do Deus da Aliança. São os sacerdotes que editam e reeditam a Lei.

Sendo uma História Sagrada em que se manifesta a presença do Deus da Aliança na vida do seu povo, o Pentateuco desenvolve-se a partir de três factores principais: a epopeia do Êxodo, a Lei do Sinai e a fé num Deus único. Por isso, mais tarde, e diferentemente de outros povos, Israel não necessitou da monarquia para sobreviver.


LEITURA CRISTÃ DO PENTATEUCO

O Pentateuco é uma história nunca terminada, mas sempre aberta às infinitas possibilidades do Senhor da História. Podemos, pois, dizer que o resto do Antigo Testamento é, de algum modo, uma releitura contínua do Pentateuco à luz de novos acontecimentos da História de Israel e do mundo que o rodeia.

Mas o Pentateuco também aponta para um novo Êxodo, para uma outra Terra Prometida, para uma outra presença de Deus Jesus Cristo. Ele é a nova Lei, a nova manifestação de um Deus que nunca cessa de renovar a Aliança com o seu povo. Cristo e os primeiros discípulos leram o Pentateuco como uma história aberta que se completa na vinda do Messias. A partir daí, a relação do homem com Deus já não passa pela observância material da Lei, mas pelo seguimento de Cristo. Porém, aquilo que se põe de lado não é o Pentateuco, mas apenas a interpretação fechada que dele fez o judaísmo rabínico.

Assim, o Pentateuco não só não impede, mas ajuda a compreensão de Cristo e do seu Evangelho: ao lê-lo, pensamos no Evangelho, e quando lemos o Evangelho, encontramos as suas raízes no Pentateuco; não se pode ler os mandamentos da Lei, sem os comparar com os mandamentos da Nova Lei as Bem-aventuranças. Os cristãos reconhecem em Cristo a Palavra de Deus encarnada, e no Evangelho, a Nova Lei; Lei que não vem abolir a antiga, mas dar-lhe toda a perfeição (Mt 5,17-18). Cristo, de que Moisés era apenas uma figura, veio fundar um novo povo, uma nova comunidade, liberta na Páscoa da sua Paixão-Ressurreição. Numa palavra, Cristo é, para os seus discípulos, a nova Lei, a nova Páscoa, o novo Templo de Deus entre os homens (Jo 2,21; Ap 21,3.22), a nova Aliança, não apenas com um povo, mas com toda a Humanidade.


Pentateuco










Livros Históricos

Da Bíblia Sagrada

A sequência dos livros da Bíblia tem vários traços de uma longa parábola histórica e o interesse pela História já estava bastante presente nos livros do Pentateuco. Mas é costume chamar Livros Históricos a um conjunto que vem depois do Pentateuco. Na verdade, só se consegue fazer uma História de Israel em sentido actual a partir da instalação do povo em Canaã. E esse facto da actual historiografia coincide com a classificação tradicional do referido conjunto, que inclui os livros seguintes:

Josué, que apresenta a entrada dos hebreus na terra de Canaã, como quem vai tomar solenemente posse de uma herança que lhe fora atribuída. É uma construção simbólica, não representando inteiramente os acontecimentos históricos reais, como se pode ver no livro dos Juízes.

Juízes, de facto, mostra-nos uma entrada bastante mais dispersa das tribos em Canaã e dominando muito mais lentamente o conjunto do território. Por outro lado, descreve-nos as vicissitudes e a insegurança da vida levada por essas tribos, numa época ainda distante do tempo da monarquia.

Rute é um romance histórico situado na época dos Juízes, mas sobretudo um livro contra a xenofobia que marcou épocas mais tardias do judaísmo.

A mais representativa e formal sequência historiográfica deste período, que já começara com Josué e Juízes, integra ainda o grande conjunto de 1.° e 2.° de Samuel e 1.° e 2.° dos Reis. A sua redacção final parece ter-se inspirado já claramente na mentalidade deuteronomista; por isso, costuma chamar-se-lhe a “Historiografia deuteronomista”. Com ela pretendeu-se fazer o exame de consciência da História nacional após o desastre do fim da monarquia.

Mais tarde, os livros 1.° e 2.° das Crónicas retomam toda a História de Israel desde as origens, ou por meio de genealogias e sínteses históricas, ou relembrando alguns episódios coincidentes e outros complementares aos assuntos que tinham aparecido narrados na História deuteronomista.

Esdras e Neemias contam alguns episódios relativos à restauração do povo de Israel e da cidade de Jerusalém, depois do regresso da Babilónia. No entanto, a historiografia sobre esta época, marcada pelo domínio persa, ficou bastante aquém da sua importância no aparecimento da Bíblia.

Tobias oferece-nos, com um quadro familiar notável, as dificuldades de viver a piedade em condições sociais e políticas adversas.

Ester descreve um drama de colorido algo semelhante, mas alargado à experiência de todo o povo, que se vê ameaçado de destruição e consegue, no fim, cantar vitória.

Judite é um romance histórico; simboliza a capacidade de resistência aos inimigos, na época da luta contra os Selêucidas (séc. II a.C.).

O 1.° e 2.° Livro dos Macabeus espelham, por meio de uma historiografia muito ao gosto da época helenista, a luta dos judeus para conseguirem libertar-se da política opressora dos Selêucidas. São o último bloco historiográfico dentro da Bíblia.


Livros Históricos

Livros Sapienciais

Da Bíblia Sagrada

O termo “Sabedoria” tem uma vasta gama de significados. Pode ser descrito como aplicação da mente à aquisição de conhecimentos, a partir da experiência humana; habilidade prática no exercício de uma actividade profissional ou para fugir a situações de perigo; prudência na linguagem e no comportamento; discernimento em ajuizar aquilo que é bom ou mau para o ser humano; capacidade para detectar as formas de sedução e de engano.


A SABEDORIA

A sabedoria é, pois, um conhecimento baseado na experiência acumulada ao longo da vida e enriquecida através de várias gerações, que se fixou gradualmente em máximas, sentenças e provérbios breves e ritmados, recheados de imagens ou comparações.

O povo de Deus apercebeu-se da importância que a sabedoria tinha para a vida, pois não era possível regulamentar todas as áreas da vida apenas pela lei de Moisés e pela palavra dos profetas. Havia, portanto, espaços a preencher por opções e iniciativas pessoais. Daí ser preciso adquirir conhecimentos e capacidade crítica para avaliar pessoas e coisas, situações e acontecimentos da vida.

Confrontando o conjunto da sabedoria de Israel com outros corpos literários do AT, não será difícil verificar que os Livros Sapienciais formam um mundo à parte, caracterizado pela fé na sabedoria divina que rege o universo e cada pessoa em particular.

No âmbito sapiencial, o centro de interesse e de atenção desloca-se do povo, enquanto tal, para o indivíduo; da História, para a vida quotidiana; da situação peculiar de Israel, para a condição humana universal; das vicissitudes históricas do povo da Aliança, para a existência no mundo enigmático da criação; das intervenções prodigiosas de Deus, para as relações entre causa e efeito; da esfera da Lei e do culto, para o mundo das opções livres e da iniciativa pessoal; da autoridade de Deus, para a esfera da experiência e da tradição humana; dos oráculos dos profetas, proclamados como palavra de Deus, para o uso de todos os recursos da razão e da prudência, em ordem à orientação da própria vida; da imposição da Lei, para a força persuasiva do conselho e da exortação; do castigo, apresentado como sanção externa, para a consequência negativa, resultante de uma escolha errada ou de um acto insensato.

A sabedoria divina, cósmica, é aquilo que em hebraico se chama “hokmah”; mas o seu conceito pode também ser expresso por “sedaqah” = “justiça”.

Ao contrário da palavra profética, a sabedoria exige o empenho de todas as capacidades e dons de que o ser humano dispõe (Sir 15,14-20; 17,1-14). Mais do que procedendo do alto, como a Lei, a Profecia e a própria História, a sabedoria surge e cresce a partir de baixo, ou seja, da experiência humana. Sábio é quem sabe adaptar-se a esse sistema cósmico, descobrir o seu mecanismo operativo e entrar na sua essência. “Insensato”, ou mesmo “ímpio”, é quem não descortina as regras desse jogo ou não se interessa por elas.


ORIGEM

A reflexão sapiencial deve ter acompanhado o ser humano desde os seus primórdios. Contudo, certas épocas históricas privilegiaram a recolha de tradições e impeliram as novas formulações sapienciais.

A origem do pensamento sapiencial em Israel é tradicionalmente relacionada com a figura de Salomão (1 Rs 3,4-15; 5,9-14), que se tornou protótipo de todos os Sábios. Ele organizou a sua corte em conformidade com o modelo das cortes de outros países mais evoluídos, especialmente o Egipto; promoveu intensas relações políticas e comerciais com os povos vizinhos. Ora isso exigia uma preparação adequada dos funcionários de Israel, tanto a nível central como local, em escolas apropriadas de carácter sapiencial, também à semelhança do que já existia junto de outros povos. Foi Salomão que protagonizou toda essa dinâmica em Israel. Por isso, não é de admirar o facto de lhe terem sido atribuídas obras do género sapiencial muito recentes, que, efectivamente, nada têm a ver com ele. Era o costume antigo da pseudo-epigrafia, que se verifica em muitos casos da Bíblia.

Nos tempos a seguir ao exílio da Babilónia procedeu-se à recolha e fixação do património religioso e cultural de Israel. Da recolha, fixação e ordenamento de todo esse material viriam a surgir os grandes blocos literários do AT, dentre as quais algumas colecções de provérbios. Era necessário preservar a identidade religiosa e cultural de um pequeno povo e relançar a esperança num futuro bem melhor, perante as ameaças de outras culturas dominantes, como a babilónica e, mais tarde, a grega. A esse respeito, é emblemática a passagem de Ne 8,1-8, em que sacerdotes e levitas instruem o povo sobre a lei de Deus. Os homens do culto tornam-se homens do livro. Os profetas estão já em vias de desaparecimento. A palavra de Deus e a sua vontade passaram a ser procuradas no livro, nos textos escritos. Por isso, os responsáveis têm que se dedicar ao estudo, à reflexão, à cultura e à escola. É neste clima de exigência intelectual, onde também aparecem escribas leigos, que se desenvolve a reflexão sapiencial, outrora apanágio do ambiente da corte e dos funcionários do Estado.

Na investigação e procura da sabedoria, Israel não foi totalmente original. Este pequeno povo soube assimilar a sabedoria dos povos vizinhos, sobretudo o Egipto e a Mesopotâmia, e adaptá-la segundo a perspectiva da sua própria experiência religiosa.


OS LIVROS

Os livros resultantes da compilação dos antigos provérbios e das novas reflexões sapienciais recebem o nome de Sapienciais porque ensinam a sabedoria como arte de viver. Job, Salmos, Provérbios, Eclesiastes (ou Qohélet), Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Ben Sira (ou Eclesiástico) constituem esse conjunto. Os Salmos são um livro de características especiais, embora integrado neste conjunto.

Ao analisar o conjunto dos Livros Sapienciais do AT, verifica-se uma diferença formal, que acabará por conduzir a uma particularização no próprio conteúdo. Trata-se da distinção entre a sabedoria proverbial e a tratadística ou intelectual. A primeira exprime, em frases breves, verdades universais ou condicionadas por determinadas situações. Geralmente são máximas compostas de um só versículo em duas partes ou dísticos (existem, por vezes, unidades maiores) e encontram-se mais nos livros dos Provérbios, de Ben Sira e em parte do Eclesiastes e da Sabedoria. O seu objectivo é oferecer observações sobre a vida concreta. Seguindo tais instruções, o homem adapta-se à ordem social, que é o reflexo da ordem cósmica.

Esta forma de sabedoria não se ocupa das coisas últimas da existência humana, mas assume o pragmatismo e a crítica face à sociedade em que se desenvolve. A sociedade é considerada como um facto consumado que o sábio não pretende mudar, mas apenas adaptar-se a ela, descobrindo as suas regras do jogo. É uma atitude que difere profundamente da posição assumida pelos profetas da época anterior ao Exílio; mas não se trata de uma atitude alheia à fé.

Diferente é o conteúdo da sabedoria tratadística, que, por vezes, como em Job, assume a forma de diálogo, ou a de um monólogo-confissão, como no Eclesiastes. Ocupa-se essencialmente de problemas fundamentais da existência humana. E a solução que ambos propõem submeter-se aos planos de Deus é tipicamente israelita, mesmo se desligada de qualquer enquadramento histórico. Assim, vemos semelhanças entre Provérbios e Ben Sira. Também Job e Eclesiastes se assemelham no seu temperamento inconformista. A Sabedoria, por seu lado, é uma espécie de enclave tardio, do âmbito cultural grego.

O mundo que o sábio procura conhecer é o mesmo que foi criado por Deus: um mundo que não é fundamentalmente hostil, porque foi criado bom desde o princípio (Gn 1); um mundo que se submete a Deus e do qual o próprio homem é constituído senhor (Gn 1,3-31). A principal preocupação dos Sábios é o destino pessoal dos indivíduos. Daí a importância dada ao problema da retribuição. Mas os Sábios, que tanto apelam à experiência, têm que enfrentar situações de contradição na própria esfera da experiência. É o confronto dramático entre Job e os seus amigos, com estes a defenderem a tese tradicional de que a justiça ou sabedoria leva automaticamente à felicidade, ao passo que a injustiça conduz à ruína. Perante o problema do justo infeliz, não há resposta que satisfaça a compreensão humana. Contudo, o livro sugere que, apesar de tudo, é preciso aderir a Deus pela fé.

Também o livro do Eclesiastes, embora com uma perspectiva diferente de Job, realça a insuficiência das respostas tradicionais ao problema do justo infeliz, dentro da perspectiva terrena; mas não admite que a felicidade possa ser exigida como algo devido necessariamente ao homem, pois não se pode pedir contas a Deus.

Ben Sira assume plenamente a doutrina tradicional dos Provérbios e exalta a felicidade do sábio (Sir 14,20-15,10); mas sente-se perturbado perante a ideia da morte e intui que, afinal, tudo depende dessa última hora (Sir 11,26).

Foi o livro da Sabedoria, originário do ambiente cultural grego onde a filosofia platónica proporcionava a ideia da imortalidade espiritual, sem a necessária ligação com o elemento material que veio afirmar pela primeira vez e de um modo explícito: «Deus criou o homem para a imortalidade» (Sb 2,23). Um novo caminho se abre à reflexão sapiencial sobre o destino do justo infeliz: depois da morte, a alma fiel gozará de uma felicidade eterna junto de Deus, enquanto os ímpios receberão o devido castigo (Sb 3,1-12).

É sintomática a insistência dos sábios de Israel na ideia do temor de Deus, sobretudo no período mais tardio: «O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.» (Pr 1,7) É que, sem o temor de Deus, qualquer tipo de sabedoria perde o seu próprio fundamento e, por isso, a sua validade para uma recta condução da vida.


PERSONIFICAÇÃO DA SABEDORIA

Na fase do desenvolvimento sapiencial anterior ao Exílio, a sabedoria parece limitar-se ao âmbito da experiência histórica e religiosa de Israel.

Mas, depois do Exílio verifica-se uma evolução substancial: a partir daí, a sabedoria tende a ser considerada como uma realidade autónoma, distinta de Deus e do homem. Quer dizer: começa a surgir um processo da personificação da sabedoria. Para além de uma sabedoria proverbial, que regula com sucesso a vida do homem, os sábios começam a desvendar e a admirar uma sabedoria observável a partir da ordem, harmonia e movimento do Universo. É o que o livro do Génesis no capítulo 1 apresenta em linguagem catequética, e os Salmos Sl 8,19 e Sl 104 apresentam em forma de oração.

O próprio livro do Deuteronómio fala de «leis tão sábias» dadas a Israel que provocam a admiração dos outros povos vizinhos (Dt 4,5-8). Ben Sira chega mesmo a identificar a sabedoria com a lei do Altíssimo (Sir 24,22-23) e diz que a sabedoria estabelece a sua morada em Israel sob a forma de lei (Sir 24,8). Também o livro dos Provérbios fala da sabedoria presidindo à obra da criação (Pr 8,25-36). Trata-se sempre da mesma sabedoria que leva o homem ao encontro com o universo de Deus e ao encontro com o Deus do Universo.

A apresentação da sabedoria como um ser distinto de Deus e do homem, que age por si ou seja, como uma pessoa mais do que qualquer outra coisa ou aspectos, quer sobretudo realçar a preciosidade e autenticidade dessa mesma sabedoria. Temos aqui algo que ultrapassará os limites da simples personificação literária, mas que ainda não chega verdadeiramente ao conceito de “hipóstasis”, guardando o seu mistério, que o Novo Testamento virá, em parte, desvendar.

No prólogo dos Provérbios, vemos a sabedoria a convidar para a sua mesa (Pr 9,1-6); a ameaçar quem a rejeita, porque a vida ou a morte do homem depende da sua capacidade de acolher ou de rejeitar a sabedoria (Pr 8,25-36). Ela pertence à esfera de Deus: só Ele a possui verdadeiramente e pode enviá-la como companheira e amiga do homem. É por isso que Ben Sira e o autor do livro da Sabedoria se dirigem a Deus em atitude de oração, pedindo o dom da sabedoria (Sb 8,21; Sir 39,5-6).


LEITURA CRISTÃ

Por meio dos sábios, e num ambiente de mentalidade sapiencial, Israel faz uma leitura do seu passado histórico, perscrutando a sabedoria de Deus em acção na vida das grandes personagens do passado (Sir 44-50), conduzindo o povo no período mais significativo da sua História: o Êxodo (Sb 10-12; 16-19).

Em síntese, mediante a aplicação da inteligência e da reflexão, a sabedoria acaba por constituir a mentalidade dominante no Judaísmo do pós-exílio, recuperando e actualizando, tanto o património peculiar de Israel enquanto povo da aliança, como a sua experiência humana mais vasta, comum a outros povos da região do Médio Oriente.

Esta teologia sobre a sabedoria prepara já o ambiente para o NT, onde Jesus aparece como aquele que é «mais sábio do que Salomão» (Mt 12,42), a «sabedoria de Deus» (1 Cor 1,24.30), o único meio de salvação para todos (Jo 14,6), porque Ele é a sabedoria incriada que incarnou no seio da humanidade.


Livros Sapienciais

Livros Proféticos

Da Bíblia Sagrada

Os Livros Proféticos recebem o seu nome do facto de cada um deles aparecer encabeçado pelo nome de um profeta, o qual, podendo não ser sempre o autor de todo o texto, é, pelo menos, a figura histórica que lhe dá a sua personalidade. O profetismo é um fenómeno cujas raízes se estendem pelo Médio Oriente Antigo. Tem a ver, por um lado, com experiências religiosas e místicas fora do comum (veja-se, nomeadamente, 1 Sm 19,20-24); e, por outro, com um olhar penetrante e capaz de intuir ou receber a comunicação de verdades profundas (Nm 24,3-4), ou com a autoridade na transmissão dessas verdades em nome de Deus (Jr 1,17-19).


PROFETISMO E PROFETA

Dentro da própria Bíblia nota-se que o fenómeno do profetismo se formou de muitos elementos e experiências que foram evoluindo e criando um conceito enriquecido de vários matizes, capazes de conter até alguns contrastes (Zc 13,2-6). A variedade de nomes utilizados para o exprimir é um sinal claro disso; e o nome que ficou a ser mais utilizado (nabi) não é, afinal, o mais claro de todos os que existiam para designar tal conceito.

