quarta-feira, 11 de agosto de 2010

17.LIVRO DE ESTER

Introdução:

Capitulos: introdução(00), 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, Introdução da Bíblia.

AUTOR: Desconhecido.

CARÁTER CANÔNICO: O direito do livro a ocupar um lugar no cânon da Escritura tem sido grandemente contestado. O nome de Deus não aparece nele, enquanto que um rei pagão é mencionado mais de cento e cinqüenta vezes. Não há alusão à oração nem a nenhum tipo de serviço espiritual, com a possível exceção do jejum.

MENSAGEM: Sem dúvida, ocupa um lugar na Palavra de Deus por seu ensino velado da providência protetora em conjunção com o povo de Deus e a certeza da retribuição que alcança seus inimigos.

TEMA PRINCIPAL: A libertação dos judeus por meio da rainha Ester.

TEXTO CHAVE: 4:14.

SINOPSE: Os eventos principais da história giram em torno de três festas:

I. A festa de Xerxes (Assuero) e os fatos relacionados com ela.

(1) No sétimo dia, quando o rei estava alegre devido ao vinho, a rainha Vasti desobedeceu a ordem de aparecer perante os príncipes reunidos, 1:1-12.

(2) O rei, furioso, aceitou o conselho de seus sábios e destronou a rainha, 1:13-22.

(3) Depois da busca, por todo o reino, de uma nova rainha, Ester, uma judia, foi escolhida, 2:1-17.

II. A festa de Ester, eventos preliminares e desenlace final.

(1) Mordecai, o judeu, pai adotivo da rainha, salva a vida do rei, 2:7 e 2:21-23.

(2) A ascensão de Hamã e a recusa de Mordecai de honrá-lo; a fúria de Hamã e sua decisão de destruir a todos os judeus, 3:1-15.

(3) O luto dos judeus por causa do complô de Hamã, 4:1-4.

(4) A determinação heróica de Ester de comparecer perante o rei com um plano em mente que pudesse frustar o complô, 4:5-17.

(5) Ester, ao ser recebida pelo rei, convida a este e a Hamã para uma festa, 5:1-8.

(6) Hamã prepara uma forca para Mordecai, 5:9-14.

(7) Durante uma noite de insônia o rei examina os registros da corte e descobre que Mordecai não havia sido recompensado por haver salvo a vida do rei, 6:1-3.

(8) A vaidade egoísta de Hamã resulta em sua própria humilhação e em grande honra para Mordecai, 6:4-11.

(9) A festa de Ester. Descobre-se o complô de Hamã, e este é pendurado na forca que ele havia preparado para Mordecai, cap. 7.

III. A FESTA DE PURIM.

(1) Eventos preliminares.

(a) O rei autoriza a vingança dos judeus contra s seus inimigos, cap. 8.

(b) A vingança executada, cap. 9.

(2) A festa instituída, 9:20-31.

(3) A exaltação de Mordecai, cap. 10.










Capítulo : 1

1 Sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias,

2 que, estando o rei Assuero assentado no trono do seu reino em Susã, a capital,

3 no terceiro ano de seu reinado, deu um banquete a todos os seus príncipes e seus servos, estando assim perante ele o poder da Pérsia e da Média, os nobres e os oficiais das províncias.

4 Nessa ocasião ostentou as riquezas do seu glorioso reino, e o esplendor da sua excelente grandeza, por muitos dias, a saber, cento e oitenta dias.

5 E, acabados aqueles dias, deu o rei um banquete a todo o povo que se achava em Susã, a capital, tanto a grandes como a pequenos, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real.

6 As cortinas eram de pano branco, verde e azul celeste, atadas com cordões de linho fino e de púrpura a argolas de prata e a colunas de mármore; os leitos eram de ouro e de prata, sobre um pavimento mosaico de pórfiro, de mármore, de madrepérola e de pedras preciosas.

7 Dava-se de beber em copos de ouro, os quais eram diferentes uns dos outros; e havia vinho real em abundância, segundo a generosidade do rei.

8 E bebiam como estava prescrito, sem constrangimento; pois o rei tinha ordenado a todos os oficiais do palácio que fizessem conforme a vontade de cada um.