Talvez as duas conotações mais marcantes de profeta sejam a de “vidente” e a de “porta-voz” que transmite certa mensagem em nome de outro. O termo “profeta”, usado em português, deriva do grego e sublinha esta segunda ideia, isto é, alguém que fala como porta-voz de outro.

Na Bíblia, o conceito de profeta aparece também aplicado a muitas outras figuras, cujos nomes não constam da lista definitiva dos livros sagrados.

A Bíblia hebraica chama “profetas anteriores” ou antigos a uma grande parte dos livros que nós classificamos, na peugada dos Setenta, como livros históricos; e “profetas posteriores”, ao conjunto de livros cuja autoria, de algum modo, se atribui a um profeta. Aqueles que designamos aqui por Livros Proféticos são as obras dos chamados “profetas escritores”, se bem que a questão da autoria, como dissemos, não seja linear e tenha de ser estudada caso a caso e em pormenor.


LIVROS

No Antigo Testamento, estes profetas costumam ser divididos em dois grupos: “Profetas Maiores” e “Profetas Menores”, segundo a sua extensão e a importância que foi atribuída a cada um deles.

“Profetas Maiores”. São Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. O Livro das Lamentações aparece como uma espécie de prolongamento do livro de Jeremias, embora já não se costume traduzir o parágrafo inicial da tradução grega que o atribuía expressamente a Jeremias. Como um segundo anexo a Jeremias temos o livro profético de Baruc; faz parte dos livros “deuterocanónicos” e é atribuído a um secretário de Jeremias, de nome Baruc.

Isaías, Jeremias e Ezequiel são identificáveis como três figuras históricas de profetas dos séculos VIII, VII e VI, respectivamente, com notórias e decisivas intervenções na cena histórica, especialmente os dois primeiros.

Daniel aparece na tradição da Bíblia grega entre os “Profetas Maiores”; mas na Bíblia Hebraica é classificado entre os “Escritos”, dando a entender que é visto como um género de literatura diferente da dos profetas. E é realmente diferente, apesar de ter muitos pontos de convergência.

“Profetas Menores”. Alguns apresentam-se como figuras historicamente mais definidas; é o caso de Oseias, Amós, Miqueias, Ageu e Zacarias. De outros, como Joel, Abdias, Naum, Habacuc, Sofonias e Malaquias, pouco se sabe ao certo, podendo mesmo acontecer que alguns sejam apenas nomes simbólicos da própria obra literária ou da respectiva mensagem.

Jonas também aparece na Bíblia grega entre os “Profetas Menores”; mas, na Bíblia hebraica, faz parte dos “Escritos”. De facto, além da narração contida no livro, historicamente nada mais se sabe acerca da personagem de quem recebe o nome.


Livros Proféticos

ANTIGO TESTAMENTO
















Introdução:


Antigo Testamento
Da Bíblia Sagrada
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A formação da Sagrada Escritura foi lenta e muito complicada. A maior parte dos seus livros são obra de muitas mãos e a composição de alguns deles durou séculos. Assim, o Pentateuco, marcado pelo cunho de Moisés, só conheceu a forma definitiva muitos séculos depois da sua morte (séc. V a.C.); a literatura profética, iniciada com Amós e Oseias (séc. VIII a.C.), terminou com Joel e Zacarias (séc. IV a.C.); os livros históricos, embora contendo tradições do séc. XIII a.C., foram escritos aproximadamente entre os séc. V e I a.C.; e a literatura sapiencial, iniciada com Salomão (séc. X a.C.), só a partir do séc. V a.C. recebeu a sua forma definitiva e alguns livros são do limiar do Novo Testamento.

Portanto, a ordem dos livros que a Bíblia apresenta não é histórica, mas lógica; e a atribuição do Pentateuco a Moisés, dos Salmos a David, dos livros sapienciais a Salomão e dos 66 capítulos do Livro de Isaías a este profeta não corresponde à realidade, mas é uma simplificação da História. Se quisermos captar o verdadeiro sentido dos textos, não podemos contentar-nos com esta simplificação, pois cada um deles tem o seu contexto vivo, do qual não pode ser separado. Por isso, antes de passarmos a outros problemas, vamos tentar resumir a história da formação dos livros sagrados.




HISTÓRIA LITERÁRIA DO ANTIGO TESTAMENTO

A revelação de Deus à humanidade transmitiu-se, durante muitos séculos, através da tradição oral. A Escritura só começa a ganhar corpo a partir de David. Já antes de David existiam documentos orais ou escritos, como o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33), o Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21), o poema de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Moisés (Ex 15,1-18).

É também a partir do reinado de David-Salomão que se escreve uma das quatro “fontes” que se integrou no Pentateuco (a Javista), se inicia o Saltério por meio de David e a literatura sapiencial recebe o seu primeiro impulso.

Com a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel, ou Reino do Norte, e Judá, ou Reino do Sul. A história destes dois reinos encontra-se nos livros dos Reis. Em Israel aparecem os profetas Elias e Eliseu, defensores do culto a Javé; no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.), Amós e Oseias e a tradição “Eloísta” do Pentateuco. Em Judá, pouco depois de Amós e Oseias, surgem Isaías e Miqueias (ao profeta Isaías pertence só a primeira parte do Livro de Isaías: cap.1-39).

Em 722 a.C., o Reino do Norte cai sob o poder da Assíria e muitos habitantes fogem para Judá, levando consigo escritos e tradições sagradas; deste modo, unem-se duas das tradições do Pentateuco: a Javista e a Eloísta (Jeovista).

No tempo do rei Josias (640-609 a.C.), restaura-se o templo e procede-se a uma reforma religiosa: o Reino do Norte tinha desaparecido e o do Sul estava a ser castigado, porque tinham sido infiéis a Javé. É neste período e com esta perspectiva que aparecem os livros dos Juízes, Samuel e Reis.

Em 587 a.C., Nabucodonosor avança sobre Jerusalém, toma a cidade e leva para Babilónia, como reféns, muitos dos seus habitantes. É um momento importante na História do povo de Deus. Os sacerdotes, longe do templo, voltam às tradições antigas, dando-lhes um cunho litúrgico e cultual. São ainda eles que, depois do Deuteronómio, dão ao Pentateuco a sua forma definitiva.

Os judeus que tinham ficado na Palestina vêm chorar sobre as ruínas do templo e assim nascem as Lamentações, que a Vulgata, indevidamente, atribuiu a Jeremias. Ao mesmo tempo, um profeta anónimo, discípulo de Isaías (Segundo Isaías), conforta os desterrados na Babilónia (Is 40-55). Depois do regresso da Babilónia, são compostos os capítulos 56-66 de Isaías (Terceiro Isaías) e, no séc. V a.C., completa-se a obra com os capítulos 24-27 e 34-35 (Apocalipse de Isaías).

Em 538 a.C., de novo em Jerusalém, o Deuteronómio separa-se dos livros históricos e une-se ao Pentateuco; aparece Rute e os profetas Ageu e Zacarias. É também neste século que floresce a literatura sapiencial, editando-se o livro dos Provérbios e, pouco depois, o Livro de Job. Com a reconstrução do templo, nascem novos salmos e adaptam-se os antigos à nova liturgia.

No séc. IV a.C., já deveria estar completo o Saltério; nasce o Cântico dos Cânticos; escreve-se Jonas, que canta a providência e a salvação universal de Deus, e Tobias, que exalta a providência de cada dia. A historiografia deste século está representada por 4 livros: 1 e 2 das Crónicas (ou Paralipómenos), Esdras e Neemias, que são obra de um só autor, chamado Cronista.

No ano 333 a.C., com a conquista da Palestina por Alexandre Magno, começa, na literatura bíblica, o período helenista. Como reacção, nasce um novo género literário tipicamente hebreu: o midrache bíblico. Pertencem a este período o Eclesiastes (ou Qohélet) e Ben Sira (ou Eclesiástico).

Em 175 a.C., Antíoco IV obriga todos os seus súbditos a adoptar a vida e a religião dos gregos. Esta medida provoca a revolta dos Macabeus. É neste ambiente que Daniel publica um livro apocalíptico, para animar os seus compatriotas na luta. Anos depois (100 a.C.), aparece o livro de Ester, 1.° e 2.° dos Macabeus e o livro de Judite.

Enquanto os judeus da Palestina resistiam à helenização, alguns judeus de Alexandria procuraram assimilar o pensamento grego, sem sacrificar os seus valores próprios. Esta atitude exprime-se no livro da Sabedoria.




CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento é a parte mais longa da Bíblia. Constitui a lista oficial ou cânon de livros aceites como inspirados e referentes ao tempo da religião hebraica anterior ao cristianismo. Mas esta lista ou Cânon da Sagrada Escritura conheceu algumas divergências, já desde os tempos antigos. Tais divergências nascem das próprias vicissitudes da formação da Bíblia entre os antigos hebreus.

A Bíblia que tem a lista mais longa de livros, chamada dos Setenta, é, na verdade, a mais antiga e provém do judaísmo de Alexandria. Apresenta uma tradução dos textos bíblicos para o grego, feita nos três séculos imediatamente anteriores ao cristianismo.

Curiosamente, a lista mais recente é aquela que nos propõe apenas o texto original hebraico; a lista final dos livros desta Bíblia Hebraica foi fixada por uma assembleia de rabinos em Jâmnia, só pelos finais do séc. I a.C., e os critérios aí seguidos levaram a diminuir a lista de livros até então reconhecidos como pertencendo à Bíblia. Ficaram assim de fora, no todo ou em parte, alguns livros incluídos há séculos na Bíblia do judaísmo de Alexandria.

Por várias circunstâncias, nomeadamente pelo facto de estar na língua grega de uso internacional no Mediterrâneo oriental, depressa o cristianismo fez sua a Bíblia Grega da Tradução dos Setenta (LXX) e sempre aceitou sem grandes dificuldades o cânon do Antigo Testamento por ela apresentado. Entre os cristãos, a posição a tomar diante destes dois cânones só foi discutida mais significativamente depois da Reforma Protestante. Hoje em dia, as confissões protestantes em geral só aceitam os livros que pertencem ao cânon hebraico, o chamado “cânon curto”.

Os livros que se encontram a mais na lista grega judaica e cristã antiga são chamados deuterocanónicos (“apócrifos”, entre os protestantes) ou pertencentes ao “segundo cânon”, chamado “cânon longo”. Convencionou-se dar o nome de “primeiro cânon” à lista de livros que são coincidentes tanto na Bíblia Hebraica como na Bíblia Grega livros chamados protocanónicos.




NOMES DE DEUS

Nesta Bíblia adoptamos diferentes termos para os diferentes nomes de Deus no AT hebraico.




NOMES DE DEUS
Javé (Yhwh): Senhor (só no texto)
Adonay: Senhor
El: Deus
Elohim: Deus
Eliôn: altíssimo
El Eliôn: Deus altíssimo
… Sebaot: … do universo
Shadday: supremo
El Shadday: Deus Supremo
Adonay Yhwh: Senhor Deus



CONTEÚDOS E SECÇÕES

A actual lista de livros do Antigo Testamento foi, ao longo da sua história e tradição, organizada segundo princípios diferentes, daí resultando classificações que não são coincidentes.

As duas principais classificações representam, ainda hoje, as duas tradições da Bíblia Hebraica e da Bíblia Grega, no judaísmo antigo. A primeira divide o Antigo Testamento em Torá (Lei), Nebiîm (Profetas) e Ketubîm (Escritos); a segunda divide-o em Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos.

Apesar de as modernas traduções tenderem a utilizar sobretudo o texto hebraico da Bíblia, para estas divisões e para o ordenamento dos livros dentro do Antigo Testamento, é muito mais frequente seguirem o esquema da segunda, ou dos Setenta. É a que seguimos nesta edição, fazendo anteceder cada uma destas secções de uma Introdução própria.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

1.LIVRO DE GÊNESIS

Introdução:










Capítulos: introdução(00), 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, Introdução da Bíblia.

Autor: Moisés, comumente aceito.

O LIVRO DAS ORIGENS

É um registro da origem do nosso Universo, do gênero humano, do pecado, da redenção, da vida em família, da corrupção da sociedade, das nações, dos diferentes idiomas, da raça hebraica, etc.

Os primeiros capítulos do livro têm estado continuamente sob fogo da crítica moderna, mas os fatos que apresentam, quando corretamente interpretados e entendidos, jamais têm sido negados.

Não é propósito do autor de Gênesis dar um relato detalhado da criação. Ele dedica somente um capítulo a esse tema (só um esboço contendo alguns fatos fundamentais), enquanto dedica trinta e oito capítulos à história do povo escolhido.

TEMA PRINCIPAL. O pecado do homem e os passos iniciais destinados à sua redenção, mediante uma aliança divina feita com uma raça escolhida, cuja história primitiva ali se descreve.

PALAVRA CHAVE. Começo

PRIMEIRA PROMESSA MESSIÂNICA, 3.15

SINOPSE

I. A história da criação

(a) Do nosso Universo, 1:1-25

(b) Do homem, 1:26-31; 2:18-24

II. A história do homem primitivo

(a) A tentação e a queda, a personalidade e o caráter do tentador, o castigo do pecado, e a promessa do Redentor vindouro, cap. 3.

(b) A história de Caim e Abel, cap. 4

(c) A genealogia e morte dos patriarcas, cap. 5

(d) Os sucessos relacionados com o dilúvio, caps. 6-8

(e) A aliança do arco-íris e o pecado de Noé, cap. 9

(f) Os descendentes de Noé , cap. 10

(g) A confusão da língua em Babel, cap. 11

III. A história do povo escolhido

(1) A vida de Abraão

(a) Seu chamado divino, cap. 12

(b) A história de Abraão e Ló, caps. 13-14

(c) As revelações divinas e as promessas a Abraão, particularmente a promessa de um filho, da posse da Terra Santa, e de uma grande posteridade, caps. 15-17.

(d) Sua intercessão em favor das cidades da planície, e a destruição delas, caps. 18-19

(e) Sua vida em Gerar, e o cumprimento da promessa de um filho no nascimento de Isaque, caps. 20-21

(f) A prova da sua obediência por ocasião da ordem divina de sacrificar a Isaque, cap. 22

(2) A vida de Isaque

(a) Seu nascimento, 21.3

(b) Seu casamento, cap. 24

(c) O nascimento de seus filhos Jacó e Esaú, 25:20-26

(d) Seus últimos anos, caps. 26-27

(3) A vida de Jacó

(a) Sua astúcia para adquirir o direito de primogenitura 27:1-29

(b) Sua visão da escada celestial, 28:10-22

(c) Os incidentes relacionados com o seu matrimônio e sua vida em Padã-Arã, caps. 29-31

(4) A vida de Esaú

(5) A vida de José, os últimos dias de Jacó, e a descida ao Egito da família escolhida, caps. 37-50

NOME PREEMINENTES RELACIONADOS:

Adão e Eva, Caim e Abel

Abraão e Ló, Isaque e Ismael,

Esaú e Jacó, José e seus filhos.

CINCO GRANDES PERSONAGENS ESPIRITUAIS

(1) Enoque, o homem que "caminhou com Deus"

(2) Noé, o construtor da arca

(3) Abraão, o pai dos fiéis

(4) Jacó, o homem cuja vida foi transformada pela oração

(5) José, o filho de Jacó, que de escravo se tornou em governador do Egito.

A LIÇÃO DAS IDADES. A Bíblia começa com a humanidade arruinada:

- O paraíso Perdido, cap. 3.

- A instituição do plano de salvação, cap. 3.

- A Bíblia termina com a promessa cumprida: o paraíso. Recuperado.











Capítulo : 1

1 No princípio criou Deus os céus e a terra.

2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.

3 Disse Deus: haja luz. E houve luz.

4 Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.

5 E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.

6 E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.

7 Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi.

8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

9 E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E assim foi.

10 Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus que isso era bom.

11 E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi.

12 A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.

13 E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.

14 E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos;

15 e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.

16 Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas.

17 E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra,

18 para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.

19 E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.

20 E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu.

21 Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres viventes que se arrastavam, os quais as águas produziram abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa, segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.

22 Então Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e multipliquem-se as aves sobre a terra.

23 E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.

24 E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi.

25 Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.

26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.

27 Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

28 Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.

29 Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento.

30 E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento. E assim foi.

31 E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.










Capítulo : 2

1 Assim foram acabados os céus e a terra, com todo o seu exército.

2 Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera.

3 Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera.

4 Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus

5 não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra.

6 Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.

7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.

8 Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado.

9 E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

10 E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.

11 O nome do primeiro é Pisom: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro;

12 e o ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a pedra de berilo.

13 O nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuche.

14 O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.

15 Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.

16 Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente;

17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

18 Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.

19 Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os animais o campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o seu nome.

20 Assim o homem deu nomes a todos os animais domésticos, às aves do céu e a todos os animais do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.

21 Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar;

22 e da costela que o Senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem.

23 Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.

24 Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.

25 E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam.









Capítulo : 3

1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?

2 Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,

3 mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.

4 Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis.

5 Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.

6 Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.

7 Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

8 E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.

9 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás?

10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.

11 Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?

12 Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.

13 Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.

14 Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.

15 Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

17 E ao homem disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida.

18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo.

19 Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.

20 Chamou Adão à sua mulher Eva, porque era a mãe de todos os viventes.

21 E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.

22 Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.

23 O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.

24 E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.









Capítulo : 4

1 Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão.

2 Tornou a dar à luz a um filho - a seu irmão Abel. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.

3 Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor.

4 Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta,

5 mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.

6 Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante?

7 Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.

8 Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim

se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.

9 Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?

10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.

11 Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.

12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.

13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar.

14 Eis que hoje me lanças da face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.

15 O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.

16 Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.

17 Conheceu Caim a sua mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe deu o nome do filho, Enoque.

18 A Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meüjael, e Meüjael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.

19 Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila.

20 E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.

21 O nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.

22 A Zila também nasceu um filho, Tubal-Caim, fabricante de todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de Tubal-Caim foi Naama.

23 Disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zila, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas palavras; pois matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar.

24 Se Caim há de ser vingado sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.

25 Tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.

26 A Sete também nasceu um filho, a quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo, que os homens começaram a invocar o nome do Senhor.







Capítulo : 5

1 Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez.

2 Homem e mulher os criou; e os abençoou, e os chamou pelo nome de homem, no dia em que foram criados.

3 Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.

4 E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.

5 Todos os dias que Adão viveu foram novecentos e trinta anos; e morreu.

6 Sete viveu cento e cinco anos, e gerou a Enos.

7 Viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.

8 Todos os dias de Sete foram novecentos e doze anos; e morreu.

9 Enos viveu noventa anos, e gerou a Quenã.

10 viveu Enos, depois que gerou a Quenã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas.

11 Todos os dias de Enos foram novecentos e cinco anos; e morreu.

12 Quenã viveu setenta anos, e gerou a Maalalel.

13 Viveu Quenã, depois que gerou a Maalalel, oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas.

14 Todos os dias de Quenã foram novecentos e dez anos; e morreu.

15 Maalalel viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Jarede.

16 Viveu Maalalel, depois que gerou a Jarede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.

17 Todos os dias de Maalalel foram oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu.

18 Jarede viveu cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.

19 Viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.

20 Todos os dias de Jarede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.

21 Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém.

22 Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas.

23 Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos;

24 Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.

25 Matusalém viveu cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque.

26 Viveu Matusalém, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas.

27 Todos os dias de Matusalém foram novecentos e sessenta e nove anos; e morreu.

28 Lameque viveu cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho,

29 a quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou.

30 Viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas.

31 Todos os dias de Lameque foram setecentos e setenta e sete anos; e morreu.

32 E era Noé da idade de quinhentos anos; e gerou Noé a Sem, Cão e Jafé.









Capítulo : 6

1 Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas,

2 viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

3 Então disse o Senhor: O meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos.

4 Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade.