9 Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres no palácio do rei Assuero.

10 Ao sétimo dia, o rei, estando já o seu coração alegre do vinho, mandou a Meumã, Buta, Harbona, Bigta, Abagta, Zetar e Carcas, os sete eunucos que serviam na presença do rei Assuero,

11 que introduzissem à presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua formosura, pois era formosíssima.

12 A rainha Vasti, porém, recusou atender à ordem do rei dada por intermédio dos eunucos; pelo que o rei muito se enfureceu, e se inflamou de ira.

13 Então perguntou o rei aos sábios que conheciam os tempos (pois assim se tratavam os negócios do rei, na presença de todos os que sabiam a lei e o direito;

14 e os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena e Memucã, os sete príncipes da Pérsia e da Média, que viam o rosto do rei e ocupavam os primeiros assentos no reino)

15 o que se devia fazer, segundo a lei, à rainha Vasti, por não haver cumprido a ordem do rei Assuero dada por intermédio dos eunucos.

16 Respondeu Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente contra o rei pecou a rainha Vasti, mas também contra todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.

17 Pois o que a rainha fez chegará ao conhecimento de todas as mulheres, induzindo-as a desprezarem seus maridos quando se disser: O rei Assuero mandou que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, e ela não veio.

18 E neste mesmo dia as princesas da Pérsia e da Média sabendo do que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes do rei; e assim haverá muito desprezo e indignação.

19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se entre as leis dos persas e dos medos para que não seja alterado, que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e dê o rei os seus direitos de rainha a outra que seja melhor do que ela.

20 E quando o decreto que o rei baixar for publicado em todo o seu reino, grande como é, todas as mulheres darão honra a seus maridos, tanto aos nobres como aos humildes.

21 Pareceu bem este conselho ao rei e aos príncipes; e o rei fez conforme a palavra de Memucã,

22 enviando cartas a todas as províncias do rei, a cada província segundo o seu modo de escrever e a cada povo segundo a sua língua, mandando que cada homem fosse senhor em sua casa, e que falasse segundo a língua do seu povo.










Capítulo : 2

1 Passadas estas coisas e aplacada a ira do rei Assuero, lembrou-se ele de Vasti, do que ela fizera e do que se decretara a seu respeito.

2 Então disseram os servos do rei que lhe ministravam: Busquem-se para o rei moças virgens e formosas.

3 Ponha o rei em todas as províncias do seu reino oficiais que ajuntem todas as moças virgens e formosas em Susã, a capital, na casa das mulheres sob a custódia de Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres; e dêem-se-lhes os seus cosméticos.

4 E a donzela que agradar ao rei seja rainha em lugar de Vasti. E isso pareceu bem ao rei; e ele assim fez.

5 Havia então em Susã, a capital, certo judeu, benjamita, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis,

6 que tinha sido levado de Jerusalém com os cativos que foram deportados com Jeconias, rei de Judá, o qual Nabucodonozor, rei de Babilônia, transportara.

7 Criara ele Hadassa, isto é, Ester, filha de seu tio, pois não tinha ela nem pai nem mãe; e era donzela esbelta e formosa; e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por filha.

8 Tendo se divulgado a ordem do rei e o seu edito, e ajuntando-se muitas donzelas em Susã, a capital, sob a custódia de Hepai, levaram também Ester ao palácio do rei, à custódia de Hegai, guarda das mulheres.

9 E a donzela agradou-lhe, e alcançou o favor dele; pelo que ele se apressou em dar-lhe os cosméticos e os devidos alimentos, como também sete donzelas escolhidas do palácio do rei; e a fez passar com as suas donzelas ao melhor lugar na casa das mulheres.

10 Ester, porém, não tinha declarado o seu povo nem a sua parentela, pois Mardoqueu lhe tinha ordenado que não o declarasse.

11 E cada dia Mardoqueu passeava diante do pátio da casa das mulheres, para se informar de como Ester passava e do que lhe sucedia.