5 Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente.

6 Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração

7 E disse o Senhor: Destruirei da face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis e as aves do céu; porque me arrependo de os haver feito.

8 Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.

9 Estas são as gerações de Noé. Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus.

10 Gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.

11 A terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência.

12 Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

13 Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os destruirei juntamente com a terra.

14 Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora.

15 Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta e a sua altura de trinta.

16 Farás na arca uma janela e lhe darás um côvado de altura; e a porta da arca porás no seu lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e terceiro.

17 Porque eis que eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir, de debaixo do céu, toda a carne em que há espírito de vida; tudo o que há na terra expirará.

18 Mas contigo estabelecerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.

19 De tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo; macho e fêmea serão.

20 Das aves segundo as suas espécies, do gado segundo as suas espécies, de todo réptil da terra segundo as suas espécies, dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida.

21 Leva contigo de tudo o que se come, e ajunta-o para ti; e te será para alimento, a ti e a eles.

22 Assim fez Noé; segundo tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.









Capítulo : 7

1 Depois disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração.

2 De todos os animais limpos levarás contigo sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea;

3 também das aves do céu sete e sete, macho e fêmea, para se conservar em vida sua espécie sobre a face de toda a terra.

4 Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz.

5 E Noé fez segundo tudo o que o Senhor lhe ordenara.

6 Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando o dilúvio veio sobre a terra.

7 Noé entrou na arca com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio.

8 Dos animais limpos e dos que não são limpos, das aves, e de todo réptil sobre a terra,

9 entraram dois a dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.

10 Passados os sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.

11 No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as janelas do céu se abriram,

12 e caiu chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.

13 Nesse mesmo dia entrou Noé na arca, e juntamente com ele seus filhos Sem, Cão e Jafé, como também sua mulher e as três mulheres de seus filhos,

14 e com eles todo animal segundo a sua espécie, todo o gado segundo a sua espécie, todo réptil que se arrasta sobre a terra segundo a sua espécie e toda ave segundo a sua espécie, pássaros de toda qualidade.

15 Entraram para junto de Noé na arca, dois a dois de toda a carne em que havia espírito de vida.

16 E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou dentro.

17 Veio o dilúvio sobre a terra durante quarenta dias; e as águas cresceram e levantaram a arca, e ela se elevou por cima da terra.

18 Prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca vagava sobre as águas.

19 As águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo do céu foram cobertos.

20 Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e assim foram cobertos.

21 Pereceu toda a carne que se movia sobre a terra, tanto ave como gado, animais selvagens, todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo homem.

22 Tudo o que tinha fôlego do espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia na terra seca, morreu.

23 Assim foram exterminadas todas as criaturas que havia sobre a face da terra, tanto o homem como o gado, o réptil, e as aves do céu; todos foram exterminados da terra; ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.

24 E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinqüenta dias.







Capítulo : 8

1 Deus lembrou-se de Noé, de todos os animais e de todo o gado, que estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e as águas começaram a diminuir.

2 Cerraram-se as fontes do abismo e as janelas do céu, e a chuva do céu se deteve;

3 as águas se foram retirando de sobre a terra; no fim de cento e cinqüenta dias começaram a minguar.

4 No sétimo mês, no dia dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de Arará.

5 E as águas foram minguando até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.

6 Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que havia feito na arca;

7 soltou um corvo que, saindo, ia e voltava até que as águas se secaram de sobre a terra.

8 Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra;

9 mas a pomba não achou onde pousar a planta do pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas ainda estavam sobre a face de toda a terra; e Noé, estendendo a mão, tomou-a e a recolheu consigo na arca.

10 Esperou ainda outros sete dias, e tornou a soltar a pomba fora da arca.

11 á tardinha a pomba voltou para ele, e eis no seu bico uma folha verde de oliveira; assim soube Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.

12 Então esperou ainda outros sete dias, e soltou a pomba; e esta não tornou mais a ele.

13 No ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, secaram-se as águas de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca: e olhou, e eis que a face a terra estava enxuta.

14 No segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.

15 Então falou Deus a Noé, dizendo:

16 Sai da arca, tu, e juntamente contigo tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos.

17 Todos os animais que estão contigo, de toda a carne, tanto aves como gado e todo réptil que se arrasta sobre a terra, traze-os para fora contigo; para que se reproduzam abundantemente na terra, frutifiquem e se multipliquem sobre a terra.

18 Então saiu Noé, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos;

19 todo animal, todo réptil e toda ave, tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas famílias, saiu da arca.

20 Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar.

21 Sentiu o Senhor o suave cheiro e disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer.

22 Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.









Capítulo : 9

1 Abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra.

2 Terão medo e pavor de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues.

3 Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento, bem como a erva verde; tudo vos tenho dado.

4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

5 Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; de todo animal o requererei; como também do homem, sim, da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.

6 Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá o seu sangue derramado; porque Deus fez o homem à sua imagem.

7 Mas vós frutificai, e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.

8 Disse também Deus a Noé, e a seus filhos com ele:

9 Eis que eu estabeleço o meu pacto convosco e com a vossa descendência depois de vós,

10 e com todo ser vivente que convosco está: com as aves, com o gado e com todo animal da terra; com todos os que saíram da arca, sim, com todo animal da terra.

11 Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.

12 E disse Deus: Este é o sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações perpétuas:

13 O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra.

14 E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens,

15 então me lembrarei do meu pacto, que está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.

16 O arco estará nas nuvens, e olharei para ele a fim de me lembrar do pacto perpétuo entre Deus e todo ser vivente de toda a carne que está sobre a terra.

17 Disse Deus a Noé ainda: Esse é o sinal do pacto que tenho estabelecido entre mim e toda a carne que está sobre a terra.

18 Ora, os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã.

19 Estes três foram os filhos de Noé; e destes foi povoada toda a terra.

20 E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha.

21 Bebeu do vinho, e embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda.

22 E Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.

23 Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai, tendo os rostos virados, de maneira que não viram a nudez de seu pai.

24 Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera;

25 e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.

26 Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.

27 Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.

28 Viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e cinqüenta anos.

29 E foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos; e morreu.











Capítulo : 10

1 Estas, pois, são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé, aos quais nasceram filhos depois do dilúvio.

2 Os filhos de Jafé: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.

3 Os filhos de Gomer: Asquenaz, Rifate e Togarma.

4 Os filhos de Javã: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim.

5 Por estes foram repartidas as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações.

6 Os filhos de Cão: Cuche, Mizraim, Pute e Canaã.

7 Os filhos de Cuche: Seba, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá são Sebá e Dedã.

8 Cuche também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra.

9 Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor.

10 O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar.

11 Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá,

12 e Résem entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade).

13 Mizraim gerou a Ludim, Anamim, Leabim, Naftuim,

14 Patrusim, Casluim (donde saíram os filisteus) e Caftorim.

15 Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e Hete,

16 e ao jebuseu, o amorreu, o girgaseu,

17 o heveu, o arqueu, o sineu,

18 o arvadeu, o zemareu e o hamateu. Depois se espalharam as famílias dos cananeus.

19 Foi o termo dos cananeus desde Sidom, em direção a Gerar, até Gaza; e daí em direção a Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa.

20 São esses os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações.

21 A Sem, que foi o pai de todos os filhos de Eber e irmão mais velho de Jafé, a ele também nasceram filhos.

22 Os filhos de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arão.

23 Os filhos de Arão: Uz, Hul, Geter e Más.

24 Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Eber.

25 A Eber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porque nos seus dias foi dividida a terra; e o nome de seu irmão foi Joctã.

26 Joctã gerou a Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá,

27 Hadorão, Usal, Dicla,

28 Obal, Abimael, Sebá,

29 Ofir, Havilá e Jobabe: todos esses foram filhos de Joctã.

30 E foi a sua habitação desde Messa até Sefar, montanha do oriente.

31 Esses são os filhos de Sem segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, segundo as suas nações.

32 Essas são as famílias dos filhos de Noé segundo as suas gerações, em suas nações; e delas foram disseminadas as nações na terra depois do dilúvio.











Capítulo : 11

1 Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma.

2 E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.

3 Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa.

4 Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

5 Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

6 e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.

7 Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.

8 Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.

9 Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra.

10 Estas são as gerações de Sem. Tinha ele cem anos, quando gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.

11 E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.

12 Arfaxade viveu trinta e cinco anos, e gerou a Selá.

13 Viveu Arfaxade, depois que gerou a Selá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.

14 Selá viveu trinta anos, e gerou a Eber.

15 Viveu Selá, depois que gerou a Eber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.

16 Eber viveu trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue.

17 Viveu Eber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.

18 Pelegue viveu trinta anos, e gerou a Reú.

19 Viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.

20 Reú viveu trinta e dois anos, e gerou a Serugue.

21 Viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.

22 Serugue viveu trinta anos, e gerou a Naor.

23 Viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.

24 Naor viveu vinte e nove anos, e gerou a Tera.

25 Viveu Naor, depois que gerou a Tera, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.

26 Tera viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.

27 Estas são as gerações de Tera: Tera gerou a Abrão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló.

28 Harã morreu antes de seu pai Tera, na terra do seu nascimento, em Ur dos Caldeus.

29 Abrão e Naor tomaram mulheres para si: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher do Naor era Milca, filha de Harã, que foi pai de Milca e de Iscá.

30 Sarai era estéril; não tinha filhos.

31 Tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos Caldeus, a fim de ir para a terra de Canaã; e vieram até Harã, e ali habitaram.

32 Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã.









Capítulo : 12

1 Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.

2 Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.

3 Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

4 Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã.

5 Abrão levou consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; e saíram a fim de irem à terra de Canaã; e à terra de Canaã chegaram.

6 Passou Abrão pela terra até o lugar de Siquém, até o carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na terra.

7 Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera.

8 Então passou dali para o monte ao oriente de Betel, e armou a sua tenda, ficando-lhe Betel ao ocidente, e Ai ao oriente; também ali edificou um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.

9 Depois continuou Abrão o seu caminho, seguindo ainda para o sul.

10 Ora, havia fome naquela terra; Abrão, pois, desceu ao Egito, para peregrinar ali, porquanto era grande a fome na terra.

11 Quando ele estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista;

12 e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida.

13 Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em atenção a ti.

14 E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios que a mulher era mui formosa.

15 Até os príncipes de Faraó a viram e gabaram-na diante dele; e foi levada a mulher para a casa de Faraó.

16 E ele tratou bem a Abrão por causa dela; e este veio a ter ovelhas, bois e jumentos, servos e servas, jumentas e camelos.

17 Feriu, porém, o Senhor a Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.

18 Então chamou Faraó a Abrão, e disse: Que é isto que me fizeste? por que não me disseste que ela era tua mulher?

19 Por que disseste: E minha irmã? de maneira que a tomei para ser minha mulher. Agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te.

20 E Faraó deu ordens aos seus guardas a respeito dele, os quais o despediram a ele, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.









Capítulo : 13

1 Subiu, pois, Abrão do Egito para o Negebe, levando sua mulher e tudo o que tinha, e Ló o acompanhava.

2 Abrão era muito rico em gado, em prata e em ouro.

3 Nas suas jornadas subiu do Negebe para Betel, até o lugar onde outrora estivera a sua tenda, entre Betel e Ai,

4 até o lugar do altar, que dantes ali fizera; e ali invocou Abrão o nome do Senhor.

5 E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.

6 Ora, a terra não podia sustentá-los, para eles habitarem juntos; porque os seus bens eram muitos; de modo que não podiam habitar juntos.

7 Pelo que houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do gado de Ló. E nesse tempo os cananeus e os perizeus habitavam na terra.

8 Disse, pois, Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.

9 Porventura não está toda a terra diante de ti? Rogo-te que te apartes de mim. Se tu escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, irei eu para a esquerda.

10 Então Ló levantou os olhos, e viu toda a planície do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra), e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, até chegar a Zoar.

11 E Ló escolheu para si toda a planície do Jordão, e partiu para o oriente; assim se apartaram um do outro.

12 Habitou Abrão na terra de Canaã, e Ló habitou nas cidades da planície, e foi armando as suas tendas até chegar a Sodoma.

13 Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor.

14 E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o oriente e para o oriente;

15 porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.

16 E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se puder ser contado o pó da terra, então também poderá ser contada a tua descendência.

17 Levanta-te, percorre esta terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a darei a ti.

18 Então mudou Abrão as suas tendas, e foi habitar junto dos carvalhos de Manre, em Hebrom; e ali edificou um altar ao Senhor.









Capítulo : 14

1 Aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goiim,

2 que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).

3 Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim (que é o Mar Salgado).

4 Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, mas ao décimo terceiro ano rebelaram-se.

5 Por isso, ao décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, aos zuzins em Hão, aos emins em Savé-Quiriataim,

6 e aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã, que está junto ao deserto.

7 Depois voltaram e vieram a En-Mispate (que é Cades), e feriram toda a terra dos amalequitas, e também dos amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.

8 Então saíram os reis de Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Belá (esta é Zoar), e ordenaram batalha contra eles no vale de Sidim,

9 contra Quedorlaomer, rei de Elão, Tidal, rei de Goiim, Anrafel, rei de Sinar, e Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco.

10 Ora, o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; e fugiram os reis de Sodoma e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para o monte.

11 Tomaram, então, todos os bens de Sodoma e de Gomorra com todo o seu mantimento, e se foram.

12 Tomaram também a Ló, filho do irmão de Abrão, que habitava em Sodoma, e os bens dele, e partiram.

13 Então veio um que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu. Ora, este habitava junto dos carvalhos de Manre, o amorreu, irmão de Escol e de Aner; estes eram aliados de Abrão.

14 Ouvindo, pois, Abrão que seu irmão estava preso, levou os seus homens treinados, nascidos em sua casa, em número de trezentos e dezoito, e perseguiu os reis até Dã.

15 Dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus servos, e os feriu, perseguindo-os até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.

16 Assim tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e também as mulheres e o povo.

17 Depois que Abrão voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale de Savé (que é o vale do rei).

18 Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo;

19 e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra!

20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

21 Então o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas; e os bens toma-os para ti.

22 Abrão, porém, respondeu ao rei de Sodoma: Levanto minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra,

23 jurando que não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, nem um fio, nem uma correia de sapato, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;

24 salvo tão somente o que os mancebos comeram, e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; que estes tomem a sua parte.










Capítulo : 15

1 Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo.

2 Então disse Abrão: ó Senhor Deus, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno Eliézer?

3 Disse mais Abrão: A mim não me tens dado filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.

4 Ao que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que sair das tuas entranhas, esse será o teu herdeiro.

5 Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar; e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência.

6 E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.

7 Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para te dar esta terra em herança.

8 Ao que lhe perguntou Abrão: ó Senhor Deus, como saberei que hei de herdá-la?

9 Respondeu-lhe: Toma-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.

10 Ele, pois, lhe trouxe todos estes animais, partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.

11 E as aves de rapina desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.

12 Ora, ao pôr do sol, caiu um profundo sono sobre Abrão; e eis que lhe sobrevieram grande pavor e densas trevas.

13 Então disse o Senhor a Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos;

14 sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens.

15 Tu, porém, irás em paz para teus pais; em boa velhice serás sepultado.

16 Na quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade dos amorreus não está ainda cheia.

17 Quando o sol já estava posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre aquelas metades.

18 Naquele mesmo dia fez o Senhor um pacto com Abrão, dizendo: á tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates;

19 e o queneu, o quenizeu, o cadmoneu,

20 o heteu, o perizeu, os refains,

21 o amorreu, o cananeu, o girgaseu e o jebuseu.









Capítulo : 16

1 Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos. Tinha ela uma serva egípcia, que se chamava Agar.

2 Disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos por meio dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.

3 Assim Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar a egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão seu marido, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã.

4 E ele conheceu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.

5 Então disse Sarai a Abrão: Sobre ti seja a afronta que me é dirigida a mim; pus a minha serva em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou desprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti.

6 Ao que disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está nas tuas mãos; faze-lhe como bem te parecer. E Sarai maltratou-a, e ela fugiu de sua face.

7 Então o anjo do Senhor, achando-a junto a uma fonte no deserto, a fonte que está no caminho de Sur,

8 perguntou-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vieste, e para onde vais? Respondeu ela: Da presença de Sarai, minha senhora, vou fugindo.

9 Disse-lhe o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos.

10 Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, de modo que não será contada, por numerosa que será.

11 Disse-lhe ainda o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e terás um filho, a quem chamarás Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.

12 Ele será como um jumento selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.

13 E ela chamou, o nome do Senhor, que com ela falava, El-Rói; pois disse: Não tenho eu também olhado neste lugar para aquele que me vê?

14 Pelo que se chamou aquele poço Beer-Laai-Rói; ele está entre Cades e Berede.

15 E Agar deu um filho a Abrão; e Abrão pôs o nome de Ismael no seu filho que tivera de Agar.

16 Ora, tinha Abrão oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu Ismael.









Capítulo : 17

1 Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença, e sê perfeito;

2 e firmarei o meu pacto contigo, e sobremaneira te multiplicarei.

3 Ao que Abrão se prostrou com o rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo:

4 Quanto a mim, eis que o meu pacto é contigo, e serás pai de muitas nações;

5 não mais serás chamado Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois por pai de muitas nações te hei posto;

6 far-te-ei frutificar sobremaneira, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;

7 estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti.

8 Dar-te-ei a ti e à tua descendência depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão; e serei o seu Deus.

9 Disse mais Deus a Abraão: Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.

10 Este é o meu pacto, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: todo varão dentre vós será circuncidado.

11 Circuncidar-vos-eis na carne do prepúcio; e isto será por sinal de pacto entre mim e vós.

12 á idade de oito dias, todo varão dentre vós será circuncidado, por todas as vossas gerações, tanto o nascido em casa como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua linhagem.

13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; assim estará o meu pacto na vossa carne como pacto perpétuo.

14 Mas o incircunciso, que não se circuncidar na carne do prepúcio, essa alma será extirpada do seu povo; violou o meu pacto.

15 Disse Deus a Abraão: Quanto a Sarai, tua, mulher, não lhe chamarás mais Sarai, porem Sara será o seu nome.

16 Abençoá-la-ei, e também dela te darei um filho; sim, abençoá-la-ei, e ela será mãe de nações; reis de povos sairão dela.

17 Ao que se prostrou Abraão com o rosto em terra, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara, que tem noventa anos?

18 Depois disse Abraão a Deus: Oxalá que viva Ismael diante de ti!

19 E Deus lhe respondeu: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com ele estabelecerei o meu pacto como pacto perpétuo para a sua descendência depois dele.

20 E quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis que o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e multiplicá-lo-ei grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.

21 O meu pacto, porém, estabelecerei com Isaque, que Sara te dará à luz neste tempo determinado, no ano vindouro.

22 Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus diante dele.

23 Logo tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa e a todos os comprados por seu dinheiro, todo varão entre os da casa de Abraão, e lhes circuncidou a carne do prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenara.

24 Abraão tinha noventa e nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio;

25 E Ismael, seu filho, tinha treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio.

26 No mesmo dia foram circuncidados Abraão e seu filho Ismael.

27 E todos os homens da sua casa, assim os nascidos em casa, como os comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.










Capítulo : 18

1 Depois apareceu o Senhor a Abraão junto aos carvalhos de Manre, estando ele sentado à porta da tenda, no maior calor do dia.

2 Levantando Abraão os olhos, olhou e eis três homens de pé em frente dele. Quando os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro, e prostrou-se em terra,

3 e disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.

4 Eia, traga-se um pouco d'água, e lavai os pés e recostai-vos debaixo da árvore;

5 e trarei um bocado de pão; refazei as vossas forças, e depois passareis adiante; porquanto por isso chegastes ate o vosso servo. Responderam-lhe: Faze assim como disseste.

6 Abraão, pois, apressou-se em ir ter com Sara na tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha e faze bolos.

7 Em seguida correu ao gado, apanhou um bezerro tenro e bom e deu-o ao criado, que se apressou em prepará-lo.

8 Então tomou queijo fresco, e leite, e o bezerro que mandara preparar, e pôs tudo diante deles, ficando em pé ao lado deles debaixo da árvore, enquanto comiam.

9 Perguntaram-lhe eles: Onde está Sara, tua mulher? Ele respondeu: Está ali na tenda.

10 E um deles lhe disse: certamente tornarei a ti no ano vindouro; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara estava escutando à porta da tenda, que estava atrás dele.

11 Ora, Abraão e Sara eram já velhos, e avançados em idade; e a Sara havia cessado o incômodo das mulheres.

12 Sara então riu-se consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho?

13 Perguntou o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: É verdade que eu, que sou velha, darei à luz um filho?

14 Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor? Ao tempo determinado, no ano vindouro, tornarei a ti, e Sara terá um filho.

15 Então Sara negou, dizendo: Não me ri; porquanto ela teve medo. Ao que ele respondeu: Não é assim; porque te riste.

16 E levantaram-se aqueles homens dali e olharam para a banda de Sodoma; e Abraão ia com eles, para os encaminhar.

17 E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, 18 visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão benditas todas as nações da terra?

19 Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado.

20 Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito,

21 descerei agora, e verei se em tudo têm praticado segundo o seu clamor, que a mim tem chegado; e se não, sabê-lo-ei.

22 Então os homens, virando os seus rostos dali, foram-se em direção a Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante do Senhor.

23 E chegando-se Abraão, disse: Destruirás também o justo com o ímpio?

24 Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que ali estão?

25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio, de modo que o justo seja como o ímpio; esteja isto longe de ti. Não fará justiça o juiz de toda a terra?

26 Então disse o Senhor: Se eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei o lugar todo por causa deles.

26 Se porventura de cinqüenta justos faltarem cinco, destruirás toda a cidade por causa dos cinco? Respondeu ele: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.

27 Tornou-lhe Abraão, dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.

29 Continuou Abraão ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? Mais uma vez assentiu: Por causa dos quarenta não o farei.

30 Disse Abraão: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar. Se porventura se acharem ali trinta? De novo assentiu: Não o farei, se achar ali trinta.

31 Tornou Abraão: Eis que outra vez me a atrevi a falar ao Senhor. Se porventura se acharem ali vinte? Respondeu-lhe: Por causa dos vinte não a destruirei.

32 Disse ainda Abraão: Ora, não se ire o Senhor, pois só mais esta vez falarei. Se porventura se acharem ali dez? Ainda assentiu o Senhor: Por causa dos dez não a destruirei.

33 E foi-se o Senhor, logo que acabou de falar com Abraão; e Abraão voltou para o seu lugar.












Capítulo : 19

1 á tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta de Sodoma e, vendo-os, levantou-se para os receber; prostrou-se com o rosto em terra,

2 e disse: Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam eles: Não; antes na praça passaremos a noite.

3 Entretanto, Ló insistiu muito com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes deu um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram.

4 Mas antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;

5 e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.

6 Então Ló saiu-lhes à porta, fechando-a atrás de si,

7 e disse: Meus irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente;

8 eis aqui, tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado.

9 Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar a porta.

10 Aqueles homens, porém, estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para dentro da casa, e fecharam a porta;

11 e feriram de cegueira os que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que cansaram de procurar a porta.

12 Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar;

13 porque nós vamos destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.

14 Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando.

15 E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló, dizendo: levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade.

16 Ele, porém, se demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade.

17 Quando os tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que não pereças.

18 Respondeu-lhe Ló: Ah, assim não, meu Senhor!

19 Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia que a mim me fizeste, salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o monte; não seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra.

20 Eis ali perto aquela cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para lá (porventura não é pequena?), e viverá a minha alma.

21 Disse-lhe: Quanto a isso também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de falar.

22 Apressa-te, escapa-te para lá; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.

23 Tinha saído o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.

24 Então o Senhor, da sua parte, fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra.

25 E subverteu aquelas cidades e toda a planície, e todos os moradores das cidades, e o que nascia da terra.

26 Mas a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida em uma estátua de sal.

27 E Abraão levantou-se de madrugada, e foi ao lugar onde estivera em pé diante do Senhor;

28 e, contemplando Sodoma e Gomorra e toda a terra da planície, viu que subia da terra fumaça como a de uma fornalha.

29 Ora, aconteceu que, destruindo Deus as cidades da planície, lembrou-se de Abraão, e tirou Ló do meio da destruição, ao subverter aquelas cidades em que Ló habitara.

30 E subiu Ló de Zoar, e habitou no monte, e as suas duas filhas com ele; porque temia habitar em Zoar; e habitou numa caverna, ele e as suas duas filhas.

31 Então a primogênita disse à menor: Nosso pai é já velho, e não há varão na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;

32 vem, demos a nosso pai vinho a beber, e deitemo-nos com ele, para que conservemos a descendência de nosso pai.

33 Deram, pois, a seu pai vinho a beber naquela noite; e, entrando a primogênita, deitou-se com seu pai; e não percebeu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

34 No dia seguinte disse a primogênita à menor: Eis que eu ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe vinho a beber também esta noite; e então, entrando tu, deita-te com ele, para que conservemos a descendência de nosso pai.

35 Tornaram, pois, a dar a seu pai vinho a beber também naquela noite; e, levantando-se a menor, deitou-se com ele; e não percebeu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.

36 Assim as duas filhas de Ló conceberam de seu pai.

37 A primogênita deu a luz a um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas de hoje.

38 A menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos amonitas de hoje.










Capítulo : 20

1 Partiu Abraão dali para a terra do Negebe, e habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar.

2 E havendo Abraão dito de Sara, sua mulher: É minha irmã; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a Sara.

3 Deus, porém, veio a Abimeleque, em sonhos, de noite, e

disse-lhe: Eis que estás para morrer por causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido.

4 Ora, Abimeleque ainda não se havia chegado a ela: perguntou, pois: Senhor matarás porventura também uma nação justa?

5 Não me disse ele mesmo: É minha irmã? e ela mesma me disse: Ele é meu irmão; na sinceridade do meu coração e na inocência das minhas mãos fiz isto.

6 Ao que Deus lhe respondeu em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la;

7 agora, pois, restitui a mulher a seu marido, porque ele é profeta, e intercederá por ti, e viverás; se, porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.

8 Levantou-se Abimeleque de manhã cedo e, chamando a todos os seus servos, falou-lhes aos ouvidos todas estas palavras; e os homens temeram muito.

9 Então chamou Abimeleque a Abraão e lhe perguntou: Que é que nos fizeste? e em que pequei contra ti, para trazeres sobre mim o sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste o que não se deve fazer.

10 Perguntou mais Abimeleque a Abraão: Com que intenção fizeste isto?

11 Respondeu Abraão: Porque pensei: Certamente não há temor de Deus neste lugar; matar-me-ão por causa da minha mulher.

12 Além disso ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe; e veio a ser minha mulher.

13 Quando Deus me fez sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse a ela: Esta é a graça que me farás: em todo lugar aonde formos, dize de mim: Ele é meu irmão.

14 Então tomou Abimeleque ovelhas e bois, e servos e servas, e os deu a Abraão; e lhe restituiu Sara, sua mulher;

15 e disse-lhe Abimeleque: Eis que a minha terra está diante de ti; habita onde bem te parecer.

16 E a Sara disse: Eis que tenho dado a teu irmão mil moedas de prata; isso te seja por véu dos olhos a todos os que estão contigo; e perante todos estás reabilitada.

17 Orou Abraão a Deus, e Deus sarou Abimeleque, e a sua mulher e as suas servas; de maneira que tiveram filhos;

18 porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão.









Capítulo : 21

1 O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido.

2 Sara concebeu, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, de que Deus lhe falara;

3 e, Abraão pôs no filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, o nome de Isaque.

4 E Abraão circuncidou a seu filho Isaque, quando tinha oito dias, conforme Deus lhe ordenara.

5 Ora, Abraão tinha cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho.

6 Pelo que disse Sara: Deus preparou riso para mim; todo aquele que o ouvir, se rirá comigo.

7 E acrescentou: Quem diria a Abraão que Sara havia de amamentar filhos? no entanto lhe dei um filho na sua velhice.

8 cresceu o menino, e foi desmamado; e Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado.

9 Ora, Sara viu brincando o filho de Agar a egípcia, que esta dera à luz a Abraão.

10 Pelo que disse a Abraão: Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não será herdeiro com meu filho, com Isaque.

11 Pareceu isto bem duro aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.

12 Deus, porém, disse a Abraão: Não pareça isso duro aos teus

olhos por causa do moço e por causa da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência.

13 Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem.

14 Então se levantou Abraão de manhã cedo e, tomando pão e um odre de água, os deu a Agar, pondo-os sobre o ombro dela; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu e foi andando errante pelo deserto de Beer-Seba.

15 E consumida a água do odre, Agar deitou o menino debaixo de um dos arbustos,

16 e foi assentar-se em frente dele, a boa distância, como a de um tiro de arco; porque dizia: Que não veja eu morrer o menino. Assim sentada em frente dele, levantou a sua voz e chorou.

17 Mas Deus ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus, bradando a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Agar? não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.

18 Ergue-te, levanta o menino e toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação.

19 E abriu-lhe Deus os olhos, e ela viu um poço; e foi encher de água o odre e deu de beber ao menino.

20 Deus estava com o menino, que cresceu e, morando no deserto, tornou-se flecheiro.

21 Ele habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito.

22 Naquele mesmo tempo Abimeleque, com Ficol, o chefe do seu exército, falou a Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo o que fazes;

23 agora pois, jura-me aqui por Deus que não te haverás falsamente comigo, nem com meu filho, nem com o filho do meu filho; mas segundo a beneficência que te fiz, me farás a mim, e à terra onde peregrinaste.

24 Respondeu Abraão: Eu jurarei.

25 Abraão, porém, repreendeu a Abimeleque, por causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam tomado à força.

26 Respondeu-lhe Abimeleque: Não sei quem fez isso; nem tu mo fizeste saber, nem tampouco ouvi eu falar nisso, senão hoje.

27 Tomou, pois, Abraão ovelhas e bois, e os deu a Abimeleque; assim fizeram entre, si um pacto.

28 Pôs Abraão, porém, à parte sete cordeiras do rebanho.

29 E perguntou Abimeleque a Abraão: Que significam estas sete cordeiras que puseste à parte?

30 Respondeu Abraão: Estas sete cordeiras receberás da minha mão para que me sirvam de testemunho de que eu cavei este poço.

31 Pelo que chamou aquele lugar Beer-Seba, porque ali os dois juraram.

32 Assim fizeram uma pacto em Beer-Seba. Depois se levantaram Abimeleque e Ficol, o chefe do seu exército, e tornaram para a terra dos filisteus.

33 Abraão plantou uma tamargueira em Beer-Seba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno.

34 E peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.










Capítulo : 22

1 Sucedeu, depois destas coisas, que Deus provou a Abraão, dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu: Eis-me aqui.

2 Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.

3 Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo, albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e, tendo cortado lenha para o holocausto, partiu para ir ao lugar que Deus lhe dissera.

4 Ao terceiro dia levantou Abraão os olhos, e viu o lugar de longe.

5 E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós.

6 Tomou, pois, Abraão a lenha do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também na mão o fogo e o cutelo, e foram caminhando juntos.

7 Então disse Isaque a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?

8 Respondeu Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. E os dois iam caminhando juntos.

9 Havendo eles chegado ao lugar que Deus lhe dissera, edificou Abraão ali o altar e pôs a lenha em ordem; o amarrou, a Isaque, seu filho, e o deitou sobre o altar em cima da lenha.

10 E, estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar a seu filho.

11 Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui.

12 Então disse o anjo: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.

13 Nisso levantou Abraão os olhos e olhou, e eis atrás de si um carneiro embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho.

14 Pelo que chamou Abraão àquele lugar Jeová-Jiré; donde se diz até o dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.

15 Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde o céu,

16 e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho,

17 que deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;

18 e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.

19 Então voltou Abraão aos seus moços e, levantando-se, foram juntos a Beer-Seba; e Abraão habitou em Beer-Seba.

20 Depois destas coisas anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca tem dado à luz filhos a Naor, teu irmão:

21 Uz o seu primogênito, e Buz seu irmão, e Quemuel, pai de Arão,

22 e Quesede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel.

23 E Betuel gerou a Rebeca. Esses oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.

24 E a sua concubina, que se chamava Reumá, também deu à luz a Teba, Gaão, Taás e Maacá.









Capítulo : 23

1 Ora, os anos da vida de Sara foram cento e vinte e sete.

2 E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentá-la e chorar por ela:

3 Depois se levantou Abraão de diante do seu morto, e falou aos filhos de Hete, dizendo:

4 Estrangeiro e peregrino sou eu entre vós; dai-me o direito de um lugar de sepultura entre vós, para que eu sepulte o meu morto, removendo-o de diante da minha face.

5 Responderam-lhe os filhos de Hete:

6 Ouve-nos, senhor; príncipe de Deus és tu entre nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu morto.

7 Então se levantou Abraão e, inclinando-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete,

8 falou-lhes, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte o meu morto de diante de minha face, ouvi-me e intercedei por mim junto a Efrom, filho de Zoar,

9 para que ele me dê a cova de Macpela, que possui no fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em posse de sepulcro no meio de vós.

10 Ora, Efrom estava sentado no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, o heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo:

11 Não, meu senhor; ouve-me. O campo te dou, também te dou a cova que nele está; na presença dos filhos do meu povo ta dou; sepulta o teu morto.

12 Então Abraão se inclinou diante do povo da terra,

13 e falou a Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Se te agrada, peço-te que me ouças. Darei o preço do campo; toma-o de mim, e sepultarei ali o meu morto.

14 Respondeu Efrom a Abraão:

15 Meu senhor, ouve-me. Um terreno do valor de quatrocentos siclos de prata! que é isto entre mim e ti? Sepulta, pois, o teu morto.

16 E Abraão ouviu a Efrom, e pesou-lhe a prata de que este tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, moeda corrente entre os mercadores.

17 Assim o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que havia nele, por todos os seus limites ao redor, se confirmaram

18 a Abraão em possessão na presença dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.

19 Depois sepultou Abraão a Sara sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã.

20 Assim o campo e a cova que nele estava foram confirmados a Abraão pelos filhos de Hete em possessão de sepultura.






Capítulo : 24

1 Ora, Abraão era já velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado.

2 E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa,

3 para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito;

4 mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.

5 Perguntou-lhe o servo: Se porventura a mulher não quiser seguir-me a esta terra, farei, então, tornar teu filho à terra donde saíste?

6 Respondeu-lhe Abraão: Guarda-te de fazeres tornar para lá meu filho.

7 O Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: á tua o semente darei esta terra; ele enviará o seu anjo diante de si, para que tomes de lá mulher para meu filho.

8 Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento; somente não farás meu filho tornar para lá.

9 Então pôs o servo a sua mão debaixo da coxa de Abraão seu senhor, e jurou-lhe sobre este negócio.

10 Tomou, pois, o servo dez dos camelos do seu senhor, porquanto todos os bens de seu senhor estavam em sua mão; e, partindo, foi para a Mesopotâmia, à cidade de Naor.

11 Fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto ao poço de água, pela tarde, à hora em que as mulheres saíam a tirar água.

12 E disse: ç Senhor, Deus de meu senhor Abraão, dá-me hoje, peço-te, bom êxito, e usa de benevolência para com o meu senhor Abraão.

13 Eis que eu estou em pé junto à fonte, e as filhas dos homens desta cidade vêm saindo para tirar água;

14 faze, pois, que a donzela a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, peço-te, para que eu beba; e ela responder: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; seja aquela que designaste para o teu servo Isaque. Assim conhecerei que usaste de benevolência para com o meu senhor.

15 Antes que ele acabasse de falar, eis que Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o ombro.

16 A donzela era muito formosa à vista, virgem, a quem varão não havia conhecido; ela desceu à fonte, encheu o seu cântaro e subiu.

17 Então o servo correu-lhe ao encontro, e disse: Deixa-me beber, peço-te, um pouco de água do teu cântaro.

18 Respondeu ela: Bebe, meu senhor. Então com presteza abaixou o seu cântaro sobre a mão e deu-lhe de beber.

19 E quando acabou de lhe dar de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de beber.

20 Também com presteza despejou o seu cântaro no bebedouro e, correndo outra vez ao poço, tirou água para todos os camelos dele.

21 E o homem a contemplava atentamente, em silêncio, para saber se o Senhor havia tornado próspera a sua jornada, ou não.

22 Depois que os camelos acabaram de beber, tomou o homem um pendente de ouro, de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro;

23 e perguntou: De quem és filha? dize-mo, peço-te. Há lugar em casa de teu pai para nós pousarmos?

24 Ela lhe respondeu: Eu sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor.

25 Disse-lhe mais: Temos palha e forragem bastante, e lugar para pousar.

26 Então inclinou-se o homem e adorou ao Senhor;

27 e disse: Bendito seja o Senhor Deus de meu senhor Abraão, que não retirou do meu senhor a sua benevolência e a sua verdade; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu senhor.

28 A donzela correu, e relatou estas coisas aos da casa de sua mãe. 29 Ora, Rebeca tinha um irmão, cujo nome era Labão, o qual saiu correndo ao encontro daquele homem até a fonte;

30 porquanto tinha visto o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e ouvido as palavras de sua irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele homem; e foi ter com o homem, que estava em pé junto aos camelos ao lado da fonte.

31 E disse: Entra, bendito do Senhor; por que estás aqui fora? pois eu já preparei a casa, e lugar para os camelos.

32 Então veio o homem à casa, e desarreou os camelos; deram palha e forragem para os camelos e água para lavar os pés dele e dos homens que estavam com ele.

33 Depois puseram comida diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha exposto a minha incumbência. Respondeu-lhe Labão: Fala.

34 Então disse: Eu sou o servo de Abraão.

35 O Senhor tem abençoado muito ao meu senhor, o qual se tem engrandecido; deu-lhe rebanhos e gado, prata e ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos.

36 E Sara, a mulher do meu senhor, mesmo depois, de velha deu um filho a meu senhor; e o pai lhe deu todos os seus bens.

37 Ora, o meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito;

38 irás, porém, à casa de meu pai, e à minha parentela, e tomarás mulher para meu filho.

39 Então respondi ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher.

40 Ao que ele me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e prosperará o teu caminho; e da minha parentela e da casa de meu pai tomarás mulher para meu filho;

41 então serás livre do meu juramento, quando chegares à minha parentela; e se não ta derem, livre serás do meu juramento.

42 E hoje cheguei à fonte, e disse: Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se é que agora prosperas o meu caminho, o qual venho seguindo,

43 eis que estou junto à fonte; faze, pois, que a donzela que sair para tirar água, a quem eu disser: Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água do teu cântaro,

44 e ela me responder: Bebe tu, e também tirarei água para os teus camelos; seja a mulher que o Senhor designou para o filho de meu senhor.

45 Ora, antes que eu acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com o seu cântaro sobre o ombro, desceu à fonte e tirou água; e eu lhe disse: Dá-me de beber, peço-te.