12 Ora, quando chegava a vez de cada donzela vir ao rei Assuero, depois que fora feito a cada uma segundo o prescrito para as mulheres, por doze meses (pois assim se cumpriam os dias de seus preparativos, a saber, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias e ungüentos em uso entre as mulheres);

13 desta maneira vinha a donzela ao rei: dava-se-lhe tudo quanto ela quisesse para levar consigo da casa das mulheres para o palácio do rei;

14 à tarde ela entrava, e pela manhã voltava para a segunda casa das mulheres, à custódia de Saasgaz, eunuco do rei, guarda das concubinas; ela não tornava mais ao rei, salvo se o rei desejasse, e fosse ela chamada por nome.

15 Ora, quando chegou a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, que a tomara por sua filha, para ir ao rei, coisa nenhuma pediu senão o que indicou Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres. Mas Ester alcançava graça aos olhos de todos quantos a viam.

16 Ester foi levada ao rei Assuero, ao palácio real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.

17 E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou graça e favor diante dele mais do que todas as virgens; de sorte que lhe pôs sobre a cabeça a coroa real, e a fez rainha em lugar de Vasti.

18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus servos; era um banquete em honra de Ester; e concedeu alívio às províncias, e fez presentes com régia liberalidade.

19 Quando pela segunda vez se ajuntavam as virgens, Mardoqueu estava sentado à porta do rei.

20 Ester, porém, como Mardoqueu lhe ordenara, não tinha declarado a sua parentela nem o seu povo; porque obedecia as ordens de Mardoqueu como quando estava sendo criada em casa dele.

21 Naqueles dias, estando Mardoqueu sentado à porta do rei, dois eunucos do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, se indignaram e procuravam tirar a vida ao rei Assuero.

22 E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu, que o revelou à rainha Ester; e Ester o disse ao rei em nome de Mardoqueu.

23 Quando se investigou o negócio e se achou ser verdade, ambos foram enforcados; e isso foi escrito no livro das crônicas perante o rei.









Capítulo : 3

1 Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, o agagita, e o exaltou, pondo-lhe o assento acima dos de todos os príncipes que estavam com ele.

2 E todos os servos do rei que estavam à porta do rei se inclinavam e se prostravam perante Hamã, porque assim ordenara o rei a seu respeito; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.

3 Então os servos do rei que estavam à portas do rei disseram a Mardoqueu: Por que transgrides a ordem do rei?

4 E sucedeu que, dizendo-lhe eles isso dia após dia, e não lhes dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se o procedimento de Mardoqueu seria tolerado; pois ele lhes tinha declarado que era judeu.

5 Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, encheu-se de furor.

6 Mas achou pouco tirar a vida somente a Mardoqueu; porque lhe haviam declarado o povo de Mardoqueu. Por esse motivo Hamã procurou destruir todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de Assuero.

7 No primeiro mês, que é o mês de nisã, no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, para cada dia e para cada mês, até o duodécimo, que é o mês de adar.

8 E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e disperso entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; pelo que não convém ao rei tolerá-lo.

9 Se bem parecer ao rei, decrete-se que seja destruído; e eu pagarei dez mil talentos de prata aos encarregados dos negócios do rei, para os recolherem ao tesouro do rei.

10 Então o rei tirou do seu dedo o anel, e o deu a Hamã, filho de Hamedata, o agagita, o inimigo dos judeus;

11 e disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada, como também esse povo, para fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos.

12 Então foram chamados os secretários do rei no primeiro mês, no dia treze do mesmo e, conforme tudo quanto Hamã ordenou, se escreveu aos sátrapas do rei, e aos governadores que havia sobre todas as províncias, e aos príncipes de todos os povos; a cada província segundo o seu modo de escrever, e a cada povo segundo a sua língua; em nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.

13 Enviaram-se as cartas pelos correios a todas as províncias do rei, para que destruíssem, matassem, e fizessem perecer todos os judeus, moços e velhos, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodécimo mês, que é o mês de adar, e para que lhes saqueassem os bens.

14 Uma cópia do documento havia de ser publicada como decreto em cada província, para que todos os povos estivessem preparados para aquele dia.

15 Os correios saíram às pressas segundo a ordem do rei, e o decreto foi proclamado em Susã, a capital. Então o rei e Hamã se assentaram a beber, mas a cidade de Susã estava perplexa.