46 E ela, com presteza, abaixou o seu cântaro do ombro, e disse: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; assim bebi, e ela deu também de beber aos camelos.

47 Então lhe perguntei: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que Milca lhe deu. Então eu lhe pus o pendente no nariz e as pulseiras sobre as mãos;

48 e, inclinando-me, adorei e bendisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abraão, que me havia conduzido pelo caminho direito para tomar para seu filho a filha do irmão do meu senhor.

49 Agora, pois, se vós haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, declarai-mo; e se não, também mo declarai, para que eu vá ou para a direita ou para a esquerda.

50 Então responderam Labão e Betuel: Do Senhor procede este negócio; nós não podemos falar-te mal ou bem.

51 Eis que Rebeca está diante de ti, toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor.

52 Quando o servo de Abraão ouviu as palavras deles, prostrou-se em terra diante do Senhor:

53 e tirou o servo jóias de prata, e jóias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.

54 Então comeram e beberam, ele e os homens que com ele estavam, e passaram a noite. Quando se levantaram de manhã, disse o servo: Deixai-me ir a meu senhor.

55 Disseram o irmão e a mãe da donzela: Fique ela conosco alguns dias, pelo menos dez dias; e depois irá.

56 Ele, porém, lhes respondeu: Não me detenhas, visto que o Senhor me tem prosperado o caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor.

57 Disseram-lhe: chamaremos a donzela, e perguntaremos a ela mesma.

58 Chamaram, pois, a Rebeca, e lhe perguntaram: Irás tu com este homem; Respondeu ela: Irei.

59 Então despediram a Rebeca, sua irmã, e à sua ama e ao servo de Abraão e a seus homens;

60 e abençoaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irmã nossa, sê tu a mãe de milhares de miríades, e possua a tua descendência a porta de seus aborrecedores!

61 Assim Rebeca se levantou com as suas moças e, montando nos camelos, seguiram o homem; e o servo, tomando a Rebeca, partiu.

62 Ora, Isaque tinha vindo do caminho de Beer-Laai-Rói; pois habitava na terra do Negebe.

63 Saíra Isaque ao campo à tarde, para meditar; e levantando os olhos, viu, e eis que vinham camelos.

64 Rebeca também levantou os olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo

65 e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? respondeu o servo: É meu senhor. Então ela tomou o véu e se cobriu.

66 Depois o servo contou a Isaque tudo o que fizera.

67 Isaque, pois, trouxe Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe; tomou-a e ela lhe foi por mulher; e ele a amou. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.








Capítulo : 25

1 Ora, Abraão tomou outra mulher, que se chamava Quetura.

2 Ela lhe deu à luz a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá.

3 Jocsã gerou a Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim.

4 Os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Hanoque, Abidá e Eldá; todos estes foram filhos de Quetura.

5 Abraão, porém, deu tudo quanto possuía a Isaque;

6 no entanto aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deu ele dádivas; e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os ao Oriente, para a terra oriental.

7 Estes, pois, são os dias dos anos da vida de Abraão, que ele viveu: cento e setenta e, cinco anos.

8 E Abraão expirou, morrendo em boa velhice, velho e cheio de dias; e foi congregado ao seu povo.

9 Então Isaque e Ismael, seus filhos, o sepultaram na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, que estava em frente de Manre,

10 o campo que Abraão comprara aos filhos de Hete. Ali foi sepultado Abraão, e Sara, sua mulher.

11 Depois da morte de Abraão, Deus abençoou a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto a Beer-Laai-Rói.

12 Estas são as gerações de Ismael, filho de Abraão, que Agar, a egípcia, serva de Sara, lhe deu;

13 e estes são os nomes dos filhos de Ismael pela sua ordem, segundo as suas gerações: o primogênito de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, Abdeel, Mibsão,

14 Misma, Dumá, Massá,

15 Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá.

16 Estes são os filhos de Ismael, e estes são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus acampamentos: doze príncipes segundo as suas tribos.

17 E estes são os anos da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos; e ele expirou e, morrendo, foi congregado ao seu povo.

18 Eles então habitaram desde Havilá até Sur, que está em frente do Egito, como quem vai em direção da Assíria; assim Ismael se estabeleceu diante da face de todos os seus irmãos.

19 E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque;

20 e Isaque tinha quarenta anos quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, arameu.

21 Ora, Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto ela era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu.

22 E os filhos lutavam no ventre dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi consultar ao Senhor.

23 Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas estranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais moço.

24 Cumpridos que foram os dias para ela dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre.

25 Saiu o primeiro, ruivo, todo ele como um vestido de pelo; e chamaram-lhe Esaú.

26 Depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; pelo que foi chamado Jacó. E Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca os deu à luz.

27 Cresceram os meninos; e Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; mas Jacó, homem sossegado, que habitava em tendas.

28 Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó.

29 Jacó havia feito um guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado;

30 e disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou muito cansado. Por isso se chamou Edom.

31 Respondeu Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura.

32 Então replicou Esaú: Eis que estou a ponto e morrer; logo, para que me servirá o direito de primogenitura?

33 Ao que disse Jacó: Jura-me primeiro. Jurou-lhe, pois; e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.

34 Jacó deu a Esaú pão e o guisado e lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu caminho. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.








Capítulo : 26

1 Sobreveio à terra uma fome, além da primeira, que ocorreu nos dias de Abraão. Por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.

2 E apareceu-lhe o Senhor e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser;

3 peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai;

4 e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;

5 porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.

6 Assim habitou Isaque em Gerar.

7 Então os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista.

8 Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher.

9 Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por sua causa.

10 Replicou Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós.

11 E Abimeleque ordenou a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher, certamente morrerá.

12 Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou.

13 E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso;

14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam.

15 Ora, todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra.

16 E Abimeleque disse a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.

17 Então Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou.

18 E Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera.

19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.

20 E os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele.

21 Então cavaram outro poço, pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna.

22 E partiu dali, e cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote, dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra.

23 Depois subiu dali a Beer-Seba.

24 E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão.

25 Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um poço.

26 Então Abimeleque veio a ele de Gerar, com Aüzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército.

27 E perguntou-lhes Isaque: Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós?

28 Responderam eles: Temos visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo,

29 que não nos farás mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor.

30 Então Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam.

31 E levantaram-se de manhã cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se despediram dele em paz.

32 Nesse mesmo dia vieram os servos de Isaque e deram-lhe notícias acerca do poço que haviam cavado, dizendo-lhe: Temos achado água.

33 E ele chamou o poço Seba; por isso é o nome da cidade Beer-Seba até o dia de hoje.

34 Ora, quando Esaú tinha quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, o heteu e a Basemate, filha de Elom, o heteu.

35 E estas foram para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.









Capítulo : 27

1 Quando Isaque já estava velho, e se lhe enfraqueciam os olhos, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho! Ele lhe respondeu: Eis-me aqui!

2 Disse-lhe o pai: Eis que agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;

3 toma, pois, as tuas armas, a tua aljava e o teu arco; e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça;

4 e faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; a fim de que a minha alma te abençoe, antes que morra.

5 Ora, Rebeca estava escutando quando Isaque falou a Esaú, seu filho. Saiu, pois, Esaú ao campo para apanhar caça e trazê-la.

6 Disse então Rebeca a Jacó, seu filho: Eis que ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão, dizendo:

7 Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante do Senhor, antes da minha morte.

8 Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te ordeno:

9 Vai ao rebanho, e traze-me de lá das cabras dois bons cabritos; e eu farei um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta;

10 e levá-lo-ás a teu pai, para que o coma, a fim de te abençoar antes da sua morte.

11 Respondeu, porém, Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é peludo, e eu sou liso.

12 Porventura meu pai me apalpará e serei a seus olhos como enganador; assim trarei sobre mim uma maldição, e não uma bênção.

13 Respondeu-lhe sua mãe: Meu filho, sobre mim caia essa maldição; somente obedece à minha voz, e vai trazer-mos.

14 Então ele foi, tomou-os e os trouxe a sua mãe, que fez um guisado saboroso como seu pai gostava.

15 Depois Rebeca tomou as melhores vestes de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho mais moço;

16 com as peles dos cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço;

17 e pôs o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó, seu filho.

18 E veio Jacó a seu pai, e chamou: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?

19 Respondeu Jacó a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te, pois, senta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.

20 Perguntou Isaque a seu filho: Como é que tão depressa a achaste, filho meu? Respondeu ele: Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro.

21 Então disse Isaque a Jacó: Chega-te, pois, para que eu te apalpe e veja se és meu filho Esaú mesmo, ou não.

22 chegou-se Jacó a Isaque, seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.

23 E não o reconheceu, porquanto as suas mãos estavam peludas, como as de Esaú seu irmão; e abençoou-o.

24 No entanto perguntou: Tu és mesmo meu filho Esaú? E ele declarou: Eu o sou.

25 Disse-lhe então seu pai: Traze-mo, e comerei da caça de meu filho, para que a minha alma te abençoe: E Jacó lho trouxe, e ele comeu; trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu.

26 Disse-lhe mais Isaque, seu pai: Aproxima-te agora, e beija-me, meu filho.

27 E ele se aproximou e o beijou; e seu pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse: Eis que o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou.

28 Que Deus te dê do orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de mosto;

29 sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem.

30 Tão logo Isaque acabara de abençoar a Jacó, e este saíra da presença de seu pai, chegou da caça Esaú, seu irmão;

31 e fez também ele um guisado saboroso e, trazendo-o a seu pai, disse-lhe: Levantate, meu pai, e come da caça de teu filho, para que a tua alma me abençoe.

32 Perguntou-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? Respondeu ele: Eu sou teu filho, o teu primogênito, Esaú.

33 Então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou caça e ma trouxe? Eu comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será bendito.

34 Esaú, ao ouvir as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai!

35 Respondeu Isaque: Veio teu irmão e com sutileza tomou a tua bênção.

36 Disse Esaú: Não se chama ele com razão Jacó, visto que já por duas vezes me enganou? tirou-me o direito de primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção. E perguntou: Não reservaste uma bênção para mim?

37 Respondeu Isaque a Esaú: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido. Que, pois, poderei eu fazer por ti, meu filho?

38 Disse Esaú a seu pai: Porventura tens uma única bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a voz, e chorou.

39 Respondeu-lhe Isaque, seu pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, longe do orvalho do alto céu;

40 pela tua espada viverás, e a teu irmão, serviras; mas quando te tornares impaciente, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço.

41 Esaú, pois, odiava a Jacó por causa da bênção com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo: Vêm chegando os dias de luto por meu pai; então hei de matar Jacó, meu irmão.

42 Ora, foram denunciadas a Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; pelo que ela mandou chamar Jacó, seu filho mais moço, e lhe disse: Eis que Esaú teu irmão se consola a teu respeito, propondo matar-te.

43 Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de Labão, meu irmão, em Harã,

44 e demora-te com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;

45 até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada de vós ambos num só dia?

46 E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas desta terra, para que viverei?







Capítulo : 28

1 Isaque, pois, chamou Jacó, e o abençoou, e ordenou-lhe, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã.

2 Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher dentre as filhas de Labão, irmão de tua mãe.

3 Deus Todo-Poderoso te abençoe, te faça frutificar e te multiplique, para que venhas a ser uma multidão de povos;

4 e te dê a bênção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que herdes a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.

5 Assim despediu Isaque a Jacó, o qual foi a Padã-Arã, a Labão, filho de Betuel, arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.

6 Ora, viu Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar de lá mulher para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã,

7 e que Jacó, obedecendo a seu pai e a sua mãe, fora a Padã-Arã;

8 vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai,

9 foi-se Esaú a Ismael e, além das mulheres que já tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote.

10 Partiu, pois, Jacó de Beer-Seba e se foi em direção a Harã;

11 e chegou a um lugar onde passou a noite, porque o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo da cabeça, deitou-se ali para dormir.

12 Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;

13 por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;

14 e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te-ás para o ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.

15 Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado.

16 Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.

17 E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus.

18 Jacó levantou-se de manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e derramou-lhe azeite em cima.

19 E chamou aquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz.

20 Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me

guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir,

21 de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus,

22 então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.









Capítulo : 29

1 Então pôs-se Jacó a caminho e chegou à terra dos filhos do Oriente.

2 E olhando, viu ali um poço no campo, e três rebanhos de ovelhas deitadas junto dele; pois desse poço se dava de beber aos rebanhos; e havia uma grande pedra sobre a boca do poço.

3 Ajuntavam-se ali todos os rebanhos; os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a pôr a pedra no seu lugar sobre a boca do poço.

4 Perguntou-lhes Jacó: Meus irmãos, donde sois? Responderam eles: Somos de Harã.

5 Perguntou-lhes mais: Conheceis a Labão, filho de Naor; Responderam: Conhecemos.

6 Perguntou-lhes ainda: vai ele bem? Responderam: Vai bem; e eis ali Raquel, sua filha, que vem chegando com as ovelhas.

7 Disse ele: Eis que ainda vai alto o dia; não é hora de se ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide apascentá-las.

8 Responderam: Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e seja removida a pedra da boca do poço; assim é que damos de beber às ovelhas.

9 Enquanto Jacó ainda lhes falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porquanto era ela quem as apascentava.

10 Quando Jacó viu a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou-se, revolveu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.

11 Então Jacó beijou a Raquel e, levantando a voz, chorou.

12 E Jacó anunciou a Raquel que ele era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca. Raquel, pois foi correndo para anunciá-lo a, seu pai.

13 Quando Labão ouviu essas novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o, beijou-o e o levou à sua casa. E Jacó relatou a Labão todas essas, coisas.

14 Disse-lhe Labão: Verdadeiramente tu és meu osso e minha carne. E Jacó ficou com ele um mês inteiro.

15 Depois perguntou Labão a Jacó: Por seres meu irmão hás de servir-me de graça? Declara-me, qual será o teu salário?

16 Ora, Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Léia, e o da mais moça Raquel.

17 Léia tinha os olhos enfermos, enquanto que Raquel era formosa de porte e de semblante.

18 Jacó, porquanto amava a Raquel, disse: Sete anos te servirei para ter a Raquel, tua filha mais moça.

19 Respondeu Labão: Melhor é que eu a dê a ti do que a outro; fica comigo.

20 Assim serviu Jacó sete anos por causa de Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo muito que a amava.

21 Então Jacó disse a Labão: Dá-me minha mulher, porque o tempo já está cumprido; para que eu a tome por mulher.

22 Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar, e fez um banquete.

23 á tarde tomou a Léia, sua filha e a trouxe a Jacó, que esteve com ela.

24 E Labão deu sua serva Zilpa por serva a Léia, sua filha.

25 Quando amanheceu, eis que era Léia; pelo que perguntou Jacó a Labão: Que é isto que me fizeste? Porventura não te servi em troca de Raquel? Por que, então, me enganaste?

26 Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra; não se dá a menor antes da primogênita.

27 Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo trabalho de outros sete anos que ainda me servirás.

28 Assim fez Jacó, e cumpriu a semana de Léia; depois Labão lhe deu por mulher sua filha Raquel.

29 E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha.

30 Então Jacó esteve também com Raquel; e amou a Raquel muito mais do que a Léia; e serviu com Labão ainda outros sete anos.

31 Viu, pois, o Senhor que Léia era desprezada e tornou-lhe fecunda a madre; Raquel, porém, era estéril.

32 E Léia concebeu e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição; agora me amará meu marido.

33 Concebeu outra vez, e deu à luz um filho; e disse: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, deu-me também este. E lhe chamou Simeão.

34 Concebeu ainda outra vez e deu à luz um filho e disse: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Portanto lhe chamou Levi.

35 De novo concebeu e deu à luz um filho; e disse: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso lhe chamou Judá. E cessou de ter filhos.







Capítulo : 30

1 Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão eu morro.

2 Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel; e disse: Porventura estou eu no lugar de Deus que te impediu o fruto do ventre?

3 Respondeu ela: Eis aqui minha serva Bila; recebe-a por mulher, para que ela dê à luz sobre os meus joelhos, e eu deste modo tenha filhos por ela.

4 Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó a conheceu.

5 Bila concebeu e deu à luz um filho a Jacó.

6 Então disse Raquel: Julgou-me Deus; ouviu a minha voz e me deu um filho; pelo que lhe chamou Dã.

7 E Bila, serva de Raquel, concebeu outra vez e deu à luz um segundo filho a Jacó.

8 Então disse Raquel: Com grandes lutas tenho lutado com minha irmã, e tenho vencido; e chamou-lhe Naftali.

9 Também Léia, vendo que cessara de ter filhos, tomou a Zilpa, sua serva, e a deu a Jacó por mulher.

10 E Zilpa, serva de Léia, deu à luz um filho a Jacó.

11 Então disse Léia: Afortunada! e chamou-lhe Gade.

12 Depois Zilpa, serva de Léia, deu à luz um segundo filho a Jacó.

13 Então disse Léia: Feliz sou eu! porque as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser.

14 Ora, saiu Rúben nos dias da ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e as trouxe a Léia, sua mãe. Então disse Raquel a Léia: Dá-me, peço, das mandrágoras de teu filho.

15 Ao que lhe respondeu Léia: É já pouco que me hajas tirado meu marido? queres tirar também as mandrágoras de meu filho? Prosseguiu Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.

16 Quando, pois, Jacó veio à tarde do campo, saiu-lhe Léia ao encontro e disse: Hás de estar comigo, porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela deitou-se Jacó aquela noite.

17 E ouviu Deus a Léia, e ela concebeu e deu a Jacó um quinto filho.

18 Então disse Léia: Deus me tem dado o meu galardão, porquanto dei minha serva a meu marido. E chamou ao filho Issacar.

19 Concebendo Léia outra vez, deu a Jacó um sexto filho;

20 e disse: Deus me deu um excelente dote; agora morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom.

21 Depois. disto deu à luz uma filha, e chamou-lhe Diná.

22 Também lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a tornou fecunda.

23 De modo que ela concebeu e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus o opróbrio.

24 E chamou-lhe José, dizendo: Acrescente-me o Senhor ainda outro filho.

25 Depois que Raquel deu à luz a José, disse Jacó a Labão: Despede-me a fim de que eu vá para meu lugar e para minha terra.

26 Dá-me as minhas mulheres, e os meus filhos, pelas quais te tenho servido, e deixame ir; pois tu sabes o serviço que te prestei.

27 Labão lhe respondeu: Se tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho percebido que o Senhor me abençoou por amor de ti.

28 E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei.

29 Ao que lhe respondeu Jacó: Tu sabes como te hei servido, e como tem passado o teu gado comigo.

30 Porque o pouco que tinhas antes da minha vinda tem se multiplicado abundantemente; e o Senhor te tem abençoado por onde quer que eu fui. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa?

31 Insistiu Labão: Que te darei? Então respondeu Jacó: Não me darás nada; tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho se me fizeres isto:

32 Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os escuros entre as ovelhas, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isto será o meu salário.

33 De modo que responderá por mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres ver o meu salário assim exposto diante de ti: tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e escuro entre as ovelhas, esse, se for achado comigo, será tido por furtado.

34 Concordou Labão, dizendo: Seja conforme a tua palavra.

35 E separou naquele mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, tudo em que havia algum branco, e todos os escuros entre os cordeiros e os deu nas mãos de seus filhos;

36 e pôs três dias de caminho entre si e Jacó; e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.

37 Então tomou Jacó varas verdes de estoraque, de amendoeira e de plátano e, descascando nelas riscas brancas, descobriu o branco que nelas havia;

38 e as varas que descascara pôs em frente dos rebanhos, nos cochos, isto é, nos bebedouros, onde os rebanhos bebiam; e conceberam quando vinham beber.