Capítulo : 4

1 Quando Mardoqueu soube tudo quanto se havia passado, rasgou as suas vestes, vestiu-se de saco e de cinza, e saiu pelo meio da cidade, clamando com grande e amargo clamor;

2 e chegou até diante da porta do rei, pois ninguém vestido de saco podia entrar pelas portas do rei.

3 Em todas as províncias aonde chegava a ordem do rei, e o seu decreto, havia entre os judeus grande pranto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos se deitavam em saco e em cinza.

4 Quando vieram as moças de Ester e os eunucos e lho fizeram saber, a rainha muito se entristeceu; e enviou roupa para Mardoqueu, a fim de que, despindo-lhe o saco, lha vestissem; ele, porém, não a aceitou.

5 Então Ester mandou chamar Hataque, um dos eunucos do rei, que este havia designado para a servir, e o mandou ir ter com Mardoqueu para saber que era aquilo, e por que era.

6 Hataque, pois, saiu a ter com Mardoqueu à praça da cidade, diante da porta do rei;

7 e Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido, como também a soma exata do dinheiro que Hamã prometera pagar ao tesouro do rei pela destruição dos judeus.

8 Também lhe deu a cópia do decreto escrito que se publicara em Susã para os destruir, para que a mostrasse a Ester, e lha explicasse, ordenando-lhe que fosse ter com o rei, e lhe pedisse misericórdia e lhe fizesse súplicas a favor do seu povo.

9 Veio, pois, Hataque, e referiu a Ester as palavras de Mardoqueu.

10 Então falou Ester a Hataque, mandando-o dizer a Mardoqueu:

11 Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que, para todo homem ou mulher que entrar à presença do rei no pátio interior sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, a menos que o rei estenda para ele o cetro de ouro, para que viva; mas eu já há trinta dias não sou chamada para entrar a ter com o rei.

12 E referiram a Mardoqueu as palavras de Ester.

13 Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines que, por estares no palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos os outros judeus.

14 Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?

15 De novo Ester mandou-os responder a Mardoqueu:

16 Vai, ajunta todos os judeus que se acham em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; e eu e as minhas moças também assim jejuaremos. Depois irei ter com e rei, ainda que isso não é segundo a lei; e se eu perecer, pereci.

17 Então Mardoqueu foi e fez conforme tudo quanto Ester lhe ordenara.










Capítulo : 5

1 Ao terceiro dia Ester se vestiu de trajes reais, e se pôs no pátio interior do palácio do rei, defronte da sala do rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono, na sala real, defronte da entrada.

2 E sucedeu que, vendo o rei à rainha Ester, que estava em pé no pátio, ela alcançou o favor dele; e o rei estendeu para Ester o cetro de ouro que tinha na sua mão. Ester, pois, chegou-se e tocou na ponta do cetro.

3 Então o rei lhe disse: O que é, rainha Ester? qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.

4 Ester respondeu: Se parecer bem ao rei, venha hoje com Hamã ao banquete que tenho preparado para o rei.

5 Então disse o rei: Fazei Hamã apressar-se, para que se cumpra a vontade de Ester. Vieram, pois, o rei e Hamã ao banquete que Ester tinha preparado.

6 De novo disse o rei a Ester, no banquete do vinho: Qual é a tua petição? e ser-te-á concedida; e qual é o teu rogo? e se te dará, ainda que seja metade do reino.

7 Ester respondeu, dizendo: Eis a minha petição e o meu rogo:

8 Se tenho alcançado e favor do rei, e se parecer bem ao rei conceder-me a minha petição e cumprir o meu rogo, venha o rei com Hamã ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme a palavra do rei.

9 Então naquele dia Hamã saiu alegre e de bom ânimo; porém, vendo Mardoqueu à porta do rei, e que ele não se levantava nem tremia diante dele, Hamã encheu-se de furor contra Mardoqueu.

10 Contudo Hamã se refreou, e foi para casa; enviou e mandou vir os seus amigos, e Zerés, sua mulher.

11 E contou-lhes Hamã a glória das suas riquezas, a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e como o havia exaltado sobre os príncipes e servos do rei.

12 E acrescentou: Tampouco a rainha Ester a ninguém fez vir com o rei ao banquete que preparou, senão a mim; e também para amanhã estou convidado por ela juntamente com o rei.

13 Todavia tudo isso não me satisfaz, enquanto eu vir o judeu Mardoqueu sentado à porta do rei.

14 Então lhe disseram Zerés, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca de cinqüenta côvados de altura, e pela manhã dize ao rei que nela seja enforcado Mardoqueu: e então entra alegre com o rei para o banquete. E este conselho agradou a Hamã, que mandou fazer a forca.










Capítulo : 6

1 Naquela mesma noite fugiu do rei o sono; então ele mandou trazer o livro de registro das crônicas, as quais se leram diante do rei.

2 E achou-se escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois dos eunucos do rei, guardas da porta, que tinham procurado tirar a vida ao rei Assuero.

3 E o rei perguntou: Que honra, ou dignidade, foi conferida a Mardoqueu por isso? Responderam os moços do rei que o serviam: Coisa nenhuma se lhe fez.

4 Então disse o rei: Quem está no pátio? Ora, Hamã acabara de entrar no pátio exterior do palácio real para falar com o rei, a fim de que se enforcasse Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.

5 E os servos do rei lhe responderam: Eis que Hamã está esperando no pátio. E disse o rei que entrasse.

6 Hamã, pois, entrou. Perguntou-lhe o rei: Que se fará ao homem a quem o rei se agrada honrar? Então Hamã disse consigo mesmo: A quem se agradaria o rei honrar mais do que a mim?

7 Pelo que disse Hamã ao rei: Para o homem a quem o rei se agrada honrar,

8 sejam trazidos trajes reais que o rei tenha usado, e o cavalo em que o rei costuma andar, e ponha-se-lhe na cabeça uma coroa real;

9 sejam entregues os trajes e o cavalo à mão dum dos príncipes mais nobres do rei, e vistam deles aquele homem a quem o rei se agrada honrar, e façam-no andar montado pela praça da cidade, e proclamem diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei se agrada honrar!

10 Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma os trajes e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está sentado à porta do rei; e não deixes falhar coisa alguma de tudo quanto disseste.

11 Hamã, pois, tomou os trajes e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o fez andar montado pela praça da cidade, e proclamou diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei se agrada honrar!

12 Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se recolheu a toda a pressa para sua casa, lamentando-se e de cabeça coberta.

13 E contou Hamã a Zerés, sua mulher, e a todos os seus amigos tudo quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios e Zerés, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da linhagem dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás diante dele.

14 Enquanto estes ainda falavam com ele, chegaram os eunucos do rei, e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.










Capítulo : 7

1 Entraram, pois, o rei e Hamã para se banquetearem com a rainha Ester.

2 Ainda outra vez disse o rei a Ester, no segundo dia, durante o banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? e ser-te-á concedida; e qual é o teu rogo? Até metade do reino se te dará.

3 Então respondeu a rainha Ester, e disse: ó rei! se eu tenho alcançado o teu lavor, e se parecer bem ao rei, seja-me concedida a minha vida, eis a minha petição, e o meu povo, eis o meu rogo;

4 porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para sermos destruídos, mortos e exterminados; se ainda por servos e por servas nos tivessem vendido, eu me teria calado, ainda que o adversário não poderia ter compensado a perda do rei.

5 Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é e onde está esse, cujo coração o instigou a fazer assim?

6 Respondeu Ester: Um adversário e inimigo, este perverso Hamã! Então Hamã ficou aterrorizado perante o rei e a rainha.

7 E o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho e entrou no jardim do palácio; Hamã, porém, ficou para rogar à rainha Ester pela sua vida, porque viu que já o mal lhe estava determinado pelo rei.

8 Ora, o rei voltou do jardim do palácio à sala do banquete do vinho; e Hamã havia caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então disse o rei: Porventura quereria ele também violar a rainha perante mim na minha própria casa? Ao sair essa palavra da boca do rei, cobriram a Hamã o rosto.

9 Então disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis que a forca de cinqüenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara em defesa do rei, está junto à casa de Hamã. Então disse o rei: Enforcai-o nela.