39 Os rebanhos concebiam diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas.

40 Então separou Jacó os cordeiros, e fez os rebanhos olhar para os listrados e para todos os escuros no rebanho de Labão; e pôs seu rebanho à parte, e não pôs com o rebanho de Labão.

41 e todas as vezes que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos bebedouros, diante dos olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas;

42 mas quando era fraco o rebanho, ele não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó.

43 E o homem se enriqueceu sobremaneira, e teve grandes rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos.









Capítulo : 31

1 Jacó, entretanto, ouviu as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tem levado tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai adquiriu ele todas estas, riquezas.

2 Viu também Jacó o rosto de Labão, e eis que não era para com ele como dantes.

3 Disse o Senhor, então, a Jacó: Volta para a terra de teus pais e para a tua parentela; e eu serei contigo.

4 Pelo que Jacó mandou chamar a Raquel e a Léia ao campo, onde estava o seu rebanho,

5 e lhes disse: vejo que o rosto de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo.

6 Ora, vós mesmas sabeis que com todas as minhas forças tenho servido a vosso pai.

7 Mas vosso pai me tem enganado, e dez vezes mudou o meu salário; Deus, porém, não lhe permitiu que me fizesse mal.

8 Quando ele dizia assim: Os salpicados serão o teu salário; então todo o rebanho dava salpicados. E quando ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então todo o rebanho dava listrados.

9 De modo que Deus tem tirado o gado de vosso pai, e mo tem dado a mim.

10 Pois sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, levantei os olhos e num sonho vi que os bodes que cobriam o rebanho eram listrados, salpicados e malhados.

11 Disse-me o anjo de Deus no sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui.

12 Prosseguiu o anjo: Levanta os teus olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te vem fazendo.

13 Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te, pois, sai-te desta terra e volta para a terra da tua parentela.

14 Então lhe responderam Raquel e Léia: Temos nós ainda parte ou herança na casa de nosso pai?

15 Não somos tidas por ele como estrangeiras? pois nos vendeu, e consumiu todo o nosso preço.

16 Toda a riqueza que Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos; portanto, faze tudo o que Deus te mandou.

17 Levantou-se, pois, Jacó e fez montar seus filhos e suas mulheres sobre os camelos;

18 e levou todo o seu gado, e toda a sua fazenda, que havia adquirido, o gado que possuía, que havia adquirido em Padã-Arã, a fim de ir ter com Isaque, seu pai, à terra de Canaã.

19 Ora, tendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, Raquel furtou os ídolos que pertenciam a seu pai.

20 Jacó iludiu a Labão, o arameu, não lhe fazendo saber que fugia;

21 e fugiu com tudo o que era seu; e, levantando-se, passou o Rio, e foi em direção à montanha de Gileade.

22 Ao terceiro dia foi Labão avisado de que Jacó havia fugido.

23 Então, tomando consigo seus irmãos, seguiu atrás de Jacó jornada de sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade.

24 Mas Deus apareceu de noite em sonho a Labão, o arameu, e disse-lhe: Guardate, que não fales a Jacó nem bem nem mal.

25 Alcançou, pois, Labão a Jacó. Ora, Jacó tinha armado a sua tenda na montanha; armou também Labão com os seus irmãos a sua tenda na montanha de Gileade.

26 Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que me iludiste e levaste minhas filhas como cativas da espada?

27 Por que fizeste ocultamente, e me iludiste e não mo fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria e com cânticos, ao som de tambores e de harpas;

28 Por que não me permitiste beijar meus filhos e minhas filhas? Ora, assim procedeste nesciamente.

29 Está no poder da minha mão fazer-vos o mal, mas o Deus de vosso pai falou-me ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal.

30 Mas ainda que quiseste ir embora, porquanto tinhas saudades da casa de teu pai, por que furtaste os meus deuses?

31 Respondeu-lhe Jacó: Porque tive medo; pois dizia comigo que tu me arrebatarias as tuas filhas.

32 Com quem achares os teus deuses, porém, esse não viverá; diante de nossos irmãos descobre o que é teu do que está comigo, e leva-o contigo. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.

33 Entrou, pois, Labão na tenda de Jacó, na tenda de Léia e na tenda das duas servas, e não os achou; e, saindo da tenda de Léia, entrou na tenda de Raquel.

34 Ora, Raquel havia tomado os ídolos e os havia metido na albarda do camelo, e se assentara em cima deles. Labão apalpou toda a tenda, mas não os achou.

35 E ela disse a seu pai: Não se acenda a ira nos olhos de meu senhor, por eu não me poder levantar na tua presença, pois estou com o incômodo das mulheres. Assim ele procurou, mas não achou os ídolos.

36 Então irou-se Jacó e contendeu com Labão, dizendo: Qual é a minha transgressão? qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?

37 Depois de teres apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis da tua casar. Põe-no aqui diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que eles julguem entre nós ambos.

38 Estes vinte anos estive eu contigo; as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi os carneiros do teu rebanho.

39 Não te trouxe eu o despedaçado; eu sofri o dano; da minha mão requerias tanto o furtado de dia como o furtado de noite.

40 Assim andava eu; de dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o sono me fugia dos olhos.

41 Estive vinte anos em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; dez vezes mudaste o meu salário.

42 Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque não fora por mim, certamente hoje me mandarias embora vazio. Mas Deus tem visto a minha aflição e o trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.

43 Respondeu-lhe Labão: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é meu rebanho, e tudo o que vês é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou aos filhos que elas tiveram?

44 Agora pois vem, e façamos um pacto, eu e tu; e sirva ele de testemunha entre mim e ti.

45 Então tomou Jacó uma pedra, e a erigiu como coluna.

46 E disse a seus irmãos: Ajuntai pedras. Tomaram, pois, pedras e fizeram um montão, e ali junto ao montão comeram.

47 Labão lhe chamou Jegar-Saaduta, e Jacó chamou-lhe Galeede.

48 Disse, pois, Labão: Este montão é hoje testemunha entre mim e ti. Por isso foi chamado Galeede;

49 e também Mizpá, porquanto disse: Vigie o Senhor entre mim e ti, quando estivermos apartados um do outro.

50 Se afligires as minhas filhas, e se tomares outras mulheres além das minhas filhas, embora ninguém esteja conosco, lembra-te de que Deus é testemunha entre mim e ti.

51 Disse ainda Labão a Jacó: Eis aqui este montão, e eis aqui a coluna que levantei entre mim e ti.

52 Seja este montão testemunha, e seja esta coluna testemunha de que, para mal, nem passarei eu deste montão a ti, nem passarás tu deste montão e desta coluna a mim.

53 O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo Temor de seu pai Isaque.

54 Então Jacó ofereceu um sacrifício na montanha, e convidou seus irmãos para comerem pão; e, tendo comido, passaram a noite na montanha.

55 Levantou-se Labão de manhã cedo, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo, voltou para o seu lugar.











Capítulo : 32

1 Jacó também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os anjos de Deus.

2 Quando Jacó os viu, disse: Este é o exército de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim.

3 Então enviou Jacó mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de Edom,

4 tendo-lhes ordenado: Deste modo falareis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como peregrino morei com Labão, e com ele fiquei até agora;

5 e tenho bois e jumentos, rebanhos, servos e servas; e mando comunicar isso a meu senhor, para achar graça aos teus olhos.

6 Depois os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos ter com teu irmão Esaú; e, em verdade, vem ele para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.

7 Jacó teve muito medo e ficou aflito; dividiu em dois bandos o povo que estava com ele, bem como os rebanhos, os bois e os camelos;

8 pois dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará.

9 Disse mais Jacó: o Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me disseste: Volta para a tua terra, e para a tua parentela, e eu te farei bem!

10 Não sou digno da menor de todas as tuas beneficências e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo; porque com o meu cajado passei este Jordão, e agora volto em dois bandos.

11 Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque eu o temo; acaso não venha ele matar-me, e a mãe com os filhos.

12 Pois tu mesmo disseste: Certamente te farei bem, e farei a tua descendência como a areia do mar, que pela multidão não se pode contar.

13 Passou ali aquela noite; e do que tinha tomou um presente para seu irmão Esaú:

14 duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros,

15 trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos.

16 Então os entregou nas mãos dos seus servos, cada manada em separado; e disse a seus servos: Passai adiante de mim e ponde espaço entre manada e manada.

17 E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem és, e para onde vais, e de quem são estes diante de ti?

18 Então responderás: São de teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú, e eis que ele vem também atrás de nos.

19 Ordenou igualmente ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás das manadas, dizendo: Desta maneira falareis a Esaú quando o achardes.

20 E direis também: Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Aplacá-lo-ei com o presente, que vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura ele me aceitará.

21 Foi, pois, o presente adiante dele; ele, porém, passou aquela noite no arraial.

22 Naquela mesma noite levantou-se e, tomando suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos, passou o vau de Jaboque.

23 Tomou-os, e fê-los passar o ribeiro, e fez passar tudo o que tinha.

24 Jacó, porém, ficou só; e lutava com ele um homem até o romper do dia.

25 Quando este viu que não prevalecia contra ele, tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, enquanto lutava com ele.

26 Disse o homem: Deixa-me ir, porque já vem rompendo o dia. Jacó, porém, respondeu: Não te deixarei ir, se me não abençoares.

27 Perguntou-lhe, pois: Qual é o teu nome? E ele respondeu: Jacó.

28 Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido.

29 Perguntou-lhe Jacó: Dize-me, peço-te, o teu nome. Respondeu o homem: Por que perguntas pelo meu nome? E ali o abençoou.

30 Pelo que Jacó chamou ao lugar Peniel, dizendo: Porque tenho visto Deus face a face, e a minha vida foi preservada.

31 E nascia o sol, quando ele passou de Peniel; e coxeava de uma perna.

32 Por isso os filhos de Israel não comem até o dia de hoje o nervo do quadril, que está sobre a juntura da coxa, porquanto o homem tocou a juntura da coxa de Jacó no nervo do quadril.









Capítulo : 33

1 Levantou Jacó os olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então repartiu os filhos entre Léia, e Raquel, e as duas servas.

2 Pôs as servas e seus filhos na frente, Léia e seus filhos atrás destes, e Raquel e José por últimos.

3 Mas ele mesmo passou adiante deles, e inclinou-se em terra sete vezes, até chegar perto de seu irmão.

4 Então Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles choraram.

5 E levantando Esaú os olhos, viu as mulheres e os meninos, e perguntou: Quem são estes contigo? Respondeu-lhe Jacó: Os filhos que Deus bondosamente tem dado a teu servo.

6 Então chegaram-se as servas, elas e seus filhos, e inclinaram-se.

7 Chegaram-se também Léia e seus filhos, e inclinaram-se; depois chegaram-se José e Raquel e se inclinaram.

8 Perguntou Esaú: Que queres dizer com todo este bando que tenho encontrado? Respondeu Jacó: Para achar graça aos olhos de meu senhor.

9 Mas Esaú disse: Tenho bastante, meu irmão; seja teu o que tens.

10 Replicou-lhe Jacó: Não, mas se agora tenho achado graça aos

teus olhos, aceita o presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tu te agradaste de mim.

11 Aceita, peço-te, o meu presente, que eu te trouxe; porque Deus tem sido bondoso para comigo, e porque tenho de tudo. E insistiu com ele, e ele o aceitou.

12 Então Esaú disse: Ponhamo-nos a caminho e vamos; eu irei adiante de ti.

13 Respondeu-lhe Jacó: Meu senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas de leite; se forem obrigadas a caminhar demais por um só dia, todo o rebanho morrerá.

14 Passe o meu senhor adiante de seu servo; e eu seguirei, conduzindo-os calmamente, conforme o passo do gado que está diante de mim, e conforme o passo dos meninos, até que chegue a meu senhor em Seir.

15 Ao que disse Esaú: Permite ao menos que eu deixe contigo alguns da minha gente. Replicou Jacó: Para que? Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor.

16 Assim tornou Esaú aquele dia pelo seu caminho em direção a Seir.

17 Jacó, porém, partiu para Sucote, e edificou para si uma casa, e fez barracas para o seu gado; por isso o lugar se chama Sucote.

18 Depois chegou Jacó em paz à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando veio de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade.

19 E comprou a parte do campo, em que estendera a sua tenda, dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro.

20 Então levantou ali um altar, e chamou-lhe o El-Eloé-Israel.










Capítulo : 34

1 Diná, filha de Léia, que esta tivera de Jacó, saiu para ver as filhas da terra.

2 Viu-a Siquém, filho de Hamor o heveu, príncipe da terra; e, tomando-a, deitou-se com ela e humilhou-a.

3 Assim se apegou a sua alma a Diná, filha de Jacó, e, amando a donzela, falou-lhe afetuosamente.

4 Então disse Siquém a Hamor seu pai: Consegue-me esta donzela por mulher.

5 Ora, Jacó ouviu que Siquém havia contaminado a Diná sua filha. Entretanto, estando seus filhos no campo com o gado, calou-se Jacó até que viessem.

6 Hamor, pai de Siquém, saiu a fim de falar com Jacó.

7 Os filhos de Jacó, pois, vieram do campo logo que souberam do caso; e entristeceram-se e iraram-se muito, porque Siquém havia cometido uma insensatez em Israel, deitando-se com a filha de Jacó, coisa que não se devia fazer.

8 Então falou Hamor com eles, dizendo: A alma de meu filho Siquém afeiçoou-se fortemente a vossa filha; dai-lha, peço-vos, por mulher.

9 Também aparentai-vos conosco; dai-nos as vossas filhas e recebei as nossas.

10 Assim habitareis conosco; a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e nela adquiri propriedades.

11 Depois disse Siquém ao pai e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos, e darei o que me disserdes;

12 exigi de mim o que quiserdes em dote e presentes, e darei o que me pedirdes; somente dai-me a donzela por mulher.

13 Então os filhos de Jacó, respondendo, falaram enganosamente a Siquém e a Hamor, seu pai, porque Siquém havia contaminado a Diná, sua irmã,

14 e lhes disseram: Não podemos fazer p isto, dar a nossa irmã a um homem incircunciso; porque isso seria uma vergonha para nós.

15 Sob esta única condição consentiremos; se vos tornardes como nós, circuncidando-se todo varão entre vós;

16 então vos daremos nossas filhas a vós, e receberemos vossas filhas para nós; assim habitaremos convosco e nos tornaremos um só povo.

17 Mas se não nos ouvirdes, e não vos circuncidardes, levaremos nossa filha e nos iremos embora.

18 E suas palavras agradaram a Hamor e a Siquém, seu filho.

19 Não tardou, pois, o mancebo em fazer isso, porque se agradava da filha de Jacó. Era ele o mais honrado de toda a casa de seu pai.

20 Vieram, pois, Hamor e Siquém, seu filho, à porta da sua cidade, e falaram aos homens da cidade, dizendo:

21 Estes homens são pacíficos para conosco; portanto habitem na terra e negociem nela, pois é bastante espaçosa para eles. Recebamos por mulheres as suas filhas, e lhes demos as nossas.

22 Mas sob uma única condição é que consentirão aqueles homens em habitar conosco para nos tornarmos um só povo: se todo varão entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.

23 O seu gado, as suas aquisições, e todos os seus animais, não serão nossos? consintamos somente com eles, e habitarão conosco.

24 E deram ouvidos a Hamor e a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e foi circuncidado todo varão, todos os que saíam pela porta da sua cidade.

25 Ao terceiro dia, quando os homens estavam doridos, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, entraram na cidade com toda a segurança e mataram todo varão.

26 Mataram também ao fio da espada a Hamor e a Siquém, seu filho; e, tirando Diná da casa de Siquém, saíram.

27 Vieram os filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade; porquanto haviam contaminado a sua irmã.

28 Tomaram-lhes os rebanhos, os bois, os jumentos, e o que havia tanto na cidade como no campo;

29 e todos os seus bens, e todos os seus pequeninos, e as suas mulheres, levaram por presa; e despojando as casas, levaram tudo o que havia nelas.

30 Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me perturbado, fazendo-me odioso aos habitantes da terra, aos cananeus e perizeus. Tendo eu pouca gente, eles se ajuntarão e me ferirão; e serei destruído, eu com minha casa.

31 Ao que responderam: Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?










Capítulo : 35

1 Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da face de Esaú, teu irmão.

2 Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos e mudai as vossas vestes.

3 Levantemo-nos, e subamos a Betel; ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho por onde andei.

4 Entregaram, pois, a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham nas mãos, e as arrecadas que pendiam das suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.

5 Então partiram; e o terror de Deus sobreveio às cidades que lhes estavam ao redor, de modo que não perseguiram os filhos de Jacó.

6 Assim chegou Jacó à Luz, que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que estava com ele.

7 Edificou ali um altar, e chamou ao lugar El-Betel; porque ali Deus se lhe tinha manifestado quando fugia da face de seu irmão.

8 Morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho, ao qual se chamou Alom-Bacute.

9 Apareceu Deus outra vez a Jacó, quando ele voltou de Padã-Arã, e o abençoou.

10 E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. Chamou-lhe Israel.

11 Disse-lhe mais: Eu sou Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos;

12 a terra que dei a Abraão e a Isaque, a ti a darei; também à tua descendência depois de ti a darei.

13 E Deus subiu dele, do lugar onde lhe falara.

14 Então Jacó erigiu uma coluna no lugar onde Deus lhe falara, uma coluna de pedra; e sobre ela derramou uma libação e deitou-lhe também azeite;

15 e Jacó chamou Betel ao lugar onde Deus lhe falara.

16 Depois partiram de Betel; e, faltando ainda um trecho pequeno para chegar a Efrata, Raquel começou a sentir dores de parto, e custou-lhe o dar à luz.

17 Quando ela estava nas dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas, pois ainda terás este filho.

18 Então Raquel, ao sair-lhe a alma (porque morreu), chamou ao filho Benôni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim.

19 Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata (esta é Bete-Leém).

20 E Jacó erigiu uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje.

21 Então partiu Israel, e armou a sua tenda além de Migdal-Eder.

22 Quando Israel habitava naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube. Eram doze os filhos de Jacó:

23 Os filhos de Léia: Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom;

24 os filhos de Raquel: José e Benjamim;

25 os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali;

26 os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.

27 Jacó veio a seu pai Isaque, a Manre, a Quiriate-Arba (esta é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque.

28 Foram os dias de Isaque cento e oitenta anos;

29 e, exalando o espírito, morreu e foi congregado ao seu povo, velho e cheio de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram.










Capítulo : 36

1 Estas são as gerações de Esaú (este é Edom):

2 Esaú tomou dentre as filhas de Canaã suas mulheres: Ada, filha de Elom o heteu, e Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão o heveu,

3 e Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.

4 Ada teve de Esaú a Elifaz, e Basemate teve a Reuel; e Aolíbama teve a Jeús, Jalão e Corá; estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.

6 Depois Esaú tomou suas mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as almas de sua casa, seu gado, todos os seus animais e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de Canaã, e foi-se para outra terra, apartando-se de seu irmão Jacó.

7 Porque os seus bens eram abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.

8 Portanto Esaú habitou no monte de Seir; Esaú é Edom.

9 Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:

10 Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.

11 E os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gatã e Quenaz.

12 Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque. São esses os filhos de Ada, mulher de Esaú.

13 Foram estes os filhos de Reuel: Naate e Zerá, Sama e Mizá. Foram esses os filhos de Basemate, mulher de Esaú.

14 Estes foram os filhos de Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão, mulher de Esaú: ela teve de Esaú Jeús, Jalão e Corá.