10 Enforcaram-no, pois, na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou.









Capítulo : 8

1 Naquele mesmo dia deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, o inimigo dos judeus. E Mardoqueu apresentou-se perante o rei, pois Ester tinha declarado o que ele era.

2 O rei tirou o seu anel que ele havia tomado a Hamã, e o deu a Mardoqueu. E Ester encarregou Mardoqueu da casa de Hamã.

3 Tornou Ester a falar perante o rei e, lançando-se-lhe aos pés, com lágrimas suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o intento que este projetara contra os judeus.

4 Então o rei estendeu para Ester o cetro de ouro. Ester, pois, levantou-se e, pondo-se em pé diante do rei,

5 disse: Se parecer bem ao rei, e se eu tenho alcançado o seu favor, e se este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado, escreva-se que se revoguem as cartas concebidas por Hamã, filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para destruir os judeus que há em todas as províncias do rei.

6 Pois como poderei ver a calamidade que sobrevirá ao meu povo? ou como poderei ver a destruição da minha parentela?

7 Então disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram, porquanto estendera as mãos contra os judeus.

8 Escrevei vós também a respeito dos judeus, em nome do rei, como vos parecer bem, e selai-o com o anel do rei; pois um documento escrito em nome do rei e selado com o anel do rei não se pode revogar.

9 Então foram chamados os secretários do rei naquele mesmo tempo, no terceiro mês, que é o mês de sivã, no vigésimo terceiro dia; e se escreveu conforme tudo quanto Mardoqueu ordenou a respeito dos judeus, aos sátrapas, aos governadores e aos príncipes das províncias, que se estendem da índia até a Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo o seu modo de escrever, e a cada povo conforme a sua língua; como também aos judeus segundo o seu modo de escrever e conforme a sua língua.

10 Mardoqueu escreveu as cartas em nome do rei Assuero e, selando-as com o anel do rei, enviou-as pela mão de correios montados, que cavalgavam sobre ginetes que se usavam no serviço real e que eram da coudelaria do rei.

11 Nestas cartas o rei concedia aos judeus que havia em cada cidade que se reunissem e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para destruírem, matarem e exterminarem todas as forças do povo e da província que os quisessem assaltar, juntamente com os seus pequeninos e suas mulheres, e que saqueassem os seus bens,

12 num mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar.

13 E uma cópia da carta, que seria divulgada como decreto em todas as províncias, foi publicada entre todos os povos, para que os judeus estivessem preparados para aquele dia, a fim de se vingarem dos seus inimigos.

14 Partiram, pois, os correios montados em ginetes que se usavam no serviço real, apressados e impelidos pela ordem do rei; e foi proclamado o decreto em Susã, a capital.

15 Então Mardoqueu saiu da presença do rei, vestido de um traje real azul celeste e branco, trazendo uma grande coroa de ouro, e um manto de linho fino e de púrpura; e a cidade de Susã exultou e se alegrou.

16 E para os judeus houve luz e alegria, gozo e honra.

17 Também em toda província, e em toda cidade, aonde chegava a ordem do rei e o seu decreto, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e festas; e muitos, dentre os povos da terra, se fizeram judeus, pois o medo dos judeus tinha caído sobre eles.









Capítulo : 9

1 Ora, no duodécimo mês, que é o mês de adar, no dia treze do mês, em que a ordem do rei e o seu decreto estavam para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam assenhorar-se deles, sucedeu o contrário, de modo que os judeus foram os que se assenhorearam dos que os odiavam.

2 Ajuntaram-se, pois os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, para pôr as mãos naqueles que procuravam o seu mal; e ninguém podia resistir-lhes, porque o medo deles caíra sobre todos aqueles povos.

3 E todos os príncipes das províncias, os sátrapas, os governadores e os que executavam os negócios do rei auxiliavam aos judeus, porque tinha caído sobre eles o medo de Mardoqueu.

4 Pois Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama se espalhava por todas as províncias, porque o homem se ia tornando cada vez mais poderoso.

5 Feriram, pois, os judeus a todos os seus inimigos a golpes de espada, matando-os e destruindo-os; e aos que os odiavam trataram como quiseram.