15 São estes os chefes dos filhos de Esaú: dos filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, os chefes Temã, Omar, Zefô, Quenaz,

16 Corá, Gatã e Amaleque. São esses os chefes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; esses são os filhos de Ada.

17 Estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: os chefes Naate, Zerá, Sama e Mizá; esses são os chefes que nasceram a Reuel na terra de Edom; esses são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.

18 Estes são os filhos de Aolíbama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e Corá; esses são os chefes que nasceram a Líbama, filha de Ana, mulher de Esaú.

19 Esses são os filhos de Esaú, e esses seus príncipes: ele é Edom. 20 São estes os filhos de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,

21 Disom, Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.

22 Os filhos de Lotã foram: Hori e Hemã; e a irmã de Lotã era Timna.

23 Estes são os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onão.

24 Estes são os filhos de Zibeão: Aías e Anás; este é o Anás que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.

25 São estes os filhos de Ana: Disom e Aolíbama, filha de Ana.

26 São estes os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.

27 Estes são os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.

28 Estes são os filhos de Disã: Uz e Arã.

29 Estes são os chefes dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,

30 Disom, Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus que governaram na terra de Seir.

31 São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.

32 Reinou, pois, em Edom Belá, filho de Beor; e o nome da sua cidade era Dinabá.

33 Morreu Belá; e Jobabe, filho de Zerá de Bozra, reinou em seu lugar.

34 Morreu Jobabe; e Husão, da terra dos temanitas, reinou em seu lugar.

35 Morreu Husão; e em seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe; e o nome da sua cidade era Avite.

36 Morreu Hadade; e Sâmela de Masreca reinou em seu lugar.

37 Morreu Sâmela; e Saul de Reobote junto ao rio reinou em seu lugar.

38 Morreu Saul; e Baal-Hanã, filho de Acbor, reinou em seu lugar.

39 Morreu Baal-Hanã, filho de Acbor; e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade era Paú; e o nome de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.

40 Estes são os nomes dos chefes dos filhos de Esaú, segundo as suas famílias, segundo os seus lugares, pelos seus nomes: os chefes Timna, Alva, Jetete,

41 Aolíbama, Elá, Pinom,

42 Quenaz, Temã, Mibzar,

43 Magdiel e Irão; esses são os chefes de Edom, segundo as suas habitações, na terra ,da sua possessão. Este é Esaú, pai dos edomeus.








Capítulo : 37

1 Jacó habitava na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.

2 Estas são as gerações de Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a respeito deles.

3 Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.

4 Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam falar pacificamente.

5 José teve um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.

6 Pois ele lhes disse: Ouvi, peço-vos, este sonho que tive:

7 Estávamos nós atando molhos no campo, e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.

8 Responderam-lhe seus irmãos: Tu pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas palavras.

9 Teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim.

10 Quando o contou a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é esse que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos com o rosto em terra diante de ti?

11 Seus irmãos, pois, o invejavam; mas seu pai guardava o caso no seu coração.

12 Ora, foram seus irmãos apascentar o rebanho de seu pai, em Siquém.

13 Disse, pois, Israel a José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui.

14 Disse-lhe Israel: Vai, vê se vão bem teus irmãos, e o rebanho; e traze-me resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom; e José foi a Siquém.

15 E um homem encontrou a José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que procuras?

16 Respondeu ele: Estou procurando meus irmãos; dize-me, peço-te, onde apascentam eles o rebanho.

17 Disse o homem: Foram-se daqui; pois ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu seus irmãos, e os achou em Dotã.

18 Eles o viram de longe e, antes que chegasse aonde estavam, conspiraram contra ele, para o matarem,

19 dizendo uns aos outros: Eis que lá vem o sonhador!

20 Vinde pois agora, matemo-lo e lancemo-lo numa das covas; e diremos: uma besta-fera o devorou. Veremos, então, o que será dos seus sonhos.

21 Mas Rúben, ouvindo isso, livrou-o das mãos deles, dizendo: Não lhe tiremos a vida.

22 Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mão nele. Disse isto para livrá-lo das mãos deles, a fim de restituí-lo a seu pai.

23 Logo que José chegou a seus irmãos, estes o despiram da sua túnica, a túnica de várias cores, que ele trazia;

24 e tomando-o, lançaram-no na cova; mas a cova estava vazia, não havia água nela.

25 Depois sentaram-se para comer; e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade; nos seus camelos traziam tragacanto, bálsamo e mirra, que iam levar ao Egito.

26 Disse Judá a seus irmãos: De que nos aproveita matar nosso irmão e encobrir o seu sangue?

27 Vinde, vendamo-lo a esses ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, nossa carne. E escutaram-no seus irmãos.

28 Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.

29 Ora, Rúben voltou à cova, e eis que José não estava na cova; pelo que rasgou as suas vestes

30 e, tornando a seus irmãos, disse: O menino não aparece; e eu, aonde irei?

31 Tomaram, então, a túnica de José, mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.

32 Enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai e dizer-lhe: Achamos esta túnica; vê se é a túnica de teu filho, ou não.

33 Ele a reconheceu e exclamou: A túnica de meu filho! Uma besta-fera o devorou; certamente José foi despedaçado.

34 Então Jacó rasgou as suas vestes, e pôs saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho por muitos dias.

35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o Seol. Assim o chorou seu pai.

36 Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.












Capítulo : 38

1 Nesse tempo Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa dum adulamita, que se chamava Hira,

2 e viu Judá ali a filha de um cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela.

3 Ela concebeu e teve um filho, e o pai chamou-lhe Er.

4 Tornou ela a conceber e teve um filho, a quem ela chamou Onã.

5 Teve ainda mais um filho, e chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o teve.

6 Depois Judá tomou para Er, o seu primogênito, uma mulher, por nome Tamar.

7 Ora, Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.

8 Então disse Judá a Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita descendência a teu irmão.

9 Onã, porém, sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência a seu irmão.

10 E o que ele fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.

11 Então disse Judá a Tamar sua nora: Conserva-te viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho, venha a ser homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai.

12 Com o correr do tempo, morreu a filha de Suá, mulher de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a Timnate para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo, o adulamita.

13 E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timnate para tosquiar as suas ovelhas.

14 Então ela se despiu dos vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e assim envolvida, assentou-se à porta de Enaim que está no caminho de Timnate; porque via que Selá já era homem, e ela lhe não fora dada por mulher.

15 Ao vê-la, Judá julgou que era uma prostituta, porque ela havia coberto o rosto.

16 E dirigiu-se para ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo; porquanto não sabia que era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo?

17 Respondeu ele: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda: Dar-me-ás um penhor até que o envies?

18 Então ele respondeu: Que penhor é o que te darei? Disse ela: O teu selo com a corda, e o cajado que está em tua mão. Ele, pois, lhos deu, e esteve com ela, e ela concebeu dele.

19 E ela se levantou e se foi; tirou de si o véu e vestiu os vestidos da sua viuvez.

20 Depois Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o penhor da mão da mulher; porém ele não a encontrou.

21 Pelo que perguntou aos homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao caminho? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.

22 Voltou, pois, a Judá e disse: Não a achei; e também os homens daquele lugar disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.

23 Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor, para que não caiamos em desprezo; eis que enviei este cabrito, mas tu não a achaste.

24 Passados quase três meses, disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida da sua prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.

25 Quando ela estava sendo tirada para fora, mandou dizer a seu sogro: Do homem a quem pertencem estas coisas eu concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são estes, o selo com o cordão, e o cajado.

26 Reconheceu-os, pois, Judá, e disse: Ela é mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá. E nunca mais a conheceu.

27 Sucedeu que, ao tempo de ela dar à luz, havia gêmeos em seu ventre;

28 e dando ela à luz, um pôs fora a mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão, dizendo: Este saiu primeiro.

29 Mas recolheu ele a mão, e eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse: Como tens tu rompido! Portanto foi chamado Pérez.

30 Depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio encamado; e foi chamado Zerá.









Capítulo : 39

1 José foi levado ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá.

2 Mas o Senhor era com José, e ele tornou-se próspero; e estava na casa do seu senhor, o egípcio.

3 E viu o seu senhor que Deus era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia.

4 Assim José achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.

5 Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo.

6 Potifar deixou tudo na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. Ora, José era formoso de porte e de semblante.

7 E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse: Deita-te comigo.

8 Mas ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe o que está comigo na sua casa, e entregou em minha mão tudo o que tem;

9 ele não é maior do que eu nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua mulher. Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra Deus?

10 Entretanto, ela instava com José dia após dia; ele, porém, não lhe dava ouvidos, para se deitar com ela, ou estar com ela.

11 Mas sucedeu, certo dia, que entrou na casa para fazer o seu serviço; e nenhum dos homens da casa estava lá dentro.

12 Então ela, pegando-o pela capa, lhe disse: Deita-te comigo! Mas ele, deixando a capa na mão dela, fugiu, escapando para fora.

13 Quando ela viu que ele deixara a capa na mão dela e fugira para fora,

14 chamou pelos homens de sua casa, e disse-lhes: Vede! Meu marido trouxe-nos um hebreu para nos insultar; veio a mim para se deitar comigo, e eu gritei em alta voz;

15 e ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava, deixou, aqui a sua capa e fugiu, escapando para fora.

16 Ela guardou a capa consigo, até que o senhor dele voltou a casa.

17 Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio a mim para me insultar;

18 mas, levantando eu a voz e gritando, ele deixou comigo a capa e fugiu para fora.

19 Tendo o seu senhor ouvido as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Desta maneira me fez teu servo, a sua ira se acendeu.

20 Então o senhor de José o tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os presos do rei estavam encarcerados; e ele ficou ali no cárcere.

21 O Senhor, porém, era com José, estendendo sobre ele a sua benignidade e dando-lhe graça aos olhos do carcereiro,

22 o qual entregou na mão de José todos os presos que estavam no cárcere; e era José quem ordenava tudo o que se fazia ali.

23 E o carcereiro não tinha cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porquanto o Senhor era com ele, fazendo prosperar tudo quanto ele empreendia.










Capítulo : 40

1 Depois destas coisas o copeiro do rei do Egito e o seu padeiro ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.

2 Pelo que se indignou Faraó contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor;

3 e mandou detê-los na casa do capitão da guarda, no cárcere onde José estava preso;

4 e o capitão da guarda pô-los a cargo de José, que os servia. Assim estiveram por algum tempo em detenção.

5 Ora, tiveram ambos um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam presos no cárcere:

6 Quando José veio a eles pela manhã, viu que estavam perturbados:

7 Perguntou, pois, a esses oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão os vossos semblantes tão tristes hoje?

8 Responderam-lhe: Tivemos um sonho e ninguém há que o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura não pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.

9 Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, dizendo-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante de mim,

10 e na vide três sarmentos; e, tendo a vide brotado, saíam as suas flores, e os seus cachos produziam uvas maduras.

11 O copo de Faraó estava na minha mão; e, tomando as uvas, eu as espremia no copo de Faraó e entregava o copo na mão de Faraó.

12 Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: Os três sarmentos são três dias;

13 dentro de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo; e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.

14 Mas lembra-te de mim, quando te for bem; usa, peço-te, de compaixão para comigo e faze menção de mim a Faraó e tira-me desta casa;

15 porque, na verdade, fui roubado da terra dos hebreus; e aqui também nada tenho feito para que me pusessem na masmorra.

16 Quando o padeiro-mor viu que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos de pão branco estavam sobre a minha cabeça.

17 E no cesto mais alto havia para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os padeiros; e as aves os comiam do cesto que estava sobre a minha cabeça.

18 Então respondeu José: Esta é a interpretação do sonho: Os três cestos são três dias;

19 dentro de três dias tirará Faraó a tua cabeça, e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.

20 E aconteceu ao terceiro dia, o dia natalício de Faraó, que este deu um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no meio dos seus servos;

21 e restaurou o copeiro-mor ao seu cargo de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó;

22 mas ao padeiro-mor enforcou, como José lhes havia interpretado.

23 O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.













Capítulo : 41

1 Passados dois anos inteiros, Faraó sonhou que estava em pé junto ao rio Nilo;

2 e eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no carriçal.

3 Após elas subiam do rio outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas à beira do Nilo.

4 E as vacas feias à vista e magras de carne devoravam as sete formosas à vista e gordas. Então Faraó acordou.

5 Depois dormiu e tornou a sonhar; e eis que brotavam dum mesmo pé sete espigas cheias e boas.

6 Após elas brotavam sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental;

7 e as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou, e eis que era um sonho.

8 Pela manhã o seu espírito estava perturbado; pelo que mandou chamar todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios; e Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas não havia quem lhos interpretasse.

9 Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Das minhas faltas me lembro hoje:

10 Faraó estava muito indignado contra os seus servos, e entregou-me à prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mor.

11 Então tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele; sonhamos, cada um conforme a interpretação do seu sonho.

12 Ora, estava ali conosco um mancebo hebreu, servo do capitão da guarda, ao qual contamos os nossos sonhos, e ele no-los interpretou, a cada um conforme o seu sonho.

13 E conforme a sua interpretação, assim mesmo aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e ele foi enforcado.

14 Então mandou Faraó chamar a José, e o fizeram sair apressadamente da masmorra; ele se barbeou, mudou de traje e apresentou-se a Faraó.

15 E Faraó disse a José: Tive um sonho, e não há quem o interprete; de ti, porém, ouvi dizer que ouvindo contar um sonho, podes interpretá-lo.

16 Respondeu-lhe José: Isso não está em mim; Deus é que dará uma resposta de paz a Faraó.

17 Então disse Faraó a José: Em meu sonho estava eu em pé à beira do Nilo;

18 e eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no carriçal.

19 Após elas subiam outras sete vacas, fracas, muito feias à vista e magras de carne, tão feias quais nunca vi em toda a terra do Egito.

20 E as vacas magras e feias devoravam as primeiras sete vacas gordas;

21 e depois de as terem consumido, não se podia reconhecer que as houvessem consumido; porque o seu aspecto ainda era tão feio como no princípio. Então acordei.

22 Depois vi em meu sonho, e eis que de uma só cana subiam sete espigas cheias e boas.

23 Após elas brotavam sete espigas murchas, miúdas e queimadas do vento oriental;

24 e as espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. Ora, contei isto aos magos, mas não houve quem mo interpretasse.

25 Então lhe disse José: O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.

26 As sete vacas boas são sete anos; as sete espigas boas também são sete anos; o sonho e um só.

27 De igual modo as sete vacas magras e feias, que subiam depois delas, são sete anos, bem como o são as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental; serão eles sete anos de fome.

28 É isto o que eu disse a Faraó; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.

29 Eis que vêm sete anos de grande fartura em toda a terra do Egito;

30 a estes seguirão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito e a fome consumirá a terra;

31 e não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que seguirá; porquanto será gravíssima.

32 Ora, se o sonho foi duplicado a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e ele brevemente a fará.

33 Portanto, proveja-se agora Faraó de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.

34 Faça isto Faraó: nomeie administradores sobre a terra, que tomem a quinta parte dos produtos da terra do Egito nos sete anos de fartura;

35 e ajuntem eles todo o mantimento destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades e o guardem;

36 assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.

37 Esse parecer foi bom aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.

38 Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus?

39 Depois disse Faraó a José: Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.

40 Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu.

41 Disse mais Faraó a José: Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito.

42 E Faraó tirou da mão o seu anel-sinete e pô-lo na mão de José, vestiu-o de traje de linho fino, e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro.

43 Ademais, fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Assim Faraó o constituiu sobre toda a terra do Egito.

44 Ainda disse Faraó a José: Eu sou Faraó; sem ti, pois, ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do Egito.

45 Faraó chamou a José Zafnate-Paneã, e deu-lhe por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Depois saiu José por toda a terra do Egito.

46 Ora, José era da idade de trinta anos, quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.

47 Durante os sete anos de fartura a terra produziu a mancheias;

48 e José ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou nas cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, guardou-o dentro da mesma.

49 Assim José ajuntou muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se podia mais contá-lo.

50 Antes que viesse o ano da fome, nasceram a José dois filhos, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.

51 E chamou José ao primogênito Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai.

52 Ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.

53 Acabaram-se, então, os sete anos de fartura que houve na terra do Egito;

54 e começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras; porém, em toda a terra do Egito havia pão.

55 Depois toda a terra do Egito teve fome, e o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.

56 De modo que, havendo fome sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.

57 Também de todas as terras vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.




Capítulo : 42



1 Ora, Jacó soube que havia trigo no Egito, e disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?

2 Disse mais: Tenho ouvido que há trigo no Egito; descei até lá, e de lá comprai-o para nós, a fim de que vivamos e não morramos.

3 Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.

4 Mas a Benjamim, irmão de José, não enviou Jacó com os seus irmãos, pois disse: Para que, porventura, não lhe suceda algum desastre.

5 Assim entre os que iam lá, foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na terra de Canaã.

6 José era o governador da terra; era ele quem vendia a todo o povo da terra; e vindo os irmãos de José, prostraram-se diante dele com o rosto em terra.

7 José, vendo seus irmãos, reconheceu-os; mas portou-se como estranho para com eles, falou-lhes asperamente e perguntou-lhes: Donde vindes? Responderam eles: Da terra de Canaã, para comprarmos mantimento.

8 José, pois, reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram.

9 Lembrou-se então José dos sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes: Vós sois espias, e viestes para ver a nudez da terra.

10 Responderam-lhe eles: Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.

11 Nós somos todos filhos de um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são espias.

12 Replicou-lhes: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.

13 Mas eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem da terra de Canaã; o mais novo está hoje com nosso pai, e outro já não existe.

14 Respondeu-lhe José: É assim como vos disse; sois espias.

15 Nisto sereis provados: Pela vida de Faraó, não saireis daqui, a menos que venha para cá vosso irmão mais novo.

16 Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, a fim de serem provadas as vossas palavras, se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois espias.

17 E meteu-os juntos na prisão por três dias.

18 Ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; porque eu temo a Deus.

19 Se sois homens de retidão, que fique um dos irmãos preso na casa da vossa prisão; mas ide vós, levai trigo para a fome de vossas casas,

20 e trazei-me o vosso irmão mais novo; assim serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram.

21 Então disseram uns aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é por isso que vem sobre nós esta angústia.

22 Respondeu-lhes Rúben: Não vos dizia eu: Não pequeis contra o menino; Mas não quisestes ouvir; por isso agora é requerido de nós o seu sangue.

23 E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.

24 Nisto José se retirou deles e chorou. Depois tornou a eles, falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles, e o amarrou perante os seus olhos.

25 Então ordenou José que lhes enchessem de trigo os sacos, que lhes restituíssem o dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem provisões para o caminho. E assim lhes foi feito.

26 Eles, pois, carregaram o trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.

27 Quando um deles abriu o saco, para dar forragem ao seu jumento na estalagem, viu o seu dinheiro, pois estava na boca do saco.

28 E disse a seus irmãos: Meu dinheiro foi-me devolvido; ei-lo aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração e, tremendo, viravam-se uns para os outros, dizendo: Que é isto que Deus nos tem feito?

29 Depois vieram para Jacó, seu pai, na terra de Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes acontecera, dizendo:

30 O homem, o senhor da terra, falou-nos asperamente, e tratou-nos como espias da terra;

31 mas dissemos-lhe: Somos homens de retidão; não somos espias;

32 somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um já não existe e o mais novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã.

33 Respondeu-nos o homem, o senhor da terra: Nisto conhecerei que vós sois homens de retidão: Deixai comigo um de vossos irmãos, levai trigo para a fome de vossas casas, e parti,

34 e trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de retidão; então vos entregarei o vosso irmão e negociareis na terra.

35 E aconteceu que, despejando eles os sacos, eis que o pacote de dinheiro de cada um estava no seu saco; quando eles e seu pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo.

36 Então Jacó, seu pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não existe, e não existe Simeão, e haveis de levar Benjamim! Todas estas coisas vieram sobre mim.

37 Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu to não tornar a trazer; entrega-o em minha mão, e to tornarei a trazer.

38 Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza ao Seol.










Capítulo : 43

1 Ora, a fome era gravíssima na terra.

2 Tendo eles acabado de comer o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: voltai, comprai-nos um pouco de alimento.

3 Mas respondeu-lhe Judá: Expressamente nos advertiu o homem, dizendo: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.

4 Se queres enviar conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento; mas se não queres enviá-lo, não desceremos, porquanto o homem nos disse: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.

6 Perguntou Israel: Por que me fizeste este mal, fazendo saber ao homem que tínheis ainda outro irmão?

7 Responderam eles: O homem perguntou particularmente por nós, e pela nossa parentela, dizendo: vive ainda vosso pai? tendes mais um irmão? e respondemos-lhe segundo o teor destas palavras. Podíamos acaso saber que ele diria: Trazei vosso irmão?

8 Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos e iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos filhinhos.

9 Eu serei fiador por ele; da minha mão o requererás. Se eu to não trouxer, e o não puser diante de ti, serei réu de crime para contigo para sempre.

10 E se não nos tivéssemos demorado, certamente já segunda vez estaríamos de volta.

11 Então disse-lhes Israel seu pai: Se é sim, fazei isto: tomai os melhores produtos da terra nas vossas vasilhas, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel, tragacanto e mirra, nozes de fístico e amêndoas;

12 levai em vossas mãos dinheiro em dobro; e o dinheiro que foi devolvido na boca dos vossos sacos, tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que fosse engano.

13 Levai também vosso irmão; levantai-vos e voltai ao homem;

14 e Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que ele deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.

15 Tomaram, pois, os homens aquele presente, e dinheiro em dobro nas mãos, e a Benjamim; e, levantando-se desceram ao Egito e apresentaram-se diante de José.

16 Quando José viu Benjamim com eles, disse ao despenseiro de sua casa: Leva os homens à casa, mata reses, e apronta tudo; pois eles comerão comigo ao meio-dia.

17 E o homem fez como José ordenara, e levou-os à casa de José.

18 Então os homens tiveram medo, por terem sido levados à casa de José; e diziam: por causa do dinheiro que da outra vez foi devolvido nos nossos sacos que somos trazidos aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, tanto a nós como a nossos jumentos.

19 Por isso eles se chegaram ao despenseiro da casa de José, e falaram com ele à porta da casa,

20 e disseram: Ai! senhor meu, na verdade descemos dantes a comprar mantimento;

21 e quando chegamos à estalagem, abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos;

22 também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o dinheiro em nossos sacos.

23 Respondeu ele: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, deu-vos um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou-me às mãos. E trouxe-lhes fora Simeão.

24 Depois levou os homens à casa de José, e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu forragem aos seus jumentos.

25 Então eles prepararam o presente para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer.

26 Quando José chegou em casa, trouxeram-lhe ali o presente que guardavam junto de si; e inclinaram-se a ele até a terra.

27 Então ele lhes perguntou como estavam; e prosseguiu: vosso pai, o ancião de quem falastes, está bem? ainda vive?

28 Responderam eles: O teu servo, nosso pai, esta bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.

29 Levantando os olhos, José viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e perguntou: É este o vosso irmão mais novo de quem me falastes? E disse: Deus seja benévolo para contigo, meu filho.

30 E José apressou-se, porque se lhe comoveram as entranhas por causa de seu irmão, e procurou onde chorar; e, entrando na sua câmara, chorou ali.

31 Depois lavou o rosto, e saiu; e se conteve e disse: Servi a comida.

32 Serviram-lhe, pois, a ele à parte, e a eles também à parte, e à parte aos egípcios que comiam com ele; porque os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso abominação aos egípcios.

33 Sentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si.

34 Então ele lhes apresentou as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que a de qualquer deles. E eles beberam, e se regalaram com ele.









Capítulo : 44

1 Depois José deu ordem ao despenseiro de sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.

2 E a minha taça de prata porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. Assim fez ele conforme a palavra que José havia dito.

3 Logo que veio a luz da manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus jumentos.

4 Havendo eles saído da cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o mal pelo bem?

5 Não é esta a taça por que bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que fizestes.

6 Então ele, tendo-os alcançado, lhes falou essas mesmas palavras.

7 Responderam-lhe eles: Por que falo meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.

8 Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, to tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?

9 Aquele dos teus servos com quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.

10 Ao que disse ele: Seja conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada será meu escravo; mas vós sereis inocentes.

11 Então eles se apressaram cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a abri-lo.

12 E o despenseiro buscou, começando pelo maior, e acabando pelo mais novo; e achou-se a taça no saco de Benjamim.

13 Então rasgaram os seus vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.

14 E veio Judá com seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele.

15 Logo lhes perguntou José: Que ação é esta que praticastes? Não sabeis vós que um homem como eu pode, muito bem, adivinhar?

16 Respondeu Judá: Que diremos a meu senhor? que falaremos? E como nos justificaremos? Descobriu Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achada a taça.

17 Disse José: Longe esteja eu de fazer isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu servo; porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.

18 Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.

19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?

20 E respondemos a meu senhor: Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino pequeno; o irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e seu pai o ama.

21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.

22 E quando respondemos a meu senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele deixasse o seu pai, este morreria;

23 replicaste a teus servos: A menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a minha face.

24 Então subimos a teu servo, meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor.

25 Depois disse nosso pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento;

26 e lhe respondemos: Não podemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.

27 Então nos disse teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;

28 um saiu de minha casa e eu disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho visto mais;

29 se também me tirardes a este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com tristeza ao Seol.

30 Agora, pois, se eu for ter com o teu servo, meu pai, e o menino não estiver conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele,

31 acontecerá que, vendo ele que o menino ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai com tristeza ao Seol.

32 Porque teu servo se deu como fiador pelo menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de volta, serei culpado, para com meu pai para sempre.

33 Agora, pois, fique teu servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o menino com seus irmãos.

34 Porque, como subirei eu a meu pai, se o menino não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.










Capítulo : 45

1 Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei a todos sair da minha presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a seus irmãos.

2 E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó.

3 Disse, então, José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, pois estavam pasmados diante dele.

4 José disse mais a seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.

5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós.

6 Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.

7 Deus enviou-me adiante de vós, para conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.

8 Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito.

9 Apressai-vos, subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim disse teu filho José: Deus me tem posto por senhor de toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;

10 habitarás na terra de Gósem e estarás perto de mim, tu e os teus filhos e os filhos de teus filhos, e os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens;

11 ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não sejas reduzido à pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.

12 Eis que os vossos olhos, e os de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.

13 Fareis, pois, saber a meu pai toda a minha glória no Egito; e tudo o que tendes visto; e apressar-vos-eis a fazer descer meu pai para cá.

14 Então se lançou ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao pescoço dele.

15 E José beijou a todos os seus irmãos, chorando sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele.

16 Esta nova se fez ouvir na casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; o que agradou a Faraó e a seus servos.

17 Ordenou Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã;

18 tomai o vosso pai e as vossas famílias e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra.

19 A ti, pois, é ordenado dizer-lhes: Fazei isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos meninos e para vossas mulheres; trazei vosso pai, e vinde.

20 E não vos pese coisa alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.

21 Assim fizeram os filhos de Israel. José lhes deu carros, conforme o mandado de Faraó, e deu-lhes também provisão para o caminho.

22 A todos eles deu, a cada um, mudas de roupa; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupa.

23 E a seu pai enviou o seguinte: dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas carregadas de trigo, pão e provisão para seu pai, para o caminho.

24 Assim despediu seus irmãos e, ao partirem eles, disse-lhes: Não contendais pelo caminho.

25 Então subiram do Egito, vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai,

26 e lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.

27 Quando, porém, eles lhe contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo Jacó, seu pai, os carros que José enviara para levá-lo, reanimou-se-lhe o espírito;

28 e disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.







Capítulo : 46

1 Partiu, pois, Israel com tudo quanto tinha e veio a Beer-Seba, onde ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.

2 Falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.

3 E Deus disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali uma grande nação.

4 Eu descerei contigo para o Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.

5 Então Jacó se levantou de Beer-Seba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.

6 Também tomaram o seu gado e os seus bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram para o Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele.

7 Os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos, e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito.

8 São estes os nomes dos filhos de Israel, que vieram para o Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó.

9 E os filhos de Rúben: Hanoque, Palu, Hezrom e Carmi.

10 E os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher cananéia.

11 E os filhos de Levi: Gérsom, Coate e Merári.

12 E os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Pérez e Zerá. Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. E os filhos de Pérez foram Hezrom e Hamul,

13 E os filhos de Issacar: Tola, Puva, Iobe e Sinrom.

14 E os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.

15 Estes são os filhos de Léia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha; todas as almas de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.

16 E os filhos de Gade: Zifiom, Hagui, Suni, Ezbom, Eri, Arodi e Areli.

17 E os filhos de Aser: Imná, Isvá, Isvi e Beria, e Sera, a irmã deles; e os filhos de Beria: Heber e Malquiel.

18 Estes são os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Léia; e estes ela deu a Jacó, ao todo dezesseis almas.

19 Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.

20 E nasceram a José na terra do Egito Manassés e Efraim, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.

21 E os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gêra, Naamã, Eí, Ros, Mupim, Hupim e Arde.

22 Estes são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas.

23 E os filhos de Dã: Husim.

24 E os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.

25 Estes são os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes deu ela a Jacó, ao todo sete almas.

26 Todas as almas que vieram com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa, fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram todas sessenta e seis almas;

27 e os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta.

28 Ora, Jacó enviou Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.

29 Então José aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen; e tendo-se-lhe apresentado, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.

30 E Israel disse a José: Morra eu agora, já que tenho visto o teu rosto, pois que ainda vives.

31 Depois disse José a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e informarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para mim.

32 Os homens são pastores, que se ocupam em apascentar gado; e trouxeram os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que têm.

33 Quando, pois, Faraó vos chamar e vos perguntar: Que ocupação é a vossa?

34 respondereis: Nós, teus servos, temos sido pastores de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como nossos pais. Isso direis para que habiteis na terra de Gósen; porque todo pastor de ovelhas é abominação para os egípcios.











Capítulo : 47

1 Então veio José, e informou a Faraó, dizendo: Meu pai e meus irmãos, com seus rebanhos e seu gado, e tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã e estão na terra de Gósen.

2 E tomou dentre seus irmãos cinco homens e os apresentou a Faraó.

3 Então perguntou Faraó a esses irmãos de José: Que ocupação é a vossa; Responderam-lhe: Nós, teus servos, somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.

4 Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para os rebanhos de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te permitas que teus servos habitem na terra de Gósen.

5 Então falou Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;

6 a terra do Egito está diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na terra de Gósen. E se sabes que entre eles há homens capazes, põe-nos sobre os pastores do meu gado.

7 Também José introduziu a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.

8 Então perguntou Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?

9 Respondeu-lhe Jacó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus têm sido os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.

10 E Jacó abençoou a Faraó, e saiu da sua presença.

11 José, pois, estabeleceu a seu pai e seus irmãos, dando-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.

12 E José sustentou de pão seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos.

13 Ora, não havia pão em toda a terra, porque a fome era mui grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.

14 Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.

15 Quando se acabou o dinheiro na terra do Egito, e na terra de Canaã, vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos na tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.

16 Respondeu José: Trazei o vosso gado, e vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.

17 Então trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca dos cavalos, e das ovelhas, e dos bois, e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano em troca de todo o seu gado.

18 Findo aquele ano, vieram a José no ano seguinte e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o nosso dinheiro está todo gasto; as manadas de gado já pertencem a meu senhor; e nada resta diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;

19 por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra em troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; dá-nos também semente, para que vivamos e não morramos, e para que a terra não fique desolada.

20 Assim José comprou toda a terra do Egito para Faraó; porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome lhes era grave em extremo; e a terra ficou sendo de Faraó.

21 Quanto ao povo, José fê-lo passar às cidades, desde uma até a outra extremidade dos confins do Egito.

22 Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham rações de Faraó, e eles comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado; por isso não venderam a sua terra.

23 Então disse José ao povo: Hoje vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra.

24 Há de ser, porém, que no tempo as colheitas dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento e dos que estão nas vossas casas, e para o mantimento de vossos filhinho.

25 Responderam eles: Tu nos tens conservado a vida! Achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.

26 José, pois, estabeleceu isto por estatuto quanto ao solo do Egito, até o dia de hoje, que a Faraó coubesse o quinto a produção; somente a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.

27 Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen; e nela adquiriram propriedades, e frutificaram e multiplicaram-se muito.

28 E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; de modo que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.

29 Quando se aproximava o tempo da morte de Israel, chamou ele a José, seu filho, e disse-lhe: Se tenho achado graça aos teus olhos, põe a mão debaixo da minha coxa, e usa para comigo de benevolência e de verdade: rogo-te que não me enterres no Egito;

30 mas quando eu dormir com os meus pais, levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás junto à sepultura deles. Respondeu José: Farei conforme a tua palavra.

31 E Jacó disse: Jura-me; e ele lhe jurou. Então Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.








Capítulo : 48

1 Depois destas coisas disseram a José: Eis que teu pai está enfermo. Então José tomou consigo os seus dois filhos, Manassés e Efraim.

2 Disse alguém a Jacó: Eis que José, teu olho, vem ter contigo. E esforçando-se Israel, sentou-se sobre a cama.

3 E disse Jacó a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,

4 e me disse: Eis que te farei frutificar e te multiplicarei; tornar-te-ei uma multidão de povos e darei esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua.

5 Agora, pois, os teus dois filhos, que nasceram na terra do Egito antes que eu viesse a ti no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;

6 mas a prole que tiveres depois deles será tua; segundo o nome de seus irmãos serão eles chamados na sua herança.

7 Quando eu vinha de Padã, morreu-me Raquel no caminho, na terra de Canaã, quando ainda faltava alguma distância para chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a Efrata, isto é, Belém.

8 Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: Quem são estes?

9 Respondeu José a seu pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. Continuou Israel: Traze-mos aqui, e eu os abençoarei.

10 Os olhos de Israel, porém, se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver. José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou.

11 E Israel disse a José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua descendência.

12 Então José os tirou dos joelhos de seu pai; e inclinou-se à terra diante da sua face.

13 E José tomou os dois, a Efraim com a sua mão direita, à esquerda de Israel, e a Manassés com a sua mão esquerda, à direita de Israel, e assim os fez chegar a ele.

14 Mas Israel, estendendo a mão direita, colocou-a sobre a cabeça de Efraim, que era o menor, e a esquerda sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as mãos assim propositadamente, sendo embora este o primogênito.

15 E abençoou a José, dizendo: O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia,

16 o anjo que me tem livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio da terra.

17 Vendo José que seu pai colocava a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isso desagradável; levantou, pois, a mão de seu pai, para a transpor da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés.

18 E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a sua cabeça.

19 Mas seu pai, recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele também será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência se tornará uma multidão de nações.

20 Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Por ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim e como Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.

21 Depois disse Israel a José: Eis que eu morro; mas Deus será convosco, e vos fará tornar para a terra de vossos pais.

22 E eu te dou um pedaço de terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorreus.







Capítulo : 49

1 Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos para que eu vos anuncie o que vos há de acontecer nos dias vindouros.

2 Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; ouvi a Israel vosso pai:

3 Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, preeminente em dignidade e preeminente em poder.

4 Descomedido como a água, não reterás a preeminência; porquanto subiste ao leito de teu pai; então o contaminaste. Sim, ele subiu à minha cama.

5 Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.

6 No seu concílio não entres, ó minha alma! com a sua assembléia não te ajuntes, ó minha glória! porque no seu furor mataram homens, e na sua teima jarretaram bois.

7 Maldito o seu furor, porque era forte! maldita a sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e os espalharei em Israel.

8 Judá, a ti te louvarão teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos: diante de ti se prostrarão os filhos de teu pai.

9 Judá é um leãozinho. Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e se deita como um leão, e como uma leoa; quem o despertará?

10 O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence; e a ele obedecerão os povos.

11 Atando ele o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira seleta, lava as suas roupas em vinho e a sua vestidura em sangue de uvas.

12 Os olhos serão escurecidos pelo vinho, e os dentes brancos de leite.

13 Zebulom habitará no litoral; será ele ancoradouro de navios; e o seu termo estender-se-á até Sidom.

14 Issacar é jumento forte, deitado entre dois fardos.

15 Viu ele que o descanso era bom, e que a terra era agradável. Sujeitou os seus ombros à carga e entregou-se ao serviço forçado de um escravo.

16 Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.

17 Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, de modo que caia o seu cavaleiro para trás.

18 A tua salvação tenho esperado, ó Senhor!

19 Quanto a Gade, guerrilheiros o acometerão; mas ele, por sua vez, os acometerá.

20 De Aser, o seu pão será gordo; ele produzirá delícias reais.

21 Naftali é uma gazela solta; ele profere palavras formosas.

22 José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se estendem sobre o muro.

23 Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e perseguiram,

24 mas o seu arco permaneceu firme, e os seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o Pastor, o Rochedo de Israel,

25 pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos dos céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos seios e da madre.

26 As bênçãos de teu pai excedem as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros; sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos.

27 Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá o despojo.

28 Todas estas são as doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção.

29 Depois lhes deu ordem, dizendo-lhes: Eu estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,

30 na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, cova esta que Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o respectivo campo, como propriedade de sepultura.

31 Ali sepultaram a Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e ali eu sepultei a Léia.

32 O campo e a cova que está nele foram comprados aos filhos de Hete.

33 Acabando Jacó de dar estas instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, expirou e foi congregado ao seu povo.






Capítulo : 50

1 Então José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.

2 E José ordenou a seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel.

3 Cumpriram-se-lhe quarenta dias, porque assim se cumprem os dias de embalsamação; e os egípcios o choraram setenta dias.

4 Passados, pois, os dias de seu choro, disse José à casa de Faraó: Se agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:

5 Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar meu pai; então voltarei.

6 Respondeu Faraó: Sobe, e sepulta teu pai, como ele te fez jurar.

7 Subiu, pois, José para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,

8 como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, os seus rebanhos e o seu gado.

9 E subiram com ele tanto carros como gente a cavalo; de modo que o concurso foi mui grande.

10 Chegando eles à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e forte pranto; assim fez José por seu pai um grande pranto por sete dias.

11 Os moradores da terra, os cananeus, vendo o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim, o qual está além do Jordão.

12 Assim os filhos de Jacó lhe fizeram como ele lhes ordenara;

13 pois o levaram para a terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o heteu, em frente de Manre.

14 Depois de haver sepultado seu pai, José voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que com ele haviam subido para sepultar seu pai.

15 Vendo os irmãos de José que seu pai estava morto, disseram: Porventura José nos odiará e nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.

16 Então mandaram dizer a José: Teu pai, antes da sua morte, nos ordenou:

17 Assim direis a José: Perdoa a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal. Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.

18 Depois vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis que nós somos teus servos.

19 Respondeu-lhes José: Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?

20 Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida.

21 Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos. Assim ele os consolou, e lhes falou ao coração.

22 José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.

23 E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.

24 Depois disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.

25 E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os meus ossos.

26 Assim morreu José, tendo cento e dez anos de idade; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.