6 E em Susã, a capital, os judeus mataram e destruíram quinhentos homens;

7 como também mataram Parsandata, Dalfom, Aspata,

8 Porata, Adália, Aridata,

9 Parmasta, Arisai, Aridai e Vaizata,

10 os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo dos judeus; porém ao despojo não estenderam a mão.

11 Nesse mesmo dia veio ao conhecimento do rei o número dos mortos em Susã, a capital.

12 E disse o rei à rainha Ester: Em Susã, a capital, os judeus mataram e destruíram quinhentos homens e os dez filhos de Hamã; que não teriam feito nas demais províncias do rei? Agora, qual é a tua petição? e te será concedida; e qual é ainda o teu rogo? e atender-se-á.

13 Respondeu Ester: Se parecer bem ao rei, conceda-se aos judeus que se acham em Susã que façam ainda amanhã conforme o decreto de hoje; e que os dez filhos de Hamã sejam pendurados na forca.

14 Então o rei mandou que assim se fizesse; e foi publicado um edito em Susã, e os dez filhos de Hamã foram dependurados.

15 Os judeus que se achavam em Susã reuniram-se também no dia catorze do mês de adar, e mataram em Susã trezentos homens; porém ao despojo não estenderam a mão.

16 Da mesma sorte os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se reuniram e se dispuseram em defesa das suas vidas, e tiveram repouso dos seus inimigos, matando dos que os odiavam setenta e cinco mil; porém ao despojo não estenderam a mão.

17 Sucedeu isso no dia treze do mês de adar; e no dia catorze descansaram, e o fizeram dia de banquetes e de alegria.

18 Mas os judeus que se achavam em Susã se ajuntaram no dia treze como também no dia catorze; e descansaram no dia quinze, fazendo-o dia de banquetes e de alegria.

19 Portanto os judeus das aldeias, que habitam nas cidades não muradas, fazem do dia catorze do mês de adar dia de alegria e de banquetes, e de festas, e dia de mandarem porções escolhidas uns aos outros.

20 Mardoqueu escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe,

21 ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos,

22 como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês em que se lhes mudou a tristeza em alegria, e o pranto em dia de festa, a fim de que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem porções escolhidas uns aos outros, e dádivas aos pobres.

23 E os judeus se comprometeram a fazer como já tinham começado, e como Mardoqueu lhes tinha escrito;

24 porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, o inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus, e tinha lançado Pur, isto é, a sorte, para os assolar e destruir;

25 mas quando isso veio perante o rei, ordenou ele por cartas que o mau intento que Hamã formara contra os judeus recaísse sobre a sua cabeça, e que ele e seus filhos fossem pendurados na forca.

26 Por isso aqueles dias se chamaram Purim, segundo o nome Pur. Portanto, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que tinham testemunhado nesse sentido, e do que lhes havia sucedido,

27 os judeus concordaram e se comprometeram por si, sua descendência, e por todos os que haviam de unir-se com eles, a não deixarem de guardar estes dois dias, conforme o que se escrevera a respeito deles, e segundo o seu tempo determinado, todos os anos;

28 e a fazerem com que esses dias fossem lembrados e guardados por toda geração, família, província e cidade; e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os judeus, e que a memória deles nunca perecesse dentre a sua descendência.

29 Então a rainha Ester, filha de Abiail, e o judeu Mardoqueu escreveram cartas com toda a autoridade para confirmar esta segunda carta a respeito de Purim,

30 e enviaram-nas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e de verdade,

31 para confirmar esses dias de Purim nos seus tempos determinados, como o judeu Mardoqueu e a rainha Ester lhes tinham ordenado, e como eles se haviam obrigado por si e pela sua descendência no tocante a seus jejuns e suas lamentações.

32 A ordem de Ester confirmou o que dizia respeito ao Purim; e foi isso registrado nos anais.








Capítulo : 10

1 O rei Assuero impôs tributo à terra e às ilhas do mar.

2 Quanto a todos os atos do seu poder e do seu valor, e a narrativa completa da grandeza de Mardoqueu, com que o rei o exaltou, porventura não estão eles escritos no livro dos anais dos reis da Média e da Pérsia?

3 Pois o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, porque procurava o bem-estar do seu povo, e falava pela paz de toda a sua nação.

